Conteúdos

Adolescência e Sexualidade
Houve uma vez dois Verões / Antes que o Mundo Acabe / As Melhores Coisas do Mundo

Objetivos

Refletir sobre elementos constituintes dos filmes que possam propiciar uma discussão sadia e divertida sobre temas referentes ao universo dos jovens e da atualidade.
A partir da correspondência entre os filmes, desenvolver um projeto interdisciplinar que possa abarcar conteúdos da literatura, da filosofia, da sociologia entre outros campos.
Refletir sobre as relações estabelecidas entre as personagens dos filmes, relacionando-as com as situações reais e com os campos do conhecimento.

1ª Etapa: Os Filmes


HOUVE UMA VEZ DOIS VERÕES é o primeiro longa-metragem de Jorge Furtado, produzido em 2002 pela Casa de Cinema de Porto Alegre. A história é de Chico e Juca, dois amigos, com aproximadamente 16 anos, cujas famílias não têm recursos para financiar férias na praia em alta temporada. Só lhes resta, então, tentar se divertir na primeira quinzena de março, em uma praia quase deserta. As poucas garotas interessantes parecem já ter namorado e a chance deles conseguirem perder a virgindade parece remota. Eis que uma garota bonita e descolada parece cair do céu e transa com Chico, deixando-o completamente apaixonado. A garota desaparece e o procura um mês depois, informando que está grávida. Muitas idas e vindas acontecem, prevalecendo o olhar apaixonado de Chico para uma garota com todos os indícios de ser uma golpista, apesar dos avisos de seu hilário amigo Juca. Romantismo, fliperama, provas da escola, ingenuidade, garotas idealizadas e discussões sobre iniciação sexual recheiam esse filme aparentemente despretensioso. Mas é na simplicidade, tanto na trama como nos recursos de filmagem, que residem a riqueza da obra.

Direção e Roteiro: Jorge Furtado  Duração: 75 min.

Elenco: André Arteche, Ana Maria Mainieri, Pedro Furtado, Júlia Barth, Victória Mazzini e Marcelo Aquino.

ANTES QUE O MUNDO ACABE é o primeiro longa metragem em que Ana Luíza Azevedo assina a direção, embora ela já tivesse seu nome bastante conhecido como co-roteirista e assistente de direção, principalmente ao lado de Jorge Furtado. Neste filme, a narradora é uma criança, a irmã mais nova de Daniel – o protagonista de 15 anos de idade. A trama se passa em uma cidadezinha do interior do Rio Grande do Sul, com muitas bicicletas, onde a vida é aparentemente muito previsível. Eis que Daniel vê seu chão se abrir quando começa a receber cartas de seu pai, que nunca o conheceu. Daniel se vê obrigado a lidar com sentimentos que estavam sufocados, evitados, ligados à rejeição desse pai que agora insiste em reaparecer por meio de cartas misteriosas. Soma-se a essa novidade: a indecisão da namorada, problemas com seu melhor amigo e a iminência de ter que continuar os estudos em uma cidade maior. Em meio a todas essas questões, ele será chamado a realizar suas  primeiras escolhas adultas e descobrir que o mundo é muito maior do que ele pensa. O filme é uma adaptação do livro homônimo de Marcelo Carneiro da Cunha (gaúcho como a cineasta). Abordagem delicada e bem humorada de valores ligados à família, namoro, amizade e da insegurança do futuro. 

Direção: Ana Luísa Azevedo (Casa de Porto Alegre)  Duração: 102 min.

Elenco: Pedro Tergolina, Eduardo Cardoso, Blanca Menti, Janaina Kremer, Mauro Grossi.

Roteiro: Paulo Halm (com contribuição da diretora, de Jorge Furtado e Giba Assis Brasil)

AS MELHORES COISAS DO MUNDO (Brasil, 2010)

Este filme é o terceiro longa metragem dos premiados cineastas Laís Bodanzky e Luiz Bolognesi. É inspirado nos livros da série “Mano”, de Gilberto Dimenstein e Heloísa Prieto. O protagonista é Mano que tem 15 anos, sonha em tocar guitarra para agradar as meninas, deseja a menina “gostosa” da escola, circula de bicicleta pela cidade e vai na onda da turma, tentando ser “popular”. A separação dos pais o coloca em situações difíceis, sobre as quais ele desabafa com sua melhor amiga Carol. Seu irmão mais velho – Pedro – é uma importante referência em sua vida, porém, durante a crise familiar, ele revela maior fragilidade que Mano. Os adultos – pais e professores – são de carne e osso, isto é, também têm duvidas sobre suas opções, nem sempre dão conta de compreender o que se passa com seus filhos, nem sempre são coerentes. Uma instância formadora privilegiada na trama é o professor de violão de Mano, que é sensível às suas dores e o desafia no aprendizado musical como fortalecimento de sua personalidade. O amadurecimento de Mano é simbolizado pela cena inicial – em que ele se imagina tocando guitarra e sendo aclamado por uma multidão – e a cena final em que ele, após treinar muito, aprendeu realmente a tocar bem e está feliz interiormente. A cultura digital é bastante presente, mas nem sempre de forma positiva. Há dois blogs no filme: um que é da menina mais fofoqueira da escola e que pode provocar crueldades, expondo as pessoas (o que podemos chamar de cyberbullying). O outro é o blog de Pedro, irmão de Mano, onde ele desabafa suas angústias, insere suas poesias e tenta dialogar com o mundo adulto. Trata-se de uma abordagem sensível e contundente sobre o bullying e suas nuances, mostrando, através do drama de Mano, o pavor que os adolescentes sentem pela possibilidade de serem “zoados” pela turma.

