Conteúdos

– Semântica
– Campo semântico

Objetivos

– Apresentar o conceito de semântica
– Compreender as relações semânticas estabelecidas em textos e enunciados
– Desenvolver o léxico
– Aprimorar a habilidade de comunicação e de trabalho coletivo

 

1ª Etapa: Início de conversa

O(A) professor(a) deverá discutir com os alunos as significações possíveis de palavras da língua portuguesa construídas culturalmente. A proposta é trabalhar principalmente os significados das palavras que compõem o conteúdo de textos e enunciados, provocando, assim, a atribuição de sentido pelos interlocutores do discurso.

Visando um aprendizado efetivo e satisfatório do conteúdo, serão propostas atividades práticas para serem realizadas em duplas e/ou em grupos, nas quais o contato com a semântica se dará por meio da análise de um texto e criação de enunciados e, ao final, serão trabalhados alguns exercícios de fixação.

Abaixo, um breve resumo sobre a semântica, com informações que podem ser encontradas no site Info Escola (conferir seção “Materiais Relacionados”):

A semântica ocupa-se de identificar o sentido provocado por uma palavra, uma sentença ou um texto, quando inseridos em determinado contexto. A interação entre os atores envolvidos (quem diz e para quem diz) é a condição para que os objetivos de comunicação sejam atingidos.

Há diversificadas expressões, fruto da sabedoria popular, que são passadas de geração a geração. Os chamados “ditos populares” se fazem constantemente presentes em nossas interações cotidianas, uma vez que retratam situações vivenciadas e partilhadas por todos nós. Sob esse prisma, eles compõem uma importante parte de nossa cultura. Se alguém lhe dissesse “o seu vizinho João bateu as botas”, o que você entenderia? Certamente, você compreenderia que ele morreu. “Bater as botas” consiste em uma metáfora para a morte, cujo doloroso significado poderia ser amenizado para “partiu desta para melhor”. Trata-se de expressões cujos sentidos são partilhados pelas pessoas. Ninguém entenderia “bater as botas” no sentido literal, ou seja, alguém que sacolejou o seu calçado “bota”. Vejamos outros ditos que falamos ou ouvimos de maneira recorrente:

a. Caio, pare de fazer tempestade em copo d’água!
b. Tive de descascar um abacaxi hoje no escritório…
c. Esta roupa custa os olhos da cara!
d. Coitado daquele homem… Ele está com as cordas no pescoço…
e. Que ideia sem pé nem cabeça…

A semântica dedica-se a identificar o significado que uma palavra ou um texto assumem quando inseridos em determinado contexto de interlocução. A efetiva interação entre os envolvidos com o ato comunicativo viabiliza o alcance dos objetivos traçados. Em outras palavras, semântica é o estudo do significado, no caso das palavras, a semântica estuda a significação das mesmas individualmente aplicadas a um contexto e com influência de outras palavras.

O campo semântico, por sua vez, é o conjunto de possibilidades que uma mesma palavra ou conceito tem de ser empregado (a) em diversos contextos. O conceito de campo semântico está ligado ao conceito de polissemia.

Uma mesma palavra pode tomar vários significados diferentes em um mesmo texto, dependendo de como ela for empregada e de que palavras a acompanham para tornar claro o significado que ela assume naquela situação.

Por exemplo:

– conhecer: ver, aprofundar-se, saber que existe, etc.
– bacia: utensílio de cozinha, parte do esqueleto humano.
– brincadeira: divertimento, distração, passatempo, gozação, piada, etc.
– estado: situação, particípio de estar, divisão de um país, etc.

O campo semântico pode também ser o conjunto das maneiras que são utilizadas para expressar um mesmo conceito.

Exemplos:

– Campo semântico em torno do conceito de morte: bater as botas, falecer, ir dessa para a melhor, passar para um plano superior, apagar, etc.
– Campo semântico em torno do conceito de enganar: trapacear, engabelar, fazer de bobo, vacilar, etc.

2ª Etapa: Praticando

O(A) professor(a) irá propor aos alunos que se sentem em duplas. A turma terá acesso ao Capítulo I da obra literária Dom Casmurro, de Machado de Assis, transcrito abaixo e disponível no site Domínio Público. Acesso em: 29 de Agosto de 2018.

DOM CASMURRO
Machado de Assis
CAPÍTULO I
Do Título

“Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei no trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.

– Continue, disse eu acordando.

– Já acabei, murmurou ele.

– São muito bonitos.

Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava amuado. No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei. Contei a anedota aos amigos da cidade, e eles, por graça, chamam-me assim, alguns em bilhetes: “Dom Casmurro, domingo vou jantar com você.” – “Vou para Petrópolis, Dom Casmurro; a casa é a mesma da Renânia; vê se deixas essa caverna do Engenho Novo, e vai lá passar uns quinze dias comigo.” – “Meu caro Dom Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã; venha e dormirá aqui na cidade; dou-lhe camarote, dou-lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça.”

Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também não achei melhor título para a minha narração; se não tiver outro daqui até o fim do livro, vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto.”

O(A) professor(a) pedirá aos alunos que leiam o texto em voz alta e, após a leitura, os ajudará a interpretar, destacando o sentido de algumas palavras e expressões empregadas no texto, como por exemplo os trechos “conheço de vista e de chapéu”, “ao pé de mim”, entre outras, além do próprio significado de “casmurro” discutido pelo autor.

Depois de destacadas essas expressões, o(a) professor(a) distribuirá dicionários para as duplas a fim de que consultem o significado de palavras desconhecidas. Ao final, o(a) professor(a) perguntará quais palavras procuraram no dicionário e a turma irá compartilhar suas descobertas lexicais. Nesse momento da aula, o(a) professor(a) deverá abordar as peculiaridades vocabulares da época e da sociedade em que Machado de Assis escrevia, demonstrando que a semântica de um texto se relaciona diretamente com o contexto em que ele é produzido.

