Conteúdos
• Sequência argumentativa;
• texto de opinião: características;
Objetivos
• Identificar a sequência argumentativa;
• Conhecer as características do gênero dissertação;
• Criar estratégias de leitura e de identificação dos argumentos do autor;
• Posicionar-se frente a um tema apresentado;
• Produzir uma dissertação.
1ª Etapa: Conhecer o tema
Inicie a aula devolvendo as paráfrases corrigidas, peça que leiam os comentários. Em seguida, faça uma rodada de perguntas sobre o tema Bullying, qual é a definição? Por que alguns veem o bullying como uma brincadeira?
Divida os alunos em grupos de cinco alunos e indique as referências sugeridas no item 5 do “Para organizar seu trabalho e saber mais” para que façam uma pesquisa e apresentem na aula. Lembre os alunos que eles farão a exposição dos dados e das informações que encontrarem. Neste momento eles ainda não opinarão sobre as informações coletadas.
Enquanto os alunos leem as reportagens e as notícias, circule entre os grupos para ouvir o que os alunos pensam sobre o tema. Observe se há algum relato de bullying na sala de aula.
Ao terminarem as pesquisas, eles devem montar uma apresentação para a sala, trazendo as informações e os dados encontrados.
Oriente que todos devem fazer anotações durante as exposições, pois estas são repertório para a produção de argumentos sobre este tema. Mostre para os alunos que o exercício que eles estão fazendo é a organização de argumentos pragmáticos ou de exemplos, elementos fundamentais para a produção de bom texto.
2ª Etapa: Posicionando-se sobre o tema
Inicie a aula pedindo para alguns alunos lerem as anotações da etapa anterior. Em seguida, entregue o editorial do jornal Gazeta do Povo para que os alunos leiam individualmente:
O bullying sempre passa de ano, texto publicado na edição impressa de 20 de outubro de 2014
Conhecimento sobre violência escolar melhorou, mas tendência a naturalizá-la continua lançando crianças e adolescentes na dor e no fracasso
“Como é que se diz hoje em dia? Bullying…” A violência escolar – não necessariamente à base de chutes e pontapés – é velha conhecida, ainda que pareça recém-batizada.
Levantadas as estatísticas várias, pelo menos 40% de quem passou pelo ambiente educacional ou praticou ou sofreu maus-tratos no colégio, quando não os dois, num combo de altíssima voltagem emocional e prejuízo social.
A alta incidência do bullying nos históricos, é curioso, gera um fenômeno difícil de lidar. Deu-se um nome à violência escolar, fala-se dela, sabe-se como funciona, mas ao mesmo tempo a prática tende a ser naturalizada, não sem certo desdém. Há quem a defenda como um ritual de passagem tão inevitável quanto a adolescência; outros alardeiam, sem dó, que todos sobrevivem às agressões em série; há quem diga ser uma preocupação excessiva, própria de uma época com baixa tolerância à frustração. Impossível sustentar esse ponto de vista – o bullying causa danos psicológicos e comprovadamente leva ao que se convencionou chamar de “fracasso escolar”, o pior dos mundos. Retenção, evasão e abandono do espaço de ensino. A fuga custa caro. Sabemos o que acontece com quem se perde da lista de chamada.
Não se trata de uma mera encrenca tola entre alunos, mas de um assunto de alta envergadura. Temos de encará-lo. Mas a naturalização, os prejuízos pessoais, a alta incidência, o conhecimento adquirido sobre o assunto, nada tem sido o bastante para fazer do combate ao bullying uma prática escolar prioritária. E essa é a questão. As instituições de ensino encontram dificuldades em identificar a agressão, qualificá-la, combatê-la. Não lhes falta capacidade, sobra-lhes inibição em enfrentar uma realidade que se apresenta sob disfarces e – considere-se – revela-se de forma mais contundente fora dos muros da escola, longe dos olhos.
O caráter pouco palpável do bullying despista, inclusive, as próprias estatísticas. Tanto quanto os educadores, os números teimam em não registrar a violência escolar que se dá no plano do apelido ofensivo, do rótulo, das pequenas perseguições, dos abusos repetidos, do linchamento virtual. A tese de doutorado Compreensão da violência escolar no âmbito da Polícia Militar do Paraná, do pesquisador Luciano Blasius, capitão da PM, defendida este ano no setor de Educação da UFPR, recorreu aos dados da Patrulha Escolar, de 2012 e 2013. Os levantamentos da PM em escolas de Curitiba e região identificam violências como a “agressão entre alunos” (734 registros em 2013) e “ameaça” (317 registros na mesma região e período). O bullying conta com míseras 17 ocorrências em 2012 e 12 em 2013. Mas basta tomar ônibus com guris e gurias saídos da escola para se deparar com esse tipo de agressão em seus infinitos tentáculos.
