Conteúdos

– Criação do Estado de Israel

Objetivos

– Contextualizar a formação de Israel como um Estado
– Compreender os caminhos iniciais do conflito árabe-judeu, que persiste até hoje

1ª Etapa: Início de conversa

O objetivo deste plano de aula é abordar a fundação do Estado de Israel. Essa legitimação territorial, que ocorreu oficialmente em 14 de maio de 1948, sempre foi cercada de polêmicas, sendo muitas vezes entendida como a causa de variados conflitos ao longo do tempo. A seguir, apresentamos um resumo que pode ser utilizado pelo (a) professor (a) para relembrar o conteúdo e apresentar aos estudantes.

Geograficamente, Israel está localizado no Oriente Médio e faz fronteira com Líbano, Síria, Cisjordânia, Egito e Jordânia. Contudo, essa delimitação por si só já é controversa. Síria e a Palestina (ou Autoridade Nacional Palestina – parte da Cisjordânia e Faixa de Gaza), continuamente entram em choque com as forças israelenses.

Israel possui uma população que ultrapassa 8 milhões de pessoas (em dados de 2015). Sua cidade mais importante é Jerusalém, com mais de 500 mil habitantes, também considerada pelo governo como sua capital.

A região da Palestina foi conquistada pelo povo hebreu (os futuros judeus) em 1.200 a.C., após empreender um longo êxodo, vindo do Egito. Muitas batalhas, entre diferentes povos, contribuíram para a diáspora judaica, ou seja, seu espalhamento pelo mundo, incluindo o fato de os romanos terem feito do território uma província de seu império. Já no século VII, o mundo árabe-islâmico se expandiu no local.

Após o final da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), houve a Partilha do Império Otomano, que controlava povos e territórios na região do Oriente Médio, fazendo emergir novas fronteiras. A Inglaterra, uma das potências vencedoras da Grande Guerra, passou a administrar parte dessas terras. Estabeleceu-se o Mandato Britânico da Palestina (1920-1947), que previa criar condições para um “lar nacional judeu” – nas palavras da Declaração de Balfour, um documento de 1917 em prol do apoio britânico.

Essa ideia de criar um “lar nacional judeu” era inspirada principalmente pelo sionismo, movimento político que surgiu ainda no século XIX, fazendo frente ao antissemitismo europeu e com características identitárias ligadas à região. O jornalista Theodor Herzl, autor do livro “Der Judenstaat” (“O Estado Judeu”), é considerado seu fundador. Com o tempo, o sionismo ganhou contornos religiosos, cuja base é o retorno à Terra Prometida por Deus aos judeus, segundo sua tradição. Essa região corresponderia ao atual Estado de Israel, mais a Faixa de Gaza, trechos de Síria, Líbano e Cisjordânia.

Embora não seja unânime entre os historiadores, existe o pressuposto de que o Holocausto (1933-1945) tenha sido também relevante na concepção de um Estado autônomo para os judeus. Isso porque as grandes potências não poderiam negar as consequências brutais da atuação nazista, evidenciadas ao fim da Segunda Guerra.

No princípio do século XX, as migrações de judeus rumo à Palestina já eram significativas. Após a Segunda Guerra, tais fluxos populacionais foram muito intensificados. Compras de terras dos moradores já assentados nessa área feitas pelos judeus, inclusive financiadas por empresários norte-americanos, foi um fator relevante. Cresceram as tensões entre os residentes palestinos e os que chegavam. Surgiu a Haganá, força paramilitar para defesa dos judeus – e ataques aos adversários. A organização gerou o armado exército israelense e seu serviço secreto, o Mossad.

Em 1947, a Organização das Nações Unidas propõe a divisão da Palestina em dois Estados: um judeu e outro árabe. Áreas de alta significância religiosa para cristãos, judeus e muçulmanos, como Jerusalém e Belém, ficariam sob controle internacional.

A ONU organizou uma Assembleia Geral, presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha, na qual a criação do Estado judeu foi votada. Algumas nações se abstiveram de votar, mas a maioria se mostrou a favor da proposta. Aranha é lembrado como um apoiador da iniciativa.

Os países árabes próximos, como Líbano e Síria, não concordaram, tanto por motivos políticos e econômicos, como porque a maioria da população local era de árabes palestinos. Os árabes palestinos eram quase o dobro dos judeus e ficariam com menos da metade do território, segundo a sugestão da ONU.

Rapidamente, em 14 de maio de 1948, Israel (auto)decreta sua independência. Uma figura central no processo foi o líder judeu David Ben-Gurion, que assinou a declaração de independência de Israel, em Tel-Aviv, e se tornou o primeiro chefe de governo do país.

