Conteúdos
Leitura, interpretação e produção de texto.
Objetivos
• Conhecer uma história do gênero literário nonsense.
• Reconhecer as múltiplas interpretações e frases ambíguas presentes no texto.
• Vivenciar os momentos de leitura como fonte de prazer e divertimento.
• Produzir textos a partir de um binômio fantástico.
Caro professor, antes de iniciar as atividades sugeridas neste plano de aula, consulte os materiais da aba “Para Organizar o seu Trabalho e Saber Mais”. Na aba “Material de Apoio” você encontra este plano de aula disponível para download.
1ª Etapa: Início de Conversa
Alice no País das Maravilhas é um dos mais importantes clássicos da literatura infanto-juvenil produzidos até hoje. Foi escrito na metade do século XIX por Lewis Carroll, pseudônimo do escritor inglês Charles Lutwidge Dodgson. Por ser também matemático, o autor cria em sua obra uma constante brincadeira com a linguagem, tornando a comunicação oral passível de múltiplas interpretações e recheada de enigmas. Num universo mágico, enriquecido por inesquecíveis personagens fantásticos, essa narrativa nos leva a percorrer a aventura de Alice em busca de sua própria identidade, pois num mundo tão nonsense a personagem começa a duvidar de quem realmente é.
2ª Etapa: Apresentação do autor e contexto histórico de Lewis Carrol
Organize sua aula de maneira a apresentar aos alunos um pouco do contexto histórico da criação da obra Alice no País das Maravilhas. Para mais informações veja a biografia de Lewis Carroll no link 1 da aba “Para Organizar o seu Trabalho e Saber Mais”. A maioria dos alunos deve conhecer a história e lembrar da adaptação ao cinema realizada pelos estúdios Walt Disney.
Esse é momento para o levantamento do conhecimento prévio do grupo a respeito da narrativa e também boa oportunidade para formularem perguntas a respeito dos personagens, da história, do desfecho, e, principalmente, situarem a história como representante do gênero literário ‘nonsense’ e perceberem que, durante a leitura do livro, podem identificar as partes que caracterizam essa classificação.
3ª Etapa: Apresentação: Leitura da adaptação “Alice no País das Maravilhas”
Realizar a leitura em capítulos de uma das adaptações do livro “Alice no País das Maravilhas”.
A cada dia recapitular a história, lembrando e pedindo para que os alunos contem com suas palavras, os principais acontecimentos dos capítulos anteriores. Retomar quais personagens apareceram e que obstáculos Alice enfrentou para atingir seu objetivo.
4ª Etapa: eleção de alguns trechos do texto para análise da interpretação dada pelos diferentes interlocutores
A principal contribuição da obra Alice no contexto literário é romper com a lógica do discurso. Em muitos trechos os diálogos são construídos de maneira que cada um interpreta as frases e as palavras a sua maneira, dando ao diálogo um tom de absurdo e de equívoco.
Selecione dois trechos e analise com os alunos as possíveis interpretações:
1º) Ocorre entre Alice e o Gato de Cheshire um dos diálogos que mais desconstroem a intencionalidade do falante com uma interpretação literal. Perdida, Alice pede ajuda ao Gato para encontrar uma alternativa:
“Poderia me dizer por favor que caminho deveria tomar para sair daqui?”
“Isso depende bastante de aonde você quer chegar”, disse o Gato.
“O lugar não me importa muito…”, disse Alice.
“Então não importa que caminho você vai tomar”, disse o Gato.
“…desde que eu chegue a algum lugar”, acrescentou Alice, como forma de explicação.
“Oh, você certamente vai chegar a algum lugar”, disse o Gato, “se caminhar bastante”.
Alice sentiu que não havia como negar esta verdade (…).
2º) Quando Alice está tomando o chá maluco, ocorre esse diálogo entre ela e o Chapeleiro.
– Que relógio engraçado! – observou . – Ele diz o dia do mês, mas não diz que horas são!
– E por que deveria? – resmungou o Chapeleiro. – Por acaso o seu relógio diz em que ano estamos?
– É claro que não – respondeu Alice mais que depressa. – Mas é porque a gente fica muito tempo no mesmo ano.
