Conteúdos
Globalização;
Situação dos negros no Brasil;
Desigualdade Social;
Fome no Mundo;
Objetivos
Conhecer a trajetória do geógrafo Milton Santos;
Refletir sobre as desigualdades sociais no Brasil e no mundo globalizado;
Refletir sobre outras possibilidades de globalização;
Leitura Crítica da Mídia;
Conhecer a produção de documentários no Brasil;
1ª Etapa: Introdução e Exibição do Filme
Uma boa experiência, antes da exibição, seria mostrar uma foto de Milton Santos aos alunos, sem nenhuma informação e perguntar qual imaginam ser a profissão que acham que esta pessoa ocupou. Talvez algum aluno ou aluna saiba quem foi Milton Santos, porém, são poucas as pessoas no Brasil que sabem que este intelectual baiano, negro, publicou 41 livros, lecionou em 18 universidades do mundo todo, recebeu 20 títulos Doutor Honoris Causa e recebeu, em 1994, o prêmio Vautrin Lud, considerado o Nobel na área da Geografia. Por que é tão incomum um negro brasileiro cumpra essa trajetória no Brasil?
O filme tem 54 minutos de duração e o ideal é que seja exibido de uma única vez.
Outros negros que tornaram célebres no Brasil quase sempre são esportistas ou artistas.
E mulheres negras, então? Mais difícil ainda conhecermos mulheres negras célebres ou premiadas (não que não existam, mas pouco sabemos sobre isso). Poucas pessoas sabem que a compositora e pianista Chiquinha Gonzaga era afrodescendente ou conhecem a história de Carolina Maria de Jesus.
Pode-se deixar a pergunta no ar, pedindo que os alunos pensem sobre isso e discutam, após assistirem ao filme.
2ª Etapa: Debate
Logo nos primeiros 6 minutos do filme, o entrevistador já vai tocar no ponto, perguntando: “é difícil ser negro e intelectual?” É interessante poder retomar esse momento do filme e perguntar aos alunos o que eles concluíram sobre essa pergunta depois de terem visto o filme. Provavelmente, o debate será inflamado, tocando em muitos pontos como o racismo, a escravidão, a consciência negra hoje, o politicamente correto, os movimentos sociais afirmativos, até a política de quotas raciais. Para evitar polarização, é muito importante garantir a palavra a todos que queiram falar. Se for o caso, mais de uma aula pode ser usada (se for um projeto interdisciplinar, isso fica mais fácil). O (s) professor (es) devem se preparar com antecedência para o debate.
Uma forma de “fechar” as questões abertas é perguntar que relação eles veem entre as posições políticas de Milton Santos, seu ponto de vista a partir dos países pobres, e o fato dele ser negro.
3ª Etapa: Seminários em grupo com os temas do documentário: Ciências Humanas
O (a) professor (a) pode dividir a classe em grupos, de forma que vários conceitos tratados no filme sejam aprofundados e depois apresentados em vários seminários, seguidos de debates. Sugestão de alguns temas:
• Cidadania: Segundo Milton Santos (29 minutos), no Brasil nunca houve cidadãos. Como o espaço das cidades organiza
• Perspectiva Econômica: “o homem deixou de ser o centro do mundo, hoje o centro do mundo é o dinheiro em estado puro” (29 min 30 seg); Alunos podem observar telejornais ou jornais impressos e identificarem a ênfase que se dá às análises econômicas, inclusive, limitando as decisões políticas à situação do mercado. A posição humanista de Milton Santos propõe que as análises e buscas de soluções tenham como prioridade a civilização e não o dinheiro;
• Mídia: as informações chegam à grande parte da população por meio da imprensa manejada por pequenos grupos. Com a globalização e o barateamento das tecnologias, muitas pessoas, inclusive que vivem nas periferias, podem produzir vídeos sobre a sua realidade. Milton Santos aponta que, pela primeira vez na história da humanidade, a técnica pode estar na mão das forças políticas que vêm de baixo (30 minutos);
• Expressões artísticas da periferia: o rap, os saraus, a poesia e a literatura produzidas hoje nas periferias, as produções audiovisuais periféricas;
• Consumismo: quem incentiva o consumismo? Por que somos “impelidos” a consumir aquilo que não é essencial? O que é, de fato essencial? Como esse consumismo contribui para a desigualdade social?