No dia seguinte, Egito, Síria, Líbano, Arábia Saudita e Iraque atacaram o novo Estado. Israel venceu a guerra, em 1949, e avançou sobre mais da metade do território destinado ao Estado árabe-palestino. A vitória se deu, em parte, à desorganização do mundo árabe circundante – cada país tinha suas estratégias, e a falta de unicidade entre eles contribuiu para que Israel vencesse. Esse fato é uma realidade que podemos presenciar hoje, nos conflitos que ainda ocorrem largamente: uma desarticulação de objetivos dos países árabes, em relação à focada organização israelense.

A próxima guerra envolvendo o recém-criado Estado de Israel seria aquela motivada pelo domínio do canal de Suez, uma via navegável localizada no Egito que comunica o Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho. Era uma oportunidade para quem desejava transitar entre Europa e Ásia sem contornar a África. Logo após a Segunda Guerra Mundial, o Egito viveu (de 1950 até meados dos anos 1970) a ideologia chamada de “Nasserismo”. O governo de Gamal Abdel Nasser passou a negociar a limitação da influência externa sobre o país e investiu na estatização empresarial. Um de seus feitos foi nacionalizar o Canal de Suez.

Concomitantemente, o mundo polarizava-se na Guerra Fria e a URSS apoiou o Egito nas medidas que Nasser decidiu implementar, alarmando países como a Inglaterra e a França. Israel, por sua vez, seria prejudicado pela perda do acesso ao Mar Vermelho. Em 1956, os judeus avançaram pelo Sinai e franceses e ingleses adentraram no território em questão. O conflito durou cerca de duas semanas, com Israel ocupando a Península do Sinai. Na época, a URSS “sugeriu” ser capaz de um ataque nuclear à França e a Inglaterra.

Os EUA, interessados economicamente na África, uma região que experimentava um processo dito “de descolonização”, e no Oriente Médio, influenciaram politicamente as tropas europeias e israelenses a se retirarem. O Egito seguiu simbolizando um polo de influência da União Soviética naquela região.

Desde a Guerra da Independência, muitos palestinos foram direcionados para a Faixa de Gaza, controlada pelo Egito, bem como para a Cisjordânia, sob governo da Jordânia. Os palestinos pretendiam aumentar seus domínios, pois Israel detinha a maioria territorial. Assim, em 1964, foi criada a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), cuja proposta é fundada em conceitos como o pan-arabismo (união de países de língua árabe), nacionalismo e a liberação por meio da luta armada. A figura mais representativa da OLP talvez tenha sido Yasser Arafat (1929-2004), líder da Autoridade Palestina.

Egito, Síria, Jordânia e Iraque decidiram atacar Israel. Em 1967 eclodiu a Guerra dos Seis Dias, na qual Israel precisou de menos de uma semana para tomar o Sinai do Egito, dominar a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, e anexar as Colinas de Golan, que eram sírias. Tudo isso com apoio norte-americano e armamentos superiores aos adversários. O resultado foi mais uma vez contundente para os palestinos, que passaram a habitar um território controlado pelos israelenses. A ideia de um Estado palestino tornou-se mais longínqua.

Mais uma guerra surgiu em 1973: a do Yom-Kippur, nome de um feriado judaico em que se deu a investida de países árabes contra Israel para retomar territórios. Porém, os EUA se posicionaram ao lado israelense e, novamente, asseguraram a primazia do Estado judeu. O resultado são os países do Golfo Pérsico aumentando o preço do barril de petróleo em retaliação a esse apoio ocidental.

Então, em 1979 foi firmado o acordo de Camp David. O Sinai é devolvido ao Egito que, por sua vez, reconhece Israel como país, sob a bênção dos EUA. A desejada paz não vem: o presidente egípcio Anwar Sadat é morto em 1981 – por extremistas que não concordaram com o desenrolar das negociações. Nas décadas seguintes, ataques terroristas fizeram parte do cotidiano egípcio.

Várias reconfigurações geográficas e guerras moldaram Israel como é hoje.  Os palestinos convivem com a condição de deslocamentos limitados e o aumento cada vez maior da colonização judaica em áreas ocupadas. Ademais, levantes religiosos fazem parte dos conflitos, contribuindo para que a questão não seja mais apenas geopolítica ou econômica, eclodindo inúmeros enfrentamentos com viés dito religioso.

Durante seus 70 anos de existência, Israel jamais deixou de atrair a atenção internacional. Diante da interpretação romântica de volta ao lar dos judeus, para a terra que “emana leite e mel”, a ferocidade de Israel nas guerras e suas estratégias transformaram o país em uma faixa de terra cheia de nuances e complexificações, incrustada entre o mar e o deserto.

Fontes:  BERCITO, Diogo. Oswaldo Aranha: o brasileiro por trás da criação do Estado de Israel. Gazeta do Povo.

BRASIL. Embaixada de Israel. Sobre Israel.

