Conteúdos

 Nova ordem mundial após queda do Muro de Berlim.

Objetivos

– Compreender a complexidade da nova ordem mundial, estabelecida especialmente após a queda do muro de Berlim;

 
– Refletir sobre como as mudanças políticas gerais chegam à vida cotidiana das pessoas (macro e micro- política); 
 
– Aprofundar-se nos principais aspectos dos pensamentos socialista e neoliberalismo, seus reflexos na sociedade contemporânea;
 
– Refletir criticamente sobre as informações que nos chegam editadas pelos meios de comunicação.
 

 

1ª Etapa: Preparação

Leia o MATERIAL DE APOIO no final deste plano e consulte os links propostos na área ”Para Organizar o seu trabalho e Saber Mais”.

 

Adeus, Lenin! é um filme muito rico tanto no conteúdo como na linguagem que apresenta. Embora seja um filme de linguagem atraente para os jovens, é um filme europeu, portanto, em muitos aspectos difere do ritmo dos filmes norte-americanos mais populares entre os jovens. É um filme que pode ser visto como uma comédia ligeira, mas que, se bem aproveitado, tem complexidade e potencial para ser eixo de um semestre inteiro de atividades. Uma de suas qualidades é transitar por diversos gêneros: comédia, romance, drama, trazendo ainda densas informações sobre a história política contemporânea. 

Para que o filme Adeus, Lenin! seja melhor aproveitado, o ideal é que esteja inserido em um projeto interdisciplinar que envolva as Ciências Humanas e as disciplinas de Linguagens e Códigos, mas, se isso não for possível, pode ser utilizado por apenas uma ou duas disciplinas. O importante é que ele NÃO seja o desencadeador do tema e, sim, seja assistido pelos alunos depois destes adquirirem alguma base sobre o contexto histórico político da Guerra Fria e queda do Muro de Berlim. 

 

2ª Etapa: Ciências Humanas – pesquisa prévia

As várias disciplinas da área de Ciências Humanas podem propor uma pesquisa sobre o contexto do filme, trabalhada semanas ANTES da exibição do filme, com propostas como essas:

– O que foi a formação do bloco socialista durante e após a 2ª Guerra mundial, derrota alemã, Plano Marshall (1947) e a construção do muro de Berlim (1961). 

– O que foi a Era Gorbachev, a reforma econômica (Perestroika) e a reforma política (Glasnost); A mudanças políticas na Polônia e na Hungria e sua influência para a queda do muro de Berlim;

– Conferência de Potsdam e a nova partilha mundial entre capitalistas e socialistas; a Guerra Fria e a nova ordem mundial; 

– O pensamento marxista; Max Weber e “A ética protestante e o espírito do capitalismo”; a ideologia no pensamento marxista; 

 

3ª Etapa: Exibição do Filme.

O filme tem duas horas de duração e deve ser exibido de uma única vez, sob pena de perder o impacto do roteiro. Por este motivo, sua utilização deve ser planejada para aulas “dobradinhas”, em semanas de projetos ou no contraturno das aulas. Mesmo que os alunos tenham informações sobre o contexto do filme (1ª etapa), sempre é bom fazer uma introdução, situando rapidamente que o filme se passa no período de unificação das duas Alemanhas e que a trama revela uma história pessoal entrelaçada a um processo sócio-político (isso pode evitar que os alunos se atenham apenas aos aspectos individuais do personagem Alex).  

4ª Etapa: Ciências Humanas – debates e pesquisa

Imediatamente após a apresentação do filme, algumas perguntas podem ser feitas aos alunos para desencadear o debate, por exemplo: Quem foi Lenin? Qual o sentido do título do filme? O que quer dizer a cena em que Christiane assiste à retirada da estátua de Lenin?

As disciplinas de Ciências Humanas devem atentar para a complexidade dos fenômenos sócio-políticos tratados na obra. No início do filme, fica claro que Alex discorda da falta de liberdade política do país em que vive (RDA). No entanto, o mundo capitalista também é mostrado com criticidade, uma vez que a rapidez com que as mudanças acontecem determina a desigualdade com que se deu a unificação, mostrada, por exemplo, na desvalorização da moeda da RDA e no desemprego.

Quando Alex resolve mentir à mãe sobre os fatos políticos recentes, ele não tem ideia do quanto essa mentira se complicará, mas ele começa a gostar da brincadeira e passa a dedicar todo o seu tempo no refinamento da mentira, o que é duramente criticado por sua irmã e por sua namorada. Mas aos poucos, o espectador pode perceber que a brincadeira se torna para ele uma forma de projetar um desejo de unificação. Não aquela que ele está vivendo, mas uma unificação ideal, onde ele possa unir a liberdade política à defesa da igualdade social.  Seu programa de telejornal final (quando a mãe está morrendo) revela esse desejo. A morte da mãe pode ser interpretada também como a morte da sua pátria, a Alemanha Socialista.