• Ética: nos 39 minutos do filme, Milton Santos fala sobre a diferença da formulação do conceito de ética, de acordo com cada classe social; os direitos não são os mesmos, portanto, a ética também não; Como trazer essa discussão para a questão da delinquência juvenil, a proposta de redução da maioridade penal e outras temáticas que acirram a exclusão social?
• Globalização: de que forma Milton santos desmistifica a ideia de globalização como um fenômeno que democratiza as oportunidades? O que se entende por globaritarismo?
4ª Etapa: Geografia e História: o espaço urbano e globalização
Como se deu a organização do espaço na sua cidade? Como é a história de ocupação do seu bairro? Quais são as diferenças de serviços e oportunidades em cada bairro? Milton Santos, como geógrafo, aponta que a organização do espaço coloca em evidência a constituição e as diferenças de classes sociais. Valeria propor aqui uma comparação dos índices das áreas mais ricas e mais pobres da cidade.
A desigualdade que se encontra entre bairros também está presente entre países. Apesar de todos estarem conectados, a possibilidade dos cidadãos é muito diversa. Milton Santos defende outra uma outra globalização. , afinal, a internet não está ao alcance de grande parte da população mundial, assim como as passagens de avião. Ainda assim, Milton Santos vê positivamente uma reorganização desse espaço, com o uso da técnica pelas populações de classes populares e marginalizadas.
5ª Etapa: Arte: produção de documentários
O (a) professor (a) de arte, integrado a outras disciplinas, pode organizar entre os alunos a produção de documentários que expressem o seu ponto de vista, sobre problemas vivenciados no seu bairro, entrevistando moradores, lideranças, pessoas de diversas idades, de forma a produzir outro olhar sobre um problema, sem os estereótipos apresentados na grande mídia.
Materiais Relacionados
• O documentarista Sílvio Tendler fez uma longa entrevista com o geógrafo brasileiro Milton Santos, poucos meses antes do seu falecimento, em 2001. A entrevista foi divulgada, especialmente para professores, com o título Milton Santos, Pensador do Brasil (2001), tem 95 minutos e pode ser vista no link
• O material da entrevista foi editado por Sílvio Tendler, que incluiu imagens, reportagens, outras entrevistas e debates, gerando dois documentários, mais dinâmicos e interessantes, sobretudo para os estudantes. São eles:
1.
Milton Santos – Por Uma Outra Globalização, foco deste Plano de Aula, está disponível em DVD ou no
link.
2. Encontro com Milton Santos ou O mundo global visto do lado de cá, um longa metragem, de 2006, discute suas ideias sobre a globalização.
• O livro
Por uma outra Globalização – do pensamento único à consciência universal, de Milton Santos, pode ser acessado integralmente na internet, em formato PDF, a partir do seguinte
link.
Ficha Técnica: Milton Santos – Por uma outra globalização
Sinopse: O documentário mostra a trajetória de Milton Santos, nascido em Brotas de Macaúbas, na Bahia, em 03/05/1926. Embora
tenha se interessado pela Geografia desde cedo, estudou primeiramente Direto, em Salvador, tornando-se logo depois professor de Geografia e jornalista. Chefiando a redação do jornal A Tarde, de Salvador/BA, foi cobrir, em 1960, a viagem a Cuba, do então presidente eleito Jânio Quadros. Voltou com o cargo de subchefe do gabinete civil. Perseguido pelo golpe de 1964, Milton Santos exilou-se na França, onde atuou como professor por 7 anos. O documentário ilustra as ideias de Santos, sua inquietação pela redefinição filosófica do conceito de espaço nos estudos geográficos e sua crítica esperançosa ao atual processo de globalização.
Diretor e Roteirista: Sílvio Tendler Produção e Assistência de direção: André Alvarenga e Miguel Lindenberg Edição: Júlia Martins Criação e Ilustrações de animações: Hélio Jesuíno Animação: João Sanchez e Julieta Roitman Trilha Sonora: Bnegão País/ano de produção: Brasil/2004 Tempo de duração: 54 minutos Produtora responsável: Caliban Produções Cinematográficas
Arquivos anexados
- Encontro com Milton Santos: por uma outra globalização