3ª Etapa: Proposta de atividade

O(A) professor(a) irá propor que formem grupos de quatro alunos. Cada grupo terá 20 minutos para elaborar a descrição de um objeto que o restante da turma deverá adivinhar o que é. Junto com a descrição, podem ser narradas situações de uso ou situações que demonstrem de que forma esse objeto existe no mundo, ou seja, os grupos poderão usar a criatividade, lembrando do tempo de que dispõem. Cada grupo terá cerca de cinco minutos para apresentar seu objeto, de modo que não fique óbvio para a turma qual é o objeto secreto.

Após cada apresentação, o(a) professor(a) deverá perguntar se a descrição foi condizente com o objeto descoberto e por que. Caso algum grupo não tenha seu objeto desvendado, os outros poderão apontar outras palavras ou demonstrações que poderiam ser utilizadas para melhorar a descrição daquele objeto, trabalhando, assim, a noção de construção semântica e de campo semântico coletivamente.

4ª Etapa: Exercícios de fixação

Sugere-se que os alunos resolvam alguns exercícios para fixação do conteúdo.

1) (FGV-2001) A concisão é uma qualidade da comunicação. Transcreva as frases abaixo, mas elimine o que for redundante.

a) Compre dois sabonetes e ganhe grátis o terceiro.
b) O jogador encarou de frente o adversário.
c) O advogado é um elo de ligação entre o cliente e a Justiça.
d) Certos países do mundo vivem em constante conflito.
e) No momento não temos esse produto, mas vamos recebê-lo futuramente.

Resposta:  a) Compre dois sabonetes e ganhe o terceiro. b) O jogador encarou o adversário. c) O advogado é um elo entre o cliente e a Justiça. d) Certos países vivem em conflito. e) No momento não temos esse produto, mas vamos recebê-lo.

2) (ENEM-2005) Leia com atenção o texto:

[Em Portugal], você poderá ter alguns probleminhas se entrar numa loja de roupas desconhecendo certas sutilezas da língua. Por exemplo, não adianta pedir para ver os ternos – peça para ver os fatos. Paletó é casaco. Meias são peúgas. Suéter é camisola – mas não se assuste, porque calcinhas femininas são cuecas. (Não é uma delícia?) (Ruy Castro. Viaje Bem. Ano VIII, nº- 3, 78.)

O texto destaca a diferença entre o português do Brasil e o de Portugal quanto

a) ao vocabulário.
b) à derivação.
c) à pronúncia.
d) ao gênero.
e) à sintaxe.

Resposta:  a

3) (UFSCar-2002) Selinho, sim, mas só para poucos Primeiro, Hebe Camargo, toda animada, pediu a Sílvio Santos um “selinho” (beijinho). Não ganhou: “Nem selinho, nem selo, nem selão”, ouviu dele, categórico. Em seguida, Gilberto Gil entrou no palco, de mão estendida para cumprimentá-lo. O que fez o apresentador? Disse “selinho”, esticou os lábios e zás – tascou um beijinho na boca do músico. A cena foi ao ar de madrugada, no encerramento do Teleton, a Maratona beneficente exibida pelo SBT. Gil ficou surpreso. Hebe fingiu brabeza e Sílvio riu muito. “Tirei uma onda, foi só uma bicotinha”, diz ele. “Tudo tem uma primeira vez”. ( Veja, 07.11.2001, pág. 101.) Considerando a situação em que a expressão “Tirei uma onda” foi dita pelo apresentador Sílvio Santos, pode-se entender que ele

a) fez uma brincadeira com o músico.
b) ofendeu os artistas e o público.
c) quis deixar o público horrorizado.
d) pretendeu magoar Hebe Camargo.
e) não teve ideia da repercussão da sua atitude.

Resposta:  a

4) (ENEM-2005) As dimensões continentais do Brasil são objeto de reflexões expressas em diferentes linguagens. Esse tema aparece no seguinte poema:

“(….) Que importa que uns falem mole descansado
Que os cariocas arranhem os erres na garganta
Que os capixabas e paroaras escancarem as vogais?
Que tem se os quinhentos réis meridional
Vira cinco tostões do Rio pro Norte?
Junto formamos este assombro de misérias e grandezas, Brasil, nome de vegetal! (….)”

(Mário de Andrade. Poesias completas. 6. ed. São Paulo: Martins Editora, 1980.)

O texto poético ora reproduzido trata das diferenças brasileiras no âmbito

a) étnico e religioso.
b) linguístico e econômico.
c) racial e folclórico.
d) histórico e geográfico.
e) literário e popular.

Resposta: b

Materiais Relacionados

1 – Os guias disponíveis no site InfoEscola poderão ser consultados pelo(a) professor(a) para apresentar o conteúdo aos alunos. Acesso em: 29 de agosto de 2018.
Semântica
Campos lexicais e semânticos

2 – Os exercícios utilizados para fixação do conteúdo, na 4ª Etapa dessa proposta, estão disponíveis com os respectivos gabaritos em Exercícios com Gabarito de Português. Acesso em: 29 de agosto de 2018.

3 – Caso o(a) professor(a) queira aprofundar seus conhecimentos sobre semântica e os processos discursivos ou indicar alguma bibliografia para os alunos que queiram estudar mais o tema, indica-se a leitura da obra Semântica e Discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Leia a sinopse no site da Unicamp. Acesso em: 29 de agosto de 2018.

 

Arquivos anexados

  1. Plano de aula – Semântica I

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