Conteúdos

A Revolta da Vacina: política higienista e revolta popular:o contexto histórico, social e político: o início da República Oligárquica;

Objetivos

Compreender o contexto histórico, social e politico que permitiu a eclosão da Revolta da Vacina no Rio de Janeiro em 1904.
Compreender a relação entre a reforma urbana empreendida pelo presidente Rodrigues Alves, em parceria com o prefeito Pereira Passos, e a segregação urbana e social na cidade do Rio de Janeiro.
Compreender a política higienista como base do projeto político positivista: modernizador e civilizador.
Compreender as intenções e os desdobramentos das brigadas Mata Mosquito e da Lei de Obrigatoriedade da Vacina contra a varíola, a partir da campanha de vacinação liderada pelo médico Oswaldo Cruz.

1ª Etapa: Procedimentos de Leitura

Oriente os alunos que leiam os textos Revolta da Vacina: Oswaldo Cruz e Pereira Passos tentam sanear Rio e A Revolta da Vacina, disponíveis nos links 1 e 2 da área Para Organizar o Trabalho e saber Mais, com atenção às informações abaixo:
1. Reforma urbana na cidade de Pereira Passos;
2. Moradias populares: cortiços e vilas operárias;
3. Brigadas ou exército de mata mosquitos;
4. O bota-abaixo;
5. Campanha de vacinação obrigatória – médico Oswaldo Cruz;
6. A revolta popular;
7. Resultado do confronto.
Peça aos alunos, à medida que vão lendo os textos, anotarem tais informações, pois dessa forma tem-se uma síntese sobre a Revolta da Vacina.

2ª Etapa: Aula expositiva dialogada

A partir dos textos e da sistematização feita pelos alunos, construa uma aula expositiva dialogada sobre a Revolta da Vacina:
o contexto histórico, social e político: o início da República Oligárquica:
 – Apresente o cenário histórico, social e político de fins do século XIX e início do XX: transição da mão de obra negra e escrava para a imigrante, branca, livre e assalariada; transição da monarquia para a república, em que atuavam o mesmo grupo político, a elite cafeicultora, nesse momento tendo plenos poderes nas mãos, exemplificado pela Política do Café com Leite; o crescimento desordenado das cidades, principalmente São Paulo e Rio de Janeiro, pois concentravam as indústrias e, portanto, os postos de trabalho; as habitações populares: os cortiços, as vilas operárias e as condições sanitárias e de higiene como terreno fértil à proliferações de pragas e doenças.
A reforma e a segregação urbana na cidade do Rio de Janeiro:
– Explicar a política de reforma urbana do presidente Rodrigues Alves, aos moldes europeus, tendo como modelo a cidade luz, Paris, de ruas largas e iluminadas; projeto este levado à cabo pelo prefeito Pereira Passos na cidade do Rio de Janeiro: política do Bota Abaixo, em que desalojava centenas de famílias do centro, ao mesmo tempo que destruía suas casas; segregação urbana: populares encontraram nos morros moradia (casas de madeira, cobertas de querosene), dando início a um processo de favelização da cidade; descontentamento das camadas populares às medidas truculentas do governo.
A política higienista: progresso, modernidade e civilização:
– Explicar o lema republicano “Ordem e Progresso”, calcado nos ideais militares de que a ordem social é o caminho ao progresso; a política higienista, baseado em métodos científicos, contribuía para a lógica elitista de poder, uma vez que separava, segregava, aqueles que têm o direito ao saneamento básico e a condições dignas de higiene daqueles que são a escória da sociedade, a população mais pobre; justificava-se assim os males sociais como sendo um entrave à civilização e à modernidade;
– Leia com os alunos o trecho abaixo e os questione de que forma essa política higienista modernizadora aparece no discurso do médico Pereira Rego;
– outros exemplos podem ser dados, tais como o caso da formação do bairro de Higienópolis, na cidade de São Paulo, estão indicados no link 4 de Para organizar o trabalho e saber mais.
As brigadas Mata Mosquito e a Lei de Obrigatoriedade da Vacina contra a varíola:
– Explicar como a medicina atuou dentro da política higienista, também dentro da lógica desumanizada da ciência, tendo como foco o resultado na erradicação da epidemia e doenças, sem levar em consideração a conscientização da população quanto às ações implementadas; ou seja, a ação das brigadas de Mata Mosquito e, depois, da Vacina Obrigatória foram implementadas à força, de modo invasivo, truculento e autoritário, o que despertou a ira de boa parte da população; apresentar as quatro charges (I, II, III e IV)
e questione os alunos quanto aos elementos críticos que elas apresentam, relacionando com as ações do governo e do médico Oswaldo Cruz.
– Explicar a revolta da vacina como resultado de um conjunto de reivindicações, tendo a Lei da Vacina Obrigatória como o estopim: condições de trabalho, de vida e de moradia; condições de higiene e de saneamento básico; tratamento por parte do governo aos populares: descaso e truculência; campanha de vacinação extremamente invasiva e autoritária;
– Explicar, a partir da leitura do trecho abaixo
que havia uma incompreensão generalizada acerca da importância da vacinação, mesmo por parte da elite: não se sabia ao certo o que era vacinação, quais os benefícios etc.; muitos acreditavam que era a própria vacina quem molestava e matavam as pessoas, como mencionado no trecho pelo ministro da Fazenda, Rui Barbosa; desse modo, podemos concluir que a revolta contra a campanha de vacinação não se deu pela ignorância popular, como muitos governantes gostavam de justificar, mas sim pela falta de formação e informação.
– Por fim, explique o resultado do conflito, solicitando aos alunos que contribuam com as informações selecionados por ele nos textos: repressão militar contra os populares, resultando em 30 mortos e mais de 100 pessoas feridas; deportações para o estado do Acre etc.

