Conteúdos

Dorina Nowill
Inclusão de cegos e pessoas com deficiência visual
Reflexão filosófica e linguagem 

 

Objetivos

Conhecer a vida de  Dorina Nowill.

Conhecer o vídeo Dorina – Olhar para o mundo.
Discutir o gênero documentário
Discutir o gênero biografia
Compreender a intencionalidade do vídeo.
Reconhecer as temáticas de que se ocupa o vídeo.
Ampliar a reflexão sobre a temática central desenvolvida pelo vídeo.
 

1ª Etapa: Documentário e Arte

Consulte os links da aba Para Organizar o seu Trabalho e Saber Mais antes de iniciar as atividades que propomos

 

A atividade pode começar com a análise do cartaz de divulgação do filme Dorina – Olhar para o mundo, se possível com o professor de Arte. Ele  traz elementos que permitem antecipar dados do filme: 

 

Imagens:

 

– a imagem de uma mulher no centro supor de que se trata da personagem central do documentário. 

 

– as cores branco e sépia, aliadas ao leve esfumaçamento da imagem e os signos braile seguidos pela mão de alguém sobre outra mão. 

 

Todos esses elementos sugerem que se trata da história de alguém relacionada à cegueira. 

 

Elementos verbais:  

 

– “Uma mulher que deixou de enxergar mas nunca perdeu a visão” 

 

– “Olhar para o mundo” 

 

As frases confirmam o que as imagens sugerem. 

 

Esta leitura inicial pode ser o início da discussão para levantamento, pelos alunos, de hipóteses sobre quem teria sido essa mulher e por que teriam feito um filme sobre ela. 

 

2ª Etapa: Exibição e discussão

Organize a exibição na escola ou sugira que vejam em casa (é preciso ter assinatura deste canal). O filme tem 1h34 minutos o que demandará o tempo de duas aulas. Se possível, não divida a exibição. 

 

Após a exibição, convide os alunos a partilhar as suas percepções sobre a obra. A participação dos professores de Arte, Português e Literatura será muito enriquecedora. 

 

Pode-se abordar com os alunos os elementos que compõem a linguagem do documentário:

 

– a obra é conduzida por Marta Nowill, neta de Dorina. É ela quem entrevista personagens que conviveram com sua avó. Estão presentes os filhos de Dorina, os parceiros do instituto que ela criou, entre outros. Há também vídeos históricos com entrevistas e depoimentos da própria Dorina, vídeos que retratam outra época, principalmente na cidade de São Paulo, onde nasceu e realizou suas obras mais importantes. É a fala de Marta que conduz e amarra estas sequências do documentário, articulando diferentes gêneros.  

 

– A cena do filme Broadway melody, colocada no início e no final do documentário, pontua um limite de visão: seria o último filme a que teria assistido se o pai tivesse permitido que fosse ao cinema com amigas. 

 

– As várias cenas que exaltam a vida de Dorina,  sugerindo uma compensação por aquilo que não pode ver, que se colocou num limite entre a possibilidade e a impossibilidade de ver. 

 

– As cenas em que se procura reproduzir a visão de cegos ou pessoas com deficiências visuais: imagens borradas, cenas totalmente escuras ou de uma única cor (vermelho, por exemplo, aludindo à cortina vermelha de sangue, imagem que integra a descrição, por Dorina, do acidente que lhe fez perder a visão).

 

Feita a discussão, sugira aos alunos que registrem por escrito as principais conclusões do grupo.

 

3ª Etapa: Produção de imagem

Realizadas as atividades de análise do cartaz, exibição e discussão, convide os alunos a produzir um novo cartaz de divulgação. Uma possibilidade será usar os mesmos elementos do cartaz original, colocando ênfase naquilo que para cada um pareceu mais marcante no filme. Podem, por exemplo, destacar mais o texto, ou colocar cor em algum elemento da imagem, crescer a letra em algum trecho do texto verbal, e eliminar a mão ou suavizar a cor com que aparece na imagem, mudar a disposição dos elementos. Convide-os a justificar oralmente suas opções.

 

Outra possibilidade é convidá-los a produzir um novo cartaz, com outros elementos e técnicas diversas das utilizadas no cartaz original. 

 

O conjunto dos cartazes poderá ser apresentado por meio de uma exposição 

 

4ª Etapa: Outras atividades em torno do filme

O filme pode ser o ponto de partida ou integrar uma série de atividades a serem desenvolvidas pelos alunos, orientados pelos professores de diversas áreas: 

 

O GÊNERO BIOGRAFIA 

 

Em Língua portuguesa, o professor pode trabalhar o gênero biografia: aquele que conta a vida de uma pessoa. Discuta com os alunos como uma mesma pessoa ou personalidade pode render mais de uma biografia, dependendo da intencionalidade de quem a constrói, ou seja, dos aspectos que se quer destacar do biografado. O filme sobre Dorina foi idealizado pela neta dela, Marta, o que dá ao texto uma abordagem afetiva. Assim, além das conquistas pela inclusão dos cegos e pessoas com deficiência visual – que não foram poucas, como nos conta o documentário – o filme constrói uma imagem de determinação, otimismo diante da vida. A imagem que sobressai da biografada é de alguém que crê na igualdade, na grandeza do ser humano, na possibilidade de enfrentamento das dificuldades físicas, institucionais, financeiras, etc. Trata-se de enaltecer uma luta movida por valores que tomam o humano como causa e consequência de todas as coisas.

 

Levante esses aspectos com os alunos em uma discussão oral. Ao final, peça que escrevam um texto curto sobre a importância de se sustentar esses valores no cotidiano e as eventuais dificuldades no cultivo deles. 