– Pois é exatamente isso que acontece com o meu. – disse o Chapeleiro.
Alice ficou terrivelmente confusa. A resposta do Chapeleiro não fazia sentido nenhum para ela, embora a linguagem que ele tinha usado fosse perfeitamente correta.
A resposta é ambígua, pois não se consegue saber se o pronome “meu” utilizado pelo Chapeleiro refere-se ao relógio (e então não marcaria o ano como o de Alice) ou ano (assim o ano dele e de Alice funcionariam da mesma maneira).
5ª Etapa: Produção de texto a partir de um binômio fantástico
Depois da leitura e interpretação do texto, nada como motivar os alunos a criarem seus próprios textos, rompendo com a lógica e dando asas à imaginação. Essa é uma forte característica do livro de Lewis Carroll e que pode ser trabalhada com os alunos do Fundamental I.
Um importante autor italiano, Gianni Rodari, sugere em seu livro “Gramática da Fantasia”, uma interessante técnica de criação de histórias a partir de binômios fantásticos. Como isso acontece?
Ele sugere a criação de uma pequena história a partir da provocação que duas palavras, ou seja, dois conceitos, podem causar quando se encontram. Como se fosse uma faísca para iluminar a imaginação e libertar a mente para criação de uma situação nova e inusitada. Duas palavras se encontram e podem, potencialmente, produzir um grande efeito. É o binômio fantástico. Conceitualmente “é necessário uma certa distância entre as duas palavras, é necessário que uma seja suficientemente insólita, para que a imaginação se veja obrigada a instituir um parentesco entre elas, para criar um conjunto (fantástico) onde os dois elementos estranhos possam conviver.”
Oficina de produção de texto:
• Cada aluno escreve uma palavra num papel coloca dentro da uma pequena caixa.
• Com todas as palavras dentro da caixa a professora chama dois alunos para sortearem uma palavra cada um e a escrevem na lousa. Está formado o primeiro binômio e assim continuam sucessivamente até que todas as palavras tenham sido retiradas para formarem um par estranho.
• Com todas as opções escritas na lousa, os alunos escolhem o binômio fantástico que mais lhes chamou atenção e precisam escrever uma história relacionando as duas palavras. Por exemplo, rato e boné, flor e liquidificador, luz e cimento, música e estátua.
• O professor deve incentivar o aparecimento de elementos mágicos e fantásticos e até mesmo o nonsense na narrativa. Pode-se brincar com o significado das palavras, causando confusões com a interpretação literal de uma frase, sem levar em conta o contexto.
• Dependendo do binômio proposto, é possível imaginar um diálogo entre os objetos ou seres, de maneira que convivam num ambiente fantástico.
6ª Etapa: Revisão das produções e apresentação das historias criadas pelo grupo
Depois de lido e professora sugere uma revisão do texto de acordo com os critérios levantados. Neste tipo de texto os alunos passam a limpo suas histórias, resolvendo os problemas de ortografia e coesão. É importante realçar que o fantástico e rompimento da lógica são possíveis e um importante componente da narrativa.
A revisão deverá acontecer em relação aos aspectos gramaticais do texto, como pontuação de discurso direto e indireto, substituição de repetições e ortografia correta das palavras.
Depois de revisadas as histórias, marca-se um dia de apresentação e leitura para todos os alunos da sala.
Materiais Relacionados
1. Leia sobre a biografia de Lewis Carroll
2. Leia “Alice no País das Maravilhas”.
3. Saiba mais sobre o autor, as adaptações e traduções da obra.
4. Veja trechos de Alice no País das Maravilhas, adaptado ao cinema pelos estúdios da Walt Disney.
5. Saiba mais sobre a multiplicidade do discurso em Alice e veja outros exemplos analisados da obra
6. Se quiserem verificar as inúmeras ilustrações feitas do livro ao longo das décadas, é muito interessante.
– Link 1
– Link 2
7. Leia previamente a obra. Sugerimos a edição versão “Carroll, Lewis. Tradução de Sevcenko, Nicolau. Editora Cosac e Naify.
Leia também:
Rodari, Gianni. Gramática da fantasia. São Paulo, Summus, 1982.