Conteúdos

História da África e do Brasil;

Escravidão africana
Tradições culturais e religiosas;
Identidade afro-brasileira;
 

Objetivos

Conhecer a História do continente africano;

Conhecer as relações entre o Brasil e o continente africano;
Refletir sobre a importância da tradição na cultura popular; 
Conhecer a história dos escravizados que retornaram à África;
 

1ª Etapa: Exibição do Filme

O média metragem Pedra da Memória, de Renata Amaral, tem 60 minutos e trata de um assunto ainda desconhecido da maioria dos estudantes, por isso merece uma introdução. O mediador  deve explicar aos alunos a história de escravos brasileiros (fugidos ou alforriados) que  conseguiram voltar à África, instalando-se principalmente no Benim, país da África ocidental.  Lá chegando, mantiveram sua identidade brasileira, por meio da língua e dos  costumes brasileiros: culinária, festas populares, nomes das pessoas e religião (sincretismo religioso). Esse povo, chamado de os Agudás,  manteve correspondência com brasileiros. Milhares de africano herdaram e hoje cultivam essas tradições  

 

O filme é o registro da viagem de “retorno” feita ao Benim,  pelo Pai Euclides Talabyan – pai de santo brasileiro (Babalorixá), que tinha o desejo de conhecer as pessoas com quem mantinha contato, durante 15 anos, por meio de cartas e presentes. O filme  é resultado de imagens coletadas na viagem somadas e intercaladas com inúmeras imagens brasileiras (dos estados do Maranhão, Alagoas e Pernambuco). O sincretismo religioso dos dois povos também é ressaltado.  A força do filme está nas imagens e sonoridades das festas e dos povos dos dois continentes, mostradas de forma alternada. A pesquisadora aproveitou também muitos registros de suas pesquisas anteriores, sobre diversas danças brasileiras para evidenciar as semelhanças culturais entre os dois povos. O filme é muito sensorial, colorido e musical. As informações básicas estão registradas nas legendas.

 

Professores de História, Geografia e Português podem apresentar mais informações acerca do tema, caso julguem necessário.

 

2ª Etapa: Debate sobre o filme

Como as informações básicas estão na legenda, pode-se valorizar a fruição da obra. Caso os alunos não tenham se dado conta, é bom ressaltar que a representação dos africanos no filme é da alegria, da música, da dança. No filme não há discussão sobre riqueza ou pobreza, ou sobre escravidão ou dominação desses povos. Esta não é a única identidade deles. 

Outra questão que os professores podem levantar é a importância de se preservar a tradição da cultura popular como parte da história. O filme mostra a semelhança entre as danças e festas populares de várias regiões do nordeste e das regiões que receberam os escravizados que retornaram. A língua portuguesa foi proibida no Benim, assim como colonizadores portugueses proibiam o culto religioso e as tradições, danças e músicas africanas no Brasil. O fato de o povo ter preservado essa tradição é que permitiu a reconstrução da narrativa histórica.

 

3ª Etapa: Arte – culturas populares e sincretismo religioso

No Benim foram mantidos vários aspectos da cultura brasileira: a culinária, a música, as festas, a língua, os nomes e até os instrumentos musicais. Algumas festas mudaram de nome, mas mantém a tradição. No filme é possível ver a semelhança entre o bumba-meu-boi (Brasil) e a festa da Burrinha (Benim). O clube dos bonecos de Recife tem seu equivalente no país africano. 

Da mesma forma, a festa do Nosso Senhor do Bonfim (comunidade agudá) é muito parecida com o Festejo do Divino Espírito Santo (Maranhão). As religiões africanas Vodum e as brasileiras Candomblé e Umbanda (Brasil) revelam o sincretismo religioso, pois estão misturadas às tradições católicas.

 

O professor  de Arte pode propor pesquisas sobre as danças e festas brasileiras da cultura afro-brasileira, indo além das citadas no filme, como jongo, maracatu, cavalo marinho. Entre outras. 

