Conteúdos

Cinema e juventude

Objetivos

Conhecer parte da história do cinema, especificamente a Nouvelle Vague e a linguagem cinematográfica;
Refletir sobre as punições, condenações e leis que defendem os adolescentes no Brasil; Conhecer o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente);
Oportunidade de discussão sobre propostas de redução da maioridade penal;

Links para os conteúdos sugeridos neste plano estão disponíveis na aba Saiba Mais.

1ª Etapa: Introdução
Não deixe de ler o Material de Apoio e as sugestões de links antes de trabalhar o filme com seus alunos.
É muito importante que o filme seja apresentado com uma boa introdução sobre o movimento Nouvelle Vague. O professor deve se preparar para falar do contexto da França do pós-guerra e do que significou a estética da Nouvelle Vague na história do cinema, enfatizando que foi uma expressão dos jovens da época, que usaram a câmera como expressão e contestação. Caso o professor veja como pertinente, o curta metragem Uma História D’água pode ser exibido na aula introdutória (link indicado acima), como demonstração da estética da Nouvelle Vague, em apenas 11 minutos.

2ª Etapa: Exibição do filme
O filme Os Incompreendidos tem quase 100 minutos e não convém que seja exibido em fragmentos. Para isso, é importante que se use uma aula “dobrada” ou que se faça acordo com outros professores. A exibição em semana cultural ou sessão de cineclube também é bem indicada.

3ª Etapa: Debate
O final em aberto costuma causar reações adversas. Caso não seja possível que o debate ocorra em seguida da exibição, é importante que se reserve ao menos uns 10 minutos em seguida à exibição para que o professor possa sentir essa reação dos alunos, no momento final. É provável que muitos alunos fiquem bravos, uma vez que estão acostumados com finais fechados. Provavelmente algum aluno argumentará que o final em aberto é proposital para que cada um crie o seu final. Caso nenhum aluno fale sobre isso, o professor deve fazê-lo.

Caso o debate ocorra em outra aula, é conveniente a re-exibição de alguma (s) cena (s) mais marcante (s), por exemplo, o momento em que Antoine é preso e chora (único momento do filme em que ele aparece chorando). Outra cena significativa é o depoimento à psicóloga.

É interessante que a primeira atividade relacionada ao filme seja sobre as emoções despertadas pela obra. Provavelmente, virão à tona reações calcadas em experiências pessoais dos alunos ou de seus pais. Muitos sentimentos e experiências vividas pelo personagem são ainda atuais. A atualidade – ou não – da condição social da juventude renderá muitas reflexões e debates.

Um dos cenários principais do filme é a escola francesa, bastante autoritária, em 1959. O professor deve estar preparado, pois é possível que muitas críticas sobre a nossa escola contemporânea sejam feitas a partir do filme.
A marginalização da juventude é uma das questões fortes do filme, sendo que ele nos conduz para sentirmos, “na pele” de Antoine, a rejeição de sua mãe e dos seus professores. Ainda assim, o filme não é maniqueísta, isto é, a mãe e o padrasto não são apresentados como vilões. O debate pode ser orientado para uma comparação com a juventude marginalizada hoje e a cooptação dos jovens para roubos e tráfico de jovens.

4ª Etapa: Interpretação
Proponha que os alunos respondam em pares a atividade 2 sobre a letra da música. Faça a correção coletiva. Se preferir, faça as perguntas de interpretação em português.

5ª Etapa: Atividades
Linguagens e Códigos – Arte.

O filme oferece uma ótima oportunidade para se inserir a História do Cinema no currículo. Pode-se fazer um paralelo com as produções audiovisuais atuais, muitas delas até feitas com telefones celulares, mas que vêm expressando de forma intensa a cultura jovem.  A cenografia, os temas, os atores e suas improvisações, tudo era despojado nesse movimento. O professor de Arte pode propor comparações entre trechos de filmes da nouvelle vague com outros movimentos cinematográficos (western e musicais de Hollywood, filmes contemporâneos apoiados no melodrama e no exagero da montagem). Por exemplo, a cena final de Antoine correndo na praia é bastante longa, no entanto, ela nos faz pensar e nos deixa intrigados com o que vai acontecer. O espectador vai construindo o seu final. Isso é muito diferente dos filmes com edição muito rápida que não permitem muita reflexão.