Pode-se argumentar que o que os pesquisadores entendem por bullying está diluído nas outras formas de agressão, como a ameaça, por exemplo. Mas também se pode entender que é um crime que não ousa dizer seu nome. Ele não é batizado porque – talvez num mecanismo inconsciente – teime-se em admiti-lo como real, por considerá-lo, inclusive, uma prática que “faz parte”.
A pesquisa de Blasius poderia pautar o planejamento escolar em instituições dos últimos anos do fundamental e ensino médio. Já são horas de aprender a ver como se manifesta essa modalidade de agressão. Não é molecagem. Não é folguedo. É violência. Os observadores atestam e comprovam que, de uma maldade da infância, comum em todos os tempos, avançou-se para uma pandemia. Os motivos para tamanha sofisticação exigem investigação.
Têm a ver com a falência das relações de vizinhança – as mediações entre filhos agressores e agredidos se dava de forma mais instantânea –, com as máscaras virtuais, com o individualismo crescente, com o consumismo, com a crise de valores. Com a própria escola.
Ao se tornar menos disciplinadora, a educação tirou das amarras comportamentos que estavam lá, disfarçados, mas pulsando. Não nos iludamos.
Para quem duvida, experimente pedir um relato de bullying para quem passou da fase escolar faz umas tantas primaveras. Não vai ser preciso garimpar muito. Nem recorrer mais à desculpa de que é assunto sem importância. Não tem a menor graça. Nunca teve.
Finalizada a leitura, pergunte aos alunos qual é a tese do texto? Verifique se todos reconhecem que o editorial afirma que bullying é tratado como algo menor nas escolas, por isso não consegue ser evitado, nem levado a sério.
Divida os alunos em grupo (o mesmo da etapa anterior) e peça para que apontem quais são as divergências e as convergências com as reportagens e as notícias lidas na etapa anterior. Em seguida, o grupo deve destacar, no editorial, quais são as palavras e as expressões indicadoras do posicionamento do jornal, apresentam-se alguns exemplos marcados no texto acima, apresente alguns para eles.
Ao final, leia o texto com a classe e peça para os grupos apontarem as semelhanças com as reportagens lidas. Observe se reconheceram os trechos de opinião e a seleção lexical (escolha de palavras) do autor para reafirmar o posicionamento defendido.
Apresente aos grupos o tema: “Bullying: um problema que atinge todas as escolas e precisa uma política pública de combate” e peça para que façam uma pequena discussão. Em seguida, individualmente, os alunos devem escrever a tese deles sobre o tema e apontar os argumentos que a defendem e entregarem.
Faça a leitura das produções e corrija-as apontando a coerência da tese e dos argumentos selecionados.
3ª Etapa: Fechamento
Inicie a aula entregando as produções corrigidas. Converse com os alunos sobre a necessidade da coerência entre os argumentos e a tese. Peça para que redijam a dissertação sobre o tema, indicado que eles precisam acrescentar as palavras e/ou as expressões que indiquem o posicionamento deles sobre o tema.
Selecione a partir dos textos produzidos bons exemplos de introdução e de tese para fazerem a leitura e análise coletiva.
4ª Etapa: Identificar o tema
Inicie a aula, como os alunos em círculo, conversando com eles sobre um dos temas desta sequência: a Lei Antibullying, sancionada em 09 de novembro de 2015. Converse com eles e verifique o que sabem sobre o assunto. Faça o registro do que forem falando sobre o tema, em seguida, apresente o vídeo produzido pelo canal Nickelodeon, sugerido no link 4
Após a apresentação do vídeo, pergunte aos alunos qual é a tese desse vídeo institucional, retome com eles o conceito de tese (ideia ou opinião a ser defendida em um texto) e verifique se todos reconhecem que a tese é “os sinais do bullying nem sempre são reconhecidos”. Converse com os alunos sobre por que os produtores do vídeo escolheram a situação de uma família numa brincadeira de mímica e adivinhação para tratar do bullying? Observe as repostas dos alunos e verifique se eles conseguem reconhecer a analogia entre a brincadeira e o bullying, já que muitos consideram o bullying apenas uma brincadeira.