 

4ª Etapa: História e Geografia

O (a) professor (a) de História pode sugerir que, a partir do filme, os alunos façam uma pesquisa junto a seus amigos e familiares sobre a imagem que as pessoas têm dos africanos. O filme “Pedra da Memória” mostra a cultura popular africana e uma história sobre os retornados que, possivelmente, é desconhecida da maior parte da população brasileira. A pesquisa poderia contemplar os seguintes questionamentos:

O que sabemos sobre os países daquele continente? Só há miséria e atraso?

As pessoas se referem à África como se fosse um único país? 

Só existem negros no continente africano? 

Os países africanos foram colonizados por quais outros países?

Quais as línguas faladas no continente africano

 

A intenção dessa pesquisa é que os alunos percebam o quanto está arraigada em nossa cultura uma conotação negativa com relação à África. O fato de termos tido um longo período de escravidão no Brasil reforça a identificação dos africanos com os escravos, portanto, desprovidos de cultura e identidade próprias, dominados e inferiores. Tal ponto de vista está na raiz dos preconceitos, especialmente os raciais, que ainda marcam nossa sociedade. 

 

Os professores de História e Geografia, separadamente ou em projeto interdisciplinar, podem aproveitar o filme para discutir a história do continente africano, a conferência de Berlim e a partilha da África no final do século XIX, as guerras de libertação, as várias religiões e a situação de cada país africano na contemporaneidade. 

Caso optem por um país apenas, os alunos podem se aprofundar nos estudos sobre a República do Benim, que é apresentada no filme: sua localização geográfica, história política e a influência da cultura brasileira em sua sociedade. Inédito é o fato de que os brasileiros são seus ancestrais.

 

5ª Etapa: Língua Portuguesa – identidades

O professor de Língua Portuguesa pode propor uma discussão sobre identidade cultural. Com quais culturas cada aluno se identifica? Ouvem músicas brasileiras, estadunidenses, latino-americanas? De que forma as expressões culturais marcam nossa identidade? De que forma atualmente os afrodescendentes têm marcado sua identidade? (cabelos, tatuagens, roupas, músicas, danças). É possível nos identificarmos atualmente com múltiplas nacionalidades e etnias?  Após a discussão, o professor pode propor a produção de um texto (individual ou coletivo) sobre identidades.  

Materiais Relacionados

1. Assistir previamente ao média metragem Pedra da Memória, de Renata Amaral,  disponível no link:                  http://vimeo.com/56037980
 
2. Em março de 2003, foi aprovada a Lei Federal 10.639/03, que torna obrigatório o ensino de História e Cultura Africana e Afro-brasileira nas escolas de Ensino Fundamental e Médio. A lei está disponível em http://www.afroeducacao.com.br/images/stories/artigos/10639.jpg. 
 
3. Pouco foi divulgado nos nossos estudos de história sobre os escravizados que conseguiram voltar África. Neste link é possível saber mais sobre a história dos Agudás, povo que mantém tradições trazidas do Brasil por seus ancestrais que retornaram
 
http://cafehistoria.ning.com/group/agudsescravosbrasileiroslibertosqueretornaramfrica
 
4. A abordagem da Educomunicação sobre a cultura negra pode ser lida no artigo de Paola Diniz Prandini: http://www.revistas.univerciencia.org/index.php/comtempo/article/viewFile/8381/7908
 
 
5. É importante que o professor conheça a lei e traga para os alunos produções que tragam aos alunos visões sobre a cultura africana, sua riqueza e a sua contribuição. Um bom site que traz muitos textos sobre o continente africano é www.casadasafricas.org.br
 
6. A expedição a Benim é relatada por Bruno Pastre Máximo e  Bernardo da Silva Heer, em:
http://www.pordentrodaafrica.com/cultura/expedicao-benim-festividades-carnaval-de-rua-e-os-brasileiros-agudas-de-porto-novo
 
7. Uma entrevista com a Profª Drª Leila Leite Hernandez sobre o ensino de História da África na sala de aula. Ela fala sobre a visão eurocêntrica que se cristalizou em nosso imaginário sobre o continente africano: https://www.youtube.com/watch?v=2eqnBuVJOR8
 

Arquivos anexados

  1. Cinema e Educação: Pedra da Memória
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