Conteúdos
Educação Ambiental
Objetivos
- Pensar as condições climáticas como fator de organização social;
- Refletir sobre a deterioração das cidades no Brasil;
- Refletir sobre o olhar estrangeiro e autoestima dos brasileiros;
- Pensar a linguagem cinematográfica e a suposta veracidade dos documentários;
1ª Etapa: Exibição do Filme
O filme tem um tom sarcástico, brinca com os documentários e programas jornalísticos de televisão. O ideal é que o filme seja exibido sem nenhuma informação prévia, para que os alunos fiquem atentos e pensem, de início, que se trata de um documentário real. Aos poucos, eles perceberão que é uma ficção. É possível que o (a) professor (a) identifique a necessidade de uma reexibição do filme, para que alguns aspectos (sérios) sejam melhor registrados pelos alunos. Na segunda exibição, a categorização de “pseudodocumentário” já estará clara. Por ser um curta metragem, é possível garantir o tempo de debate logo após a exibição, lembrando que, como o filme está na chave da comédia, naturalmente os aspectos lúdicos prevalecerão no início do debate. O (a) professor (a), aos poucos, pode conduzir o debate para a crítica social que está implícita e relacioná-la a outros temas. Como o filme também tem o caráter de ficção científica, pode desempenhar o papel de reflexão sobre o futuro; no caso, sobre como as alterações climáticas podem alterar os comportamentos e a própria economia local. Pensando o futuro, também se reflete sobre o passado e o presente.
2ª Etapa: Geografia, História e Sociologia – Alguns temas para alimentar o debate, após a exibição
• Entre as várias provocações evocadas no curta metragem Recife Frio, uma delas é a teoria do determinismo geográfico, tese que não encontra mais legitimidade no meio acadêmico, porém, seu imaginário ainda permanece no senso comum. Segundo essa concepção, o meio ambiente define ou influencia fortemente a fisiologia e a psicologia humana. O determinismo geográfico ancorou teses preconceituosas, que estabeleciam uma relação causa e efeito entre os povos das regiões tropicais com as características de submissão, lerdeza e pouca afinidade com o trabalho. É bem interessante discutir essa questão com os alunos, relacionando-a com a perspectiva colonialista e lembrando que tal concepção contribuiu para fundamentar o nazismo.
• Conhecer a história das cidades nordestinas é fundamental para se compreender a estrutura econômica do Nordeste e do Brasil. Recife – a chamada Veneza brasileira – foi, e ainda é, um polo econômico e político importantíssimo no Nordeste, mas, por ter se desenvolvido no período colonial, cristalizou relações socioeconômicas de extrema desigualdade. No filme, tal desigualdade é mostrada de forma irônica, refletida na divisão de um apartamento à beira mar, ocupado por uma família de classe média alta.
• O filme mostra o olhar estrangeiro na cidade do Recife, quase sempre como uma forma de exploração e depreciação. O turismo é mostrado através do empresário francês que vende estadia com promessas de sol. A mudança climática põe seu negócio a perder. A narração principal é feita por um repórter de TV argentino. Interessante discutir como a perspectiva eurocêntrica marcou a colonização brasileira (especialmente a do Nordeste, no período colonial), desqualificando o brasileiro e enaltecendo o europeu. De início os colonizadores europeus elogiavam (inclusive na carta de Pero Vaz de Caminha) o clima dos trópicos, para posteriormente, construírem o discurso determinista que relaciona o clima quente à insalubridade e à indolência. Outro exemplo de cultura importada no filme é a ironia com a vestimenta do papai noel, que está aliviado com a mudança climática, o que mostra também a importação de símbolos que não se relacionam com a nossa cultura e nosso clima.
• Sabe-se que as tragédias climáticas são decorrentes da ação predatória do homem. A educação ambiental, que hoje está presente nos Parâmetros Curriculares Nacionais, tenta reverter essa situação, conscientizando as crianças e jovens para os cuidados com os recursos naturais e o planeta. O filme faz uma brincadeira com uma suposta queda de um meteorito, que seria o causador da brusca mudança de temperatura. Apesar da brincadeira, é possível levantar seriamente quais as possíveis causas do aquecimento global, erosões, furacões, tsunamis, entre outros fenômenos naturais.
3ª Etapa: Atividades a partir dos debates - Blog
Pesquisas e debates sobre os tópicos levantados, com criação (ou alimentação) de um blog que divulgue e amplie o debate sobre as desigualdades sociais, mudanças climáticas, as cidades e suas atividades econômicas, etc. O mesmo diretor – Kleber Mendonça Filho – realizou um longa de ficção, também muito premiado dentro e fora do Brasil, denominado O Som ao Redor, que ainda está em cartaz nos cinemas. O novo filme também discute deterioração de Recife, desigualdades sociais e mudanças de comportamento. O blog pode divulgar e relacionar os dois filmes que possibilitam muitas reflexões e aprofundamentos.
4ª Etapa: Arte e Educação Física: Ciranda
• A cultura popular é abordada em dois momentos no filme: nos bonecos artesanais feitos de barro, vendidos para os turistas e na ciranda na praia, comandanda pela cirandeira Lia de Itamaracá. Especialmente na ciranda, a cultura popular é mostrada como um pilar da cultura nordestina, como se mostrasse que, por mais que a cidade se transforme, ela nunca vai acabar. Inclusive, é dançando ciranda que, ao final do filme, vê-se um feixe de luz vindo das nuvens, como se o sol e o calor fossem voltar à cidade.
• A ciranda é uma expressão musical e corporal naturalmente integradora, porque não exige conhecimento prévio e é facilmente assimilada por seus participantes.
5ª Etapa: Língua Portuguesa: Produção textual e audiovisual
• O filme faz uma ironia com documentários televisivos que apregoam as catástrofes resultantes das mudanças climáticas (muitos documentários são bastante apocalípticos). O documentário é um formato da linguagem audiovisual que é revestido de veracidade. É importante mostrar que o documentário também revela escolhas e recortes, não representando a totalidade de um tema. Assistir a um pseudo-documentário como Recife Frio pode inspirar a realização de outros documentários que constróem uma situação fictícia e são apresentados como “verdadeiros”. Esse exercício contribui para a construção de uma leitura crítica do audiovisual. Importante lembrar que o fato de ser construído não implica que as informações sejam falsas. A ficção muitas vezes está falando de situações reais.
• Outra opção é a construção de um texto de ficção científica que tenha como premissa uma falsa informação, como exercício de criatividade
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Arquivos anexados
- Cinema e Educação: Recife Frio