Conteúdos

Este plano de aula propõe um debate acerca da distribuição de vacinas no Brasil e como a desigualdade socioespacial atinge o programa nacional de imunização brasileiro, ao mesmo tempo em que o maior número de mortes segue se concentrando nos bairros mais pobres.

● Vacinação;
● Covid-19;
● Desigualdade socioespacial.

Objetivos

● Compreender o conceito de desigualdade socioespacial;
● Analisar mapas temáticos;
● Identificar as desigualdades presentes na sociedade brasileira; e
● Estabelecer relação entre o espaço geográfico e o desenvolvimento socioeconômico.

Ensine também:

A industrialização do território brasileiro e sua influência

Geografia da violência no campo brasileiro

Palavras-chave:

Vacinação. Covid-19. Desigualdade socioespacial. Brasil.

Sugestão de aplicação para o ensino remoto:

As sugestões a seguir estão organizadas em tópicos, com uma breve explicação de cada recurso.

● Jitsi Meet: É um sistema de código aberto e gratuito, com o objetivo de permitir a criação e implementação de soluções seguras para videoconferências via Internet, com áudio, discagem, gravação e transmissão simultânea. Possui capacidade para até 200 pessoas, não há necessidade de criar uma conta, você poderá acessar por meio do seu navegador ou fazer o download do aplicativo usando um celular .
Trabalhando com essa ferramenta, é possível:
– Compartilhar sua área de trabalho, apresentações e arquivos;
– Convidar usuários para uma videoconferência, por meio de um URL simples e personalizado;
– Editar documentos simultaneamente, usando Etherpad (editor de texto on-line de código aberto);
– Trocar mensagens, por meio do bate-papo integrado;
– Visualizar automaticamente o orador ativo ou escolher manualmente o participante que deseja ver na tela; e
– Reproduzir um vídeo do YouTube para todos os participantes.

● Gravação de videoaula usando o Power Point: O PPT, já tão utilizado por nós professores para preparamos nossas aulas, também permite a gravação de uma narração para os slides, que tanto nos auxiliam na explanação dos conteúdos. É possível habilitar a função de vídeo enquanto grava, de forma que os alunos verão o professor em uma janelinha no canto direito da apresentação. Essa ferramenta é bem simples e eficaz (veja o guia).

● Envio de Podcast aos alunos: Podcast nada mais é do que um áudio gravado (como os gravados no WhatsApp, por exemplo). Podem ser utilizados para narrar uma história, para corrigir atividades, revisar ou aprofundar os conteúdos. Para tanto, sugiro o aplicativo Anchor, que pode ser baixado em seu celular, muito simples de utilizar.

● Plataforma Google Classroom: O Classroom permite que você crie uma sala de aula virtual. Esta ação irá gerar um código que será compartilhado com os alunos, para que acessem a sala. Neste ambiente virtual, o/a professor/a poderá criar postagens de avisos, textos, slides do PPT, conteúdos, links de vídeos, roteiros de estudos, atividades etc. É uma forma bem simples e eficaz de manter a comunicação com os alunos e postar as aulas gravadas, usando os recursos anteriormente mencionados. Confira outros recursos oferecidos pela Google, como a construção de formulários (Google Forms) para serem realizados pelos alunos.

Sugerimos aulas com até 30 minutos de duração. Além disso, nem toda aula precisa gerar uma atividade avaliativa, para não sobrecarregar os alunos. As aulas virtuais também podem ser úteis para correção de exercícios e plantões de dúvidas.

Previsão para aplicação:

3 aulas (30 min./aula)

Proposta de trabalho:

Para os conteúdos trazidos nas etapas 1 a 3, sugerimos o agendamento de 2 aulas on-line síncronas com os alunos, por meio da plataforma Jitsi Meet, organizando os conteúdos em slides e compartilhando-os com os alunos, bem como os vídeos sugeridos. Para isso, faça uso do recurso do compartilhamento de tela do seu computador, disponível na plataforma sugerida. Conduza as aulas de forma leve e tranquila, estimulando a participação dos alunos, seja pelo chat da plataforma ou fazendo uso do microfone. A criação de uma sala da aula virtual, usando o recurso Google Classroom, também é um excelente caminho para o compartilhamento de materiais didáticos com os alunos, como os slides preparados por você e links dos vídeos sugeridos, bem como para realizar atividades em diferentes formatos.

1ª Etapa: Contextualização

Para introduzir o assunto a ser debatido em sala de aula, apresente a eles os mapas a seguir. Você pode usar o projetor de vídeo ou imprimir e entregar para os estudantes.

mapa de vacinação e mortes covid sp
Mapa de vacinação e mortes por covid-19 em São Paulo – Folha de São Paulo. (crédito: reprodução) Acesso em 07/09/2021

● Em conjunto com os estudantes, faça uma análise detalhada do mapa;
● Incentive-os a fazer a leitura dos dados, compreendendo as informações trazidas por eles; e
● Explique aos estudantes que, na cidade de São Paulo, os bairros onde se concentram as populações mais ricas estão localizados próximos ao centro da cidade, enquanto nos extremos do mapa estão os bairros mais pobres, chamados de periféricos.

Aqui, espera-se que os estudantes percebam a disparidade existente entre a porcentagem de vacinados e de mortos em decorrência da COVID-19, por bairros, na cidade de São Paulo. Os estudantes devem perceber que os bairros onde o número de mortes foi mais elevado, são aqueles em que há menor taxa de vacinação, e vice-versa.