Direção: Laís Bodanzky Duração: 107 min.

Elenco: Francisco Miguez, Fiuk, Gabriela Rocha, Denise Fraga, ZeCarlos Machado, Paulo Vilhena, Caio Blat, Gustavo Machado e outros.

Roteiro: Luiz Bolognesi (inspirado na série de livros “Mano”, de Heloísa Prieto e Gilberto Dimenstein)

 

2ª Etapa: Algumas possibilidades de abordagens

Sexualidade:

Prevenção: tanto no filme As Melhores Coisas do Mundo como em Houve uma vez dois verões, aparece a necessidade de se usar camisinha nas relações sexuais. No primeiro filme, é a mãe que dá a camisinha ao filho (que desdenha, porém, depois utiliza); No filme gaúcho não há a presença dos pais e o garoto vacila em não usar camisinha;



Diferenças culturais entre os gêneros: por que os meninos devem sair com muitas meninas para serem considerados “os bons” e as meninas que namoram vários são chamadas de “galinhas”?

Nos três filmes os protagonistas são garotos. Como as meninas são representadas nos três filmes?

O filme Houve uma vez dois verões traz a discussão sobre a gravidez não planejada. Como os adolescentes lidam com essa situação? Há romantismo por parte dos adolescentes quanto a tornarem-se pais e mães? Há casos de gravidez precoce na escola? Se houver, como os colegas reagiram e/ou deram apoio? Como prevenir a gravidez e as doenças sexualmente transmissíveis?



Relações familiares:

Tanto no filme Antes que o Mundo Acabe como em As Melhores Coisas do Mundo, os adultos são frágeis, desatentos, inseguros, injustos (diretores das escolas dos dois filmes), “falíveis”;



Exemplos:

• o pai de Daniel (Antes que o Mundo Acabe) foi omisso, mas agora quer se aproximar do filho; Ele foi ausente como pai, porém, Daniel descobre que ele tem uma profissão notável (fotógrafo);

• a mãe de Mano (As Melhores Coisas do Mundo) tenta ser coerente, ao não permitir que o filho ridicularize seu ex-marido, porém, também apresenta seus momentos de fraqueza e de ingenuidade, ao contar detalhes de sua separação à mãe do colega de Mano;

• A cena da quebra dos ovos (As Melhores Coisas do Mundo) é um momento de catarse e de profunda aproximação mãe e filho, uma cena memorável que pode fomentar o diálogo sobre as relações familiares;  o filho acalma sua mãe e oferece seu apoio;

• Nos filmes As Melhores Coisas do Mundo e Antes que o Mundo Acabe há a presença de novos formatos de famílias. Uma boa atividade seria uma pesquisa na escola sobre as famílias e seus novos formatos e como antigamente as separações de casais eram encaradas pela sociedade, assim como as relações homossexuais.

Bullying (As Melhores Coisas do Mundo e Antes que o Mundo Acabe)

• Como os dois filmes abordam esses casos de violência?

• Como Mano se recupera e dá a volta por cima?

• Discussão sobre os preconceitos existentes na escola e naturalizados em nosso cotidiano; por que a necessidade de sermos iguais a uma turma? Como os adolescentes lidam com as diferenças?

Literatura:

• Dois dos três filmes (As Melhores Coisas do Mundo e Antes que o Mundo Acabe) são inspirados em livros, porém, trazem diferenças nas narrativas (por exemplo, no livro de Marcelo Carneiro da Cunha a narração é da avó e, no filme, é feita pela irmã menor, o que traz muita graça ao filme).

Materiais Relacionados

O ideal é que os três filmes sejam exibidos integralmente e que a exibição esteja integrada a um projeto interdisciplinar, pois pode ser exibido ou em alguma sessão de cineclube (fora do horário normal de aula) ou em aulas duplas (da mesma matéria ou compostas por disciplinas integradas ao projeto);

Na perspectiva interdisciplinar, os professores envolvidos devem assistir aos filmes com antecedência e discutirem os eixos escolhidos para os debates;

Especialmente sobre as questões da sexualidade, é muito importante a conversa prévia entre os professores, abrindo-se ao máximo para a pluralidade de opiniões, pois há uma tendência natural que se transmitam valores pessoais nesse quesito.

Os filmes Houve uma vez dois verões e Antes que o mundo acabe são produções gaúchas da Casa de Cinema de Porto Alegre. Acesse aqui para saber mais sobre os diretores, as produções citadas e a proposta dessa importante iniciativa cultural.

No site do oficial do filme As Melhores Coisas do Mundo estão disponíveis outras possibilidades do uso educativo do filme, além das que sugerimos aqui. Confira mais!

Os realizadores do filme As Melhores Coisas do Mundo também são responsáveis por projetos socioeducativos, clique aqui e saiba mais.

Se os professores optarem por tratar das relações geracionais presentes nos filmes, a atividade pode ser combinada com a música Pais e Filhos, do grupo Legião Urbana, cuja letra fala que os pais “são crianças como você”. Confira aqui a letra completa.

Arquivos anexados

  1. Adolescência e Sexualidade

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