Pode-se propor aos estudantes a produção de pequenos filmes mostrando adolescentes e seu relacionamento com a cidade (tão positivo no caso do filme de Truffaut). Essa atividade pode ser realizada em conjunto com o professor de Geografia e/ou Sociologia;

Linguagens e Códigos – Língua Portuguesa.

O filme Os Incompreendidos termina “sem final”, isto é, a cena de Antoine olhando para a câmera é como se ele perguntasse ao espectador o que ele acha que vai acontecer. Seria interessante que, em Língua Portuguesa, cada aluno tivesse a oportunidade de criar a sua proposta de final para Antoine Doinel. Depois, cada um compartilharia seu texto e suas ideias com a classe.
Ciências Humanas – História/Sociologia/Filosofia/Geografia.

Discutir a condição social da juventude. Algumas perguntas que poderiam ser debatidas pelos estudantes:

• Como as instituições tratam o adolescente no filme?
• Você reparou como a cidade é mostrada de forma positiva? Podemos dizer que a rua representa a liberdade, o desafio, a criatividade, em contraposição à família e à escola?
• Que preconceitos estão incrustrados na sociedade que determinam, por antecipação, o futuro de um adolescente abandonado?
• Até hoje há famílias que abandonam seus filhos. De que forma isso se dá? Quais seriam os motivos?
• Como a nossa sociedade trata um adolescente que comete furto ou outra infração?
• Um grande avanço na proteção às crianças e aos adolescentes no mundo todo foi a instauração, no Brasil, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que completará 22 anos. O que os alunos conhecem desse estatuto? O que ele representa social e historicamente?

O ideal seria que as disciplinas de Ciências Humanas se integrassem, pois o tema é importante para todas. Caso não seja possível, pelo menos um dos professores poderia dividir a classe em grupos para que eles pesquisassem, em casa, sobre o ECA e sobre a condição social da juventude no Brasil. O professor, se desejar, pode dividir os grupos por temas: redução da maioridade penal, gravidez precoce, desemprego na juventude, educação pública e perspectivas de profissionalização, meninos de rua, a arte para os jovens, etc;

Algum grupo pode pesquisar também a vida de François Truffaut e traçar um paralelo com a de Antoine Doinel.
Em classe, o(s) professor(es) pode(m) dividir a classe em dois grupos e cada um vai elaborar uma defesa e uma acusação para Antoine Doinel. Os argumentos devem ser elaborados por cada metade da classe e se faz uma sessão de “julgamento” do personagem.

 

Materiais Relacionados

1. Um interessante artigo escrito por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) faz uma análise comparativa entre o filme Os Incompreendidos, de François Trufffaut (França, 1959) e o filme nacional O Contador de Histórias, de Luiz Villaça (Brasil, 2009), sobre a representação de adolescentes delinquentes. Tal artigo e encontrado no link: http://pt.scribd.com/doc/91648881/PAPER-O-signo-do-deliquente-e-a-representacao-cinematografica

2. Para saber mais sobre o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, o professor pode consultar o link: http://www.infoescola.com/direito/estatuto-da-crianca-e-do-adolescente/

3. Para saber mais sobre a Nouvelle Vague e o contexto cultural em que o movimento surgiu, uma das possibilidades é acessar o link: http://www.pco.org.br/conoticias/ler_materia.php?mat=12124

4. Para saber mais sobre a trajetória de François Truffaut, muito parecida (na adolescência) com a do personagem Antoine Doinel, uma opção é o link: http://www.sul21.com.br/blogs/miltonribeiro/tag/antoine-doinel/

5. Em 1958, dois dos principais diretores da nouvelle vague – François Truffaut e Jean-Luc Godard realizaram juntos, um curta-metragem. Fruto de um acaso – Paris amanheceu inundada com as chuvas – Truffaut resolveu filmar a cidade e as desventuras de uma jovem diante daquele acontecimento. Meses depois, Godard escreveu o texto para aquelas imagens e co-dirigiu o filme com seu amigo Truffaut. Só no ano seguinte, 1959, os dois cineastas estreariam seus primeiros longas metragens. Esse pequeno filme denominado Uma História D’água, com 11 minutos, revela bem o estilo do movimento cinematográfico: tema da juventude, aproveitamento do acaso, a cidade como cenário principal, irreverência nos diálogos. O filme pode ser visto no seguinte link: http://www.youtube.com/watch?v=3q0LT1PssIk
 

Arquivos anexados

  1. Educação e Cinema: Os Incompreendidos

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