Em seguida, entregue aos alunos os objetivos da Lei 13.185, conhecida como Lei Antibullying, faça a leitura compartilhada:
A Lei: Institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying) em todo o território nacional. O Programa poderá fundamentar as ações do Ministério da Educação e das Secretarias Estaduais e Municipais de Educação, bem como de outros órgãos, aos quais a matéria diz respeito. Dispõe que constituem objetivos do Programa referido no caput do art. 1º:
I – prevenir e combater a prática da intimidação sistemática (bullying) em toda a sociedade;
II – capacitar docentes e equipes pedagógicas para a implementação das ações de discussão, prevenção, orientação e solução do problema;
III – implementar e disseminar campanhas de educação, conscientização e informação;
IV – instituir práticas de conduta e orientação de pais, familiares e responsáveis diante da identificação de vítimas e agressores;
V – dar assistência psicológica, social e jurídica às vítimas e aos agressores;
VI – integrar os meios de comunicação de massa com as escolas e a sociedade, como forma de identificação e conscientização do problema e forma de preveni-lo e combatê-lo;
VII – promover a cidadania, a capacidade empática e o respeito a terceiros, nos marcos de uma cultura de paz e tolerância mútua;
VIII – evitar, tanto quanto possível, a punição dos agressores, privilegiando mecanismos e instrumentos alternativos que promovam a efetiva responsabilização e a mudança de comportamento hostil;
IX – promover medidas de conscientização, prevenção e combate a todos os tipos de violência, com ênfase nas práticas recorrentes de intimidação sistemática (bullying), ou constrangimento físico e psicológico, cometidas por alunos, professores e outros profissionais integrantes de escola e de comunidade escolar.
Estabelece que é dever do estabelecimento de ensino, dos clubes e das agremiações recreativas assegurar medidas de conscientização, prevenção, diagnose e combate à violência e à intimidação sistemática (bullying). Dispõe que serão produzidos e publicados relatórios bimestrais das ocorrências de intimidação sistemática (bullying) nos Estados e Municípios para planejamento das ações. Dispõe que os entes federados poderão firmar convênios e estabelecer parcerias para a implementação e a correta execução dos objetivos e diretrizes do Programa instituído por esta Lei. Estabelece que esta Lei entra em vigor após decorridos 90 (noventa) dias da data de sua publicação oficial.
Peça para que os alunos produzam uma paráfrase dos objetivos apresentados a partir do seguinte exemplo:
V – dar assistência psicológica, social e jurídica às vítimas e aos agressores;
(Exemplo de Paráfrase: tanto as vítimas quanto os agressores devem receber auxílio psicológico, social e jurídico.)
Finalizada a produção das paráfrases peça para que alguns alunos leiam o que produziram, cada dois alunos leem a paráfrase do mesmo objetivo e os demais devem comentar se ambas produções estão adequadas e atingem o objetivo proposto. Reforce a ideia de que é preciso conhecer a lei para que não haja “achismos” em uma dissertação no vestibular. Além disso, mostre que utilizar a paráfrase é um recurso bastante eficiente para se evitar a cópia de partes do texto.
Recolha as paráfrases e corrija-as verificando se os alunos conseguiram usar bons sinônimos ou se utilizaram (como no exemplo) a inversão das informações ou mesmo uma nova estrutura sintática.
Materiais Relacionados
1.
DELL’ISOLA, Regina Lúcia Peret (Org.). Nos domínios dos gêneros textuais. FALE ? UFMG: Belo Horizonte, vol. 2, 2009. Disponível no
link.
2.
DELL’ISOLA, Regina Lúcia Peret (Org.). Nos domínios dos gêneros textuais. FALE ? UFMG: Belo Horizonte, vol. 1, 2009. Disponível no
link.
3. LEAL, Telma Ferraz; BRANDÃO, Ana Carolina Perrusi. Produção de textos na escola: reflexões e práticas no Ensino Fundamental. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
4.Vídeo sobre bullying, disponível no canal
Nickelodeon
5. Referências para a 2ª Etapa da atividade da Proposta de trabalho: eles ainda não apresentarão uma opinião sobre o assunto.
6. Texto jornalístico sobre bullying, publicado na Gazeta do Povo. Disponível no
link.
Arquivos anexados
- Dissertação um estudo sobre o gênero