2ª Etapa: Problematização e aprofundamento

Nesta etapa os alunos devem aprofundar o debate sobre o tema proposto, refletindo sobre os assuntos que foram abordados.

Para iniciar a discussão com a sala, leia com eles os trechos de reportagens a seguir:

“A OMS estabeleceu a meta de iniciar a imunização contra o coronavírus em 220 países nos primeiros 100 dias de 2021. Não foi alcançada e as doses prometidas às economias mais pobres tampouco foram distribuídas pelo Covax: enquanto 87% dos vacinados são de países ricos, nos menos desenvolvidos apenas 0,2% da população foi imunizada.”

O “escandaloso desequilíbrio” na distribuição de vacinas contra a covid-19 entre ricos e pobres.
Acesso em: 7 de setembro de 2021.

“A pandemia não é a mesma para todos: negros – pretos e pardos, de acordo com a denominação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – morrem mais do que brancos em decorrência da covid-19 no Brasil. A assertiva pode ser verificada a partir de dois estudos realizados neste um ano de pandemia, um do Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde, grupo da PUC-Rio e outro do Instituto Pólis. (…) O acesso desigual à saúde também se reflete na vacinação. Uma reportagem da Agência Pública de março deste ano apontou para a discrepância entre brancos e negros vacinados: 3,2 milhões de pessoas que se declararam brancas receberam a primeira dose do imunizante contra o novo coronavírus. Já entre os negros, esse número cai para 1,7 milhão.”

Negros são os que mais morrem por covid-19 e os que menos recebem vacinas no Brasil
Acesso em: 7 de setembro de 2021.

● A partir da leitura, espera-se que os estudantes reflitam sobre a desigualdade na distribuição vacinal, tanto do ponto de vista global quanto local. Além disso, eles devem relacionar a desigualdade socioespacial, no que diz respeito à imunização, à desigualdade racial, no caso do Brasil. Os estudantes devem refletir, ainda, sobre o fato dos negros e negras fazerem parte das camadas mais pobres (logo mais periféricas), nas cidades brasileiras, tendo sido mais atingidos pela crise sanitária, ao mesmo tempo em que foram menos contemplados com a cobertura vacinal;

● Incentive os estudantes a debaterem sobre o tema, expondo as suas reflexões acerca do que foi abordado. Oriente os estudantes a relacionarem as informações obtidas nos materiais com os conhecimentos geográficos que possuem, retomando conceitos como desigualdade socioespacial e racismo estrutural. Os estudantes devem refletir no sentido de compreender que a desigualdade que atinge os negros e negras no Brasil é consequência da estrutura da formação do país em que vivemos, suas origens escravistas e a falta de políticas públicas, entre outros fatores que estão presentes na construção das desigualdades que compõem o espaço social onde vivemos; e

● Questione os estudantes sobre quais países eles acreditam estarem recebendo maior e menor cobertura vacinal. Incentive-os a pensar, geograficamente, na distribuição desses países no globo. Espera-se que os estudantes reconheçam que o “Sul do mundo”, onde concentram-se os países mais pobres, recebe proporcionalmente menos vacinas do que os países do “Norte”. Aqui, retome conceitos geográficos trabalhados como: Norte e Sul políticos, países ricos e pobres, desigualdade social e subdesenvolvimento.

3ª Etapa: Sintetização

Professor(a), nesta etapa os(as) alunos(as) deverão desenvolver uma atividade que sintetize os conhecimentos adquiridos durante a aula. Abaixo, apresentamos uma sugestão:

Plano de Imunização:

Nesta proposta de sistematização, os estudantes, a partir das discussões realizadas e do conhecimento adquirido na aula, devem criar um plano de imunização para a sua comunidade. Os estudantes devem pensar em estratégias de distribuição e aplicação que privilegiem os espaços vulneráveis e mais acometidos pelo vírus. É importante observar que a proposta não deve criar outras desigualdades, mas sim pensar em contemplar de maneira igualitária os espaços. Os estudantes devem desenvolver o plano, estabelecendo datas, faixas etárias e locais de imunização, pensando na realidade da sua comunidade.

Para isso a realização da atividade, organize a sala em grupos de até 5 alunos. Cada grupo deverá desenvolver o plano e apresentá-lo para o restante da turma, utilizando um PowerPoint.

Referências:

● VILARDAGA, Vicente. O Apartheid da vacina. Istoe. Comportamento. n.2679. 21 de maio de 2021. Acesso em: 6 de outubro de 2021.
OMS alerta que desigualdade na vacinação está levando a uma “pandemia de duas vias”. Nações Unidas Brasil. Junho, 2021. Acesso em: 6 de outubro de 2021.
● Podcast – Para fechar o dia – Desigualdade mata: quanto mais pobre, menos vacina. Acesso em: 6 de outubro de 2021.

Plano de aula elaborado pela prof.ª Júlia Bittencourt
Adaptação para o ensino remoto realizada pela prof.ª Dr.ª Nathalie Lousan
Coordenação pedagógica: prof.ª Dr.ª Aline Monge

Materiais Relacionados

Estudo da USP indica que vacinação contra Covid foi menor em locais com mais mortes em SP
Acesso em: 6 de outubro de 2021.

Vacinação é mais lenta em regiões pobres e com maior mortalidade
Acesso em: 6 de outubro de 2021.

Em São Paulo, áreas mais pobres e com mais mortes por covid recebem menos vacinas
Acesso em: 6 de outubro de 2021.

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