3ª Etapa: Produto Final: Construndo campanhas de vacinação

Depois da aula expositiva, proponha aos alunos, em grupos de quatro a cinco integrantes, que pesquisem na internet campanhas de vacinação atuais e, que a partir delas, construam campanhas de conscientização da população da cidade do Rio de Janeiro, no ano de 1904. Isso quer dizer que os cartazes a serem confeccionados deverão ser didáticos, pedagógicos, levando em consideração o contexto histórico e social da população, explicando:

– Os objetivos da campanha de vacinação: doenças e epidemias a serem combatidas;
– Os benefícios;
– Onde e quando será distribuída: os postos de vacinação.
Lembre-se de reiterar aos alunos, que a maioria da população era analfabeta ou imigrante, e que os recursos imagéticos são de extrema importância para haver comunicação de acordo com os objetivos propostos.
Importante enfatizar aos alunos a importância de se fazer um rascunho antes, em um papel sulfite, levando em consideração o tamanho das letras (fontes) e a disposição das imagens. Os cartazes poderão ser feitos à mão, com cartolina ou papel cartão, com desenhos ou recortes ou mesmo com a ferramenta de design gráfico Canva, que permite construir cartazes, propagandas, infográficos. O site do programa está indicado no link 6 de Para organizar o trabalho e saber mais.
Para usar o aplicativo, basta se cadastrar, por email ou por facebook. Há alguns recursos que são pagos, mas a maioria deles são gratuitos.
Depois de feitos, os cartazes deverão ser apresentados à sala e analisados conjuntamente quanto à eficácia da campanha. Em seguida, os mesmos deverão ser expostos na escola.

Esse trabalho permite ao aluno o diálogo entre temporalidades (passado e presente), este fundamental para a disciplina História.

4ª Etapa: Sistematização do conteúdo

Como proposta de encerramento e sistematização do conteúdo, exiba o vídeo História do Brasil – A Reforma Urbana do Rio de Janeiro e a Revolta da Vacina, pedindo aos mesmos que registrem informações importantes e dúvidas a serem solucionadas. Você pode optar por pedir aos alunos que respondam às perguntas finais da película:
– De que outras formas o Estado poderia ter agido a fim de evitar o confronto com a população?
– Até que ponto a reforma ou higienização pode ter contribuído para a segregação espacial que se vê na cidade Rio de Janeiro ainda hoje?
– E que relação é possível estabelecer entre aqueles tempos e os atuais?

E propor uma discussão final à sala.

Materiais Relacionados

– Leia e compartilhe os textos abaixo sobre a Revolta da Vacina:
2. Texto“A Revolta da Vacina.
3. Assista ao vídeo abaixo e compartilhe com os alunos : “História do Brasil – A Reforma Urbana do Rio de Janeiro e a Revolta da Vacina.
4. Materiais que abordam o surgimento do bairro “Higienópolis” e notícia atual que trata de políticas higienistas na cidade de São Paulo:
Higienismo em SP, capítulo dois.” – Carta Capital. (para alunos)
5. PARA SABER MAIS:
SEVCENKO, Nicolau. A Revolta da Vacina: mentes insanas em corpos rebeldes. São Paulo: Cosac Naify, 2010.
CHALHOUB, SIDNEY.  Cidade febril – Cortiços e epidemias na Corte Imperial. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
CARVALHO, José Murilo de. Os Bestializados – O Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
SECS. 1904 – A Revolta da Vacina: a maior batalha do Rio. In. Cadernos da Comunicação – Série Memória. Prefeitura do Rio de Janeiro, 2006.
6. Site oficial do programa Canva para a confecção de cartazes:

Arquivos anexados

  1. Conheça as decisões que levaram à Revolta da Vacina

Tags relacionadas

0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments

Receba NossasNovidades

Receba NossasNovidades

Assine gratuitamente a nossa newsletter e receba todas as novidades sobre os projetos e ações do Instituto Claro.