 

Pode-se discutir a Guerra Fria como uma época de bipolaridade: mundo socialista X mundo capitalista. A queda do muro seria o fim desse período. No momento imediatamente posterior à queda do muro, apregoou-se uma “vitória do mundo capitalista”, discurso que foi desautorizado principalmente após as crises do sistema capitalista, por exemplo a de 2008, nos EUA e a mais recente na Europa. 

 

Pode-se propor pesquisas posteriores ao debate sobre o filme Adeus, Lenin! definindo grupos de alunos que pesquisem alguns temas e depois se apresentem formando um painel. Temas possíveis:

• Como está a economia da Alemanha hoje? Quais as diferenças entre o lado ocidental e oriental hoje?

• O que foi o Consenso de Washington e o pensamento único?

• Como ficou o desenvolvimento dos outros países do bloco socialista após a queda do muro de Berlim?

• Como foi a Copa do Mundo de Futebol em 1990 (citada no filme), em que a Alemanha Ocidental foi campeã? Como interpretar a torcida dos alemães orientais, no filme, pela vitória da Alemanha?

• Que outros filmes tratam desse período da queda do muro de Berlim?

 

 

5ª Etapa: Língua Portuguesa e Arte

A solução encontrada por Alex para continuar enganando sua mãe sobre os acontecimentos políticos da época foi criar vídeos como se fossem telejornais, editados de acordo com a sua intenção. Seu amigo Denis, que sonhava ser um cineasta, é que o ajuda, pois tinha domínio técnico para realizar essas edições. 

O filme traz uma ótima oportunidade para se discutir os telejornais e como eles são realizados. O senso comum entende que o telejornal “apresenta os fatos mais importantes que aconteceram no mundo”. Pouco se reflete sobre o processo de escolha das notícias, a intenção do diretor do telejornal e da emissora, além da entonação e interpretação das notícias pelos repórteres de televisão (que criam verdadeiros melodramas para as notícias). Uma mesma notícia pode ser apresentada de diversas maneiras, dependendo da ênfase que se dá a esta ou aquela testemunha, da ordem dos acontecimentos apresentados, à fala muitas vezes direcionadora dos repórteres, entre outras possibilidades de manipulação de uma notícia. 

 

A articulação entre os (as) professores (as) de Arte e Língua Portuguesa pode aproveitar os debates sobre o filme Adeus, Lenin! para realizar com os alunos um telejornal ou documentário, com fatos enganosos, de forma que se auxilie na reflexão crítica sobre a produção audiovisual assistida por eles. Outra opção é apresentar a mesma notícia com ordens diferentes, mostrando como o resultado e a interpretação podem ser opostos. 

Não se trata aqui de se transmitir uma visão pessimista (ou apocalíptica, como se diz nos estudos de Comunicação) de que os meios de comunicação são manipuladores e de que toda informação veiculada pela TV é falsa, mas mostrar com a atividade que existem muitas formas de se produzir uma informação e que todo produto audiovisual é sempre resultado de escolhas e de intencionalidades.   

 

Materiais Relacionados

• Um profundo e interessante artigo acadêmico (da UFRJ) pode permitir que o professor se aprofunde na reflexão sobre a construção de uma outra unificação alemã, não nos moldes como os fatos realmente aconteceram, mas numa perspectiva utópica, mais positiva, como o diretor (por meio do personagem Alex) sonharia. O artigo encontra-se no link: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/viewFile/7304/4778

• A cena que dá nome ao filme (helicópteros carregando a estátua de Lenin) possivelmente é inspirada em dois outros filmes. Um deles é a “A Doce Vida”(1960), de Federico Fellini, que traz uma cena em que um helicóptero carrega uma estátua de Jesus Cristo. O outro filme chama-se “Um Olhar a cada”(1998), de Theo Angelopoulos. Neste (foto abaixo) uma enorme embarcação transporta pedaços de uma estátua de Lenin, na Europa mediterrânea. Ironicamente, a população pobre, à beira do rio, reza e se benze ao ver a estátua passar. 
• Outros filmes que podem se relacionar com esta proposta: “Asas do Desejo” (1987), de Wim Wenders e “A Vida dos outros” (2006), de Florian Henckel von Donnersmarck. 
• Dois filmes, do cineasta sérvio Emir Kusturica, também abordam a mentira como forma de sustentação dos regimes socialistas: “Quando papai saiu em viagem de negócios” (1985) e “Underground – Mentiras e Guerra” (1995). 
 

Arquivos anexados

  1. Cinema e Educação: Adeus, Lenin!

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