FEIPR. Federação Israelita do Paraná. Sionismo.

QG DO ENEM. Ciências Humanas no ENEM: Conflito Árabe – Israelense na Palestina.

2ª Etapa: Sensibilização do tema

Nesta etapa, os alunos devem assistir ao filme “De Amor e Trevas”, uma adaptação do livro autobiográfico do israelense Amós Oz, autor muito conhecido em seu país e internacionalmente premiado. A história mostra, pelo olhar de um menino, os desdobramentos da criação do Estado de Israel: alegrias, guerras e decepções tecem um panorama sensível de análise.

Após essa atividade, os alunos poderão realizar perguntas sobre o tema e a vida de Amós Oz, considerando a visão popular da formação do Estado, a qual certamente não foi a mesma das autoridades (dificuldades, solidariedade, dúvidas etc.).

Atenção: O (A) professor (a) deverá observar se a classificação indicativa do filme (14 anos) é compatível com a faixa etária dos alunos.

3ª Etapa: Realizando um passo a passo histórico

Proponha aos alunos que se sentem em duplas e preencham a tabela abaixo:

Criação do Estado de Israel

Onde estavam os judeus antes de haver um Estado de Israel?

Espalhados pelo mundo, especialmente na Europa.

Cite eventos que fizeram a comunidade judaica migrar:

A ideia de um “lar judeu” necessário; os ideais sionistas; antissemitismo europeu e o Holocausto.

Qual era a proposta da ONU, após as Grandes Guerras, sobre a Palestina e áreas afins?

Dividir o território em um estado judeu e outro árabe, com áreas religiosas significantes para várias religiões (como Jerusalém), permanecendo sob controle internacional.

Que evento tornou Israel um país oficial

Após uma votação promovida pela ONU, com discordâncias e abstenções de alguns países, como a Inglaterra, que gerenciava a região. Israel decretou sua independência em 1948.

O que ocorreu em seguida?

No dia seguinte à independência, Egito, Síria, Líbano, Arábia Saudita e Iraque atacaram o novo Estado. Israel venceu a guerra em 1949. Várias reconfigurações geográficas e guerras moldaram Israel como é hoje.

4ª Etapa: Elaboração de produção escrita com foco no Enem e provas

Nesta etapa, os alunos devem dividir os temas abaixo e elaborar textos de até cinco linhas que contenham os seguintes pontos relevantes:

– Em discurso, Donald Trump anunciou a inauguração da embaixada dos EUA em Jerusalém, no ano de 2018 (quando a criação do Estado de Israel completou 70 anos). Como isso afeta o panorama global? Pontos relevantes: preocupação com segurança, atentados e descontentamentos locais.

– O que é sionismo? Teve relevância para Israel como conhecemos hoje? Pontos relevantes: movimento político que surgiu ainda no século XIX, fazendo frente ao antissemitismo europeu e com características identitárias ligadas à região. Recebeu influências religiosas.

– O que foi o Holocausto? Apenas judeus foram presos ou houve outras pessoas? Pontos relevantes: sistematização persecutória de minorias europeias, como judeus, muçulmanos, ciganos, comunistas e discordantes do regime nazista alemão.

– Diferenças entre árabes e judeus: existem judeus-árabes? Pontos relevantes: Sim. Há árabes cidadãos israelenses, por exemplo. Ser árabe pode significar pertencer a uma forma de organização social, assim como ser judeu. Porém, o judaísmo é também uma religião. Logo, uma pessoa que fala árabe ou nascida em país árabe pode ter como religião o judaísmo.

Materiais Relacionados

1 – Há diversas páginas de internet sobre as Federações Israelitas – a de São Paulo, por exemplo, possui notícias e informações atualizadas. Acesse: Federação Israelita do Estado de São Paulo FISESP.

2 – Para uma pesquisa densa do ponto de vista acadêmico, que aborda questões como o sionismo: SORJ, Bernardo. Leia o artigo Geopolítica e cultura: a trajetória de Israel. História, Franca, v. 33, n. 2, p. 57-71, dez. 2014.

3 – Assista à videoaula sobre conflito árabe-israelense na Palestina. O vídeo tem o ritmo ideal para quem busca informação às portas das provas. QG DO ENEM. Ciências Humanas no ENEM: Conflito Árabe – Israelense na Palestina.

4 – Reportagem em site de grande circulação e fonte alemã sobre a data comemorativa. G1. Israel completa 70 anos entre comemorações e protestos.

5 – O site “Aventura na História” tentou demonstrar as questões do lado judaico e do lado árabe-palestino, uma boa argumentação para gerar debates futuros. AVENTURAS NA HISTÓRIA. Israel: setenta anos, duas visões.

Arquivos anexados

  1. Plano de Aula – Criação do estado de Israel

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