Conteúdos
Literatura
Objetivos
• Conhecer as características do gênero narrativo crônica;
• Reconhecer a relação da crônica com a notícia;
• Produzir uma crônica.
1ª Etapa: Aproximação com o gênero
Inicie a aula conversando com os alunos sobre as características do gênero crônica, perguntando quem costuma ler esse gênero nos jornais. Leve um jornal para a sala de aula e mostre onde podem encontrar crônicas, comente que, geralmente, os cronistas possuem uma coluna semanal nos grandes jornais.
Levante com os alunos o motivo desse gênero ser publicado num veículo de comunicação diário, informe que o cronista (assim como o jornalista) tem como matéria os fatos e os acontecimentos do cotidiano, registrando as minúcias do dia a dia, com olhar algumas vezes poético, outras vezes analítico e ensaístico.
Segundo Freitas, “na crônica brasileira, pode-se cogitar que ocorre uma espécie de fusão de dois tipos de textos: o ensaio, do qual retoma um certo desprezo pelo rigor acadêmico, levando a um tratamento mais informal dos assuntos abordados, e o folhetim de onde absorve a dimensão ficcional dos eventos e temas descritos por esta forma literária. Essa mescla ratifica a identidade da crônica brasileira, como espaço heterogêneo”.
Vista como um gênero misto, aproxima-se do ensaio, do texto jornalístico com a diferença de ser pessoal e subjetiva, tratando com olhar apurado os temos cotidianos, segundo Carlos Drummond de Andrade,
“A crônica é fruto do jornal, onde aparece entre notícias efêmeras. Trata-se de um gênero literário que se caracteriza por estar perto do dia-a-dia, seja nos temas, ligados à vida cotidiana, seja na linguagem despojada e coloquial do jornalismo. Mais do que isso, surge inesperadamente como um instante de pausa para o leitor fatigado com a frieza da objetividade jornalística. De extensão limitada, essa pausa se caracteriza exatamente por ir contra as tendências fundamentais do meio em que aparece (…). Se a notícia deve ser sempre objetiva e impessoal, a crônica é subjetiva e pessoal. Se a linguagem jornalística deve ser precisa e enxuta, a crônica é impressionista e lírica. Se o jornalista deve ser metódico e claro, o cronista costuma escrever pelo método da conversa fiada, do assunto-puxa-assunto, estabelecendo uma atmosfera de intimidade com o leitor” (DRUMOND, 1999, p. 13).
Levante com os alunos o que eles pensam ser temas de crônicas, faça uma lista com eles, para que possam depois identificar esses temas nos textos.
2ª Etapa: Aproximando-se de Rubem Braga
Inicie a aula apresentando um de nossos grandes cronistas Rubem Braga, apresente um trecho programa Metrópolis em que se noticia o Centenário do escritor, comemorado em 09/01/2013 ( link 3 do Para organizar seu trabalho e saber mais).
Complete as informações apresentadas pelo vídeo com dados disponíveis no link 2, ou peça que consultem o sítio na internet, caso disponha de computadores acessíveis em sala.
3ª Etapa: Estudando o gênero
Apresente para os alunos a crônica “Terremoto”, escrita em Santiago do Chile, onde o escritor foi diretor do Escritório Comercial do Brasil, em 1955.
A íntegra do texto está no Material de Apoio, texto 1
Depois de fazer a leitura em voz alta com os alunos, volte ao texto e destaque com eles grifando os elementos que tratam de um acontecimento real (o terremoto, a destruição e a morte de uma pessoa) e peça para que identifiquem a parte analítica/ensaística a respeito do poder do terremoto sobre o homem.
Chame a atenção dos alunos para o uso da primeira pessoa do plural no segundo parágrafo, momento em que o autor se mostra envolvido com o ocorrido, indicando que esse fato atinge não só os chilenos, mas também os seres humanos. Mostre que esse acontecimento passa a ser o mote para uma análise sobre a condição humana e suas limitações.
Analise com os alunos o momento em que o autor volta-se para seu próprio país, o Brasil, e mais especificamente a cidade do Rio de Janeiro. Você pode apresentar notícias sobre todas enchentes que trouxerem tragédias nesse Estado e pouco se fez para que outras fossem evitadas, o que é justificado pelo cronista como a questão de vir do céu, o que parece não causar tanto pânico.
É importante frisar que a análise do cronista leva em conta tanto o que se noticia sobre os possíveis efeitos nas pessoas, como se fosse possível ter um aprendizado por meio do ocorrido.
4ª Etapa: Fechamento
Leia com os alunos o início da uma matéria sobre terremotos, publicada na revista Super Interessante:
“Você pensa que está pisando em terra firme? Provavelmente, nunca passou por um terremoto. É assustadora a sensação de que o chão onde seus pés se apóiam se voltou, de repente, contra você. Charles Darwin (1809-1882), o famoso biólogo inglês, foi pego por um tremor violentíssimo durante suas pesquisas no Chile, em 1835. “Um terremoto destrói, em apenas um segundo, a mais arraigada de nossas convicções, a de que caminhamos sobre terreno sólido”, comentou Darwin. “Isso gera um sentimento de insegurança que só pode ser entendido plenamente por quem passou por essa experiência”
Agora peça aos alunos apontem a relação existente entre o comentário de Darwim e o texto de Rubem Braga. Verifique se relacionam a questão do arraigamento do ser humano a suas convicções.
Materiais Relacionados
1. Para conhecer mais sobre o autor Rubem Braga, acesse o site http://almanaque.folha.uol.com.br/rubem_braga.htm
2. Para conhecer mais sobre os terremotos, leia http://super.abril.com.br/cotidiano/terremotos-hora-marcada-437350.shtml
OBRAS:
ANDRADE, Carlos Drumond de. “Uma prosa (inédita) com Carlos Drumnd de Andrade”. Caros Amigos. São Paulo. n. 29, p. 12-15, ago. 1999.
BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. 16.ed., Rio de Janeiro: Record, 1997.
CANDIDO, Antônio. Para gostar de ler. São Paulo: Ática 1982. Prefácio, p. 6.
Arquivos anexados
- Plano de aula Crônicas Terremoto – Rubem Braga