 

O TRABALHO COM VALORES  

 

O professor de Filosofia pode a discussão do ponto de vista filosófico a partir dos valores que o documentário quer afirmar. Os valores da fé e da esperança têm âncora religiosa ou espiritual – um aspecto da cultura que se tem mostrado presente nas mais diferentes culturas, em todos os tempos da história. Por que  seria tão importante para as pessoas? Que filósofos teriam tratado disso? 

 

Além disso, Dorina acreditou em possibilidades que poderiam parecer utópicas em determinado momento. Criar leis, publicações, o próprio instituto que hoje leva o seu nome exigiu um trabalho possível apenas porque ela acreditou assim. O professor de Filosofia poderia discutir com os alunos: qual a importância das utopias? Qual a diferença entre utopia e sonho?

O trabalho de Dorina teve consequências nas políticas de inclusão que passaram a fazer parte da agenda de diferentes governos. Seria interessante que os alunos pesquisassem dados sobre o  número de cegos no Brasil e as leis que regem a inclusão das pessoas com deficiência visual na escola. Uma fonte de informações sobre o tema está no link 6, da aba Para Organizar seu trabalho e saber mais. 

 

Os alunos devem ter por escrito o registro desses dados e, em classe, confrontá-los com os dos colegas. A partir disso, retome as discussões sobre sonho e utopia e sobre a possibilidade de realiza-los.

 

O GÊNERO DOCUMENTÁRIO

 

O gênero documentário rendeu excelentes frutos na cinematografia mundial. Sugere-se perguntar aos alunos se já assistiram a outros documentários e incentivá-los a assistir alguns desta lista:

 

– Lixo extraordinário, trabalho do artista plástico Vik Muniz com catadores de material reciclável no aterro do Jardim Gramacho, bairro periférico de Duque de Caxias, do Rio de Janeiro

 

– Edifício Master, documentário do documentarista Eduardo Coutinho, faz um retrato comovente de moradores desse edifício do bairro de Copacabana, na cidade do Rio de Janeiro

 

– E-Team mostra o cotidiano de uma das mais importantes divisões da ONG Human Right Watch. Assim que uma denúncia de violação de direitos humanos aparece em algum lugar do planeta, a equipe voa imediatamente ao local e inicia a sua investigação. 

 

Após a exibição, o professor de Língua Portuguesa poderá discutir algumas características do gênero: o que pode mover a escolha do tema de um documentário, qual a intencionalidade do gênero, como o roteiro e a edição podem moldar efeitos, ideias, sentimentos que se pretende despertar no espectador, entre outras. Pode-se discutir, ainda, se o gênero mostra a realidade, a verdade, se é ou não um retrato fiel. 

 

A DEFICIÊNCIA VISUAL NO CINEMA: DOCUMENTÁRIO E FICÇÃO

 

A exibição do documentário Dorina poderá ser articulada à exibição do filme Hoje eu quero voltar sozinho. Dirigido por Daniel Ribeiro, o filme conta a história de Leonardo, um adolescente cego que tenta lidar com a mãe superprotetora ao mesmo tempo em que busca sua independência. O filme retrata a vida escolar e a relação do protagonista com sua melhor amiga, Giovana. O cotidiano e as relações de Leonardo, assim como sua forma de ver o mundo ganham novos contornos com a chegada de Gabriel um menino que vai fazê-lo repensar sua vida afetiva e sua sexualidade.  O protagonista Leo é um adolescente que vive, além das restrições próprias de sua condição de cego, os problemas comuns a boa parte dos adolescentes: suas dúvidas e descobertas afetivas e sexuais, as questões de relacionamento, o enfrentamento da família, entre outros. Com isso o filme permite uma boa abordagem do preconceito com relação aos cegos. 

 

O filme sustenta um diálogo com o documentário sobre Dorina na afirmação da possibilidade de uma vida normal que o preconceito e a exclusão, muitas vezes, negam a pessoa com deficiência visual.  Não à toa, Dorina fazia questão de ter uma vida social ativa, manter viva sua vaidade, nunca se colocar no papel de vítima. Ilustrativo dessa postura é mostrado no trecho em que conta sobre o modo como era tratada pelas comissárias de bordo quando em viagem de avião; diz que em geral se dirigiam a ela em tom tão ostensivamente delicado que soava infantil e lhe ofereciam suquinho, aguinha, etc. Ela pedia uísque on the rocks, algo surpreendente para quem espera pedidos mais “recatados”.

 

A discussão poderá propor a comparação entre o documentário e a ficção, o que há de comum e de diverso nas narrativas, na construção dos filmes, e também como o tempo em que cada um dos protagonistas vive traz mudanças na abordagem da deficiência. 

 

Materiais Relacionados

1. Trailer do filme Hoje eu quero voltar sozinho.  Assistir a esse trailer pode disparar algumas discussões iniciais sobre inclusão, sobre adolescentes e sobre possíveis conflitos próprios dessa faixa etária vividos por um menino cego.

 
Disponível no link
 
2. Vídeo explica o que é o braile, as máquinas usadas para escrever em braile.
   
Disponível no link
 
3. Experiência de alfabetização em braile que alia conhecimento do código e brincadeiras.  Interessante discutir como esse encaminhamento do trabalho permite maior integração das crianças cegas. 
 
Disponível no link Acesso em set/ 2016. 
 
4. Reportagem sobre futebol para cegos. A partir dela é possível discutir atividades esportivas possíveis de serem praticadas por pessoas com deficiência visual.  
 
Disponível em No link  
 
5 – Trailer do vídeo E-Team 
 
Disponível no link Acesso set/2016
 
6 Link com dados sobre as pessoas com deficiência visual no Brasil  
 
Disponível no link  Acesso set/2016
 
7. Leia uma critica sobre filme no link Acesso set/2016
 

Arquivos anexados

  1. Dorina – Olhar para o mundo – Documentário em vídeo

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