Conteúdos

– O Antigo Regime e a configuração social da França   absolutista
– A organização do Terceiro Estado e o início da   revolução
– A queda de um símbolo: a queda da  bastilha

Objetivos

Compreender a configuração política, econômica e social da França no contexto pré-­-revolucionário.

Compreender quais os princípios iluministas que impulsionaram a luta do Terceiro Estado contra o absolutismo de Luís XVI.

Compreender a importância da queda da Bastilha.

Compreender  e  relacionar  os  grupos  e  posições  políticas  do  Terceiro  Estado  com  as  divisões  político-­- ideológicas atuais.

Compreender o período conhecido como o “Terror” e as representações históricas em torno da figura de Robespierre.

1ª Etapa: Apresentação do Tema

Antes de iniciar as atividades, consulte os conteúdos sugeridos na aba Para organizar o trabalho e saber mais.

Apresente o tema da Revolução Francesa e questione os alunos, primeiramente, o que é revolução e o que eles sabem/entendem sobre a revolução em questão. Essa atividade visa construir o conceito histórico de revolução, mas também levantar as representações históricas dos alunos em torno da tão popularizada Revolução Francesa.

Desse modo, anote na lousa os significados e interpretações dos alunos para o conceito revolução. Também as representações históricas: fatos, personagens, importância histórica etc. da Revolução Francesa. Depois das anotações, explique a origem de tais representações históricas, que em muito são moldadas por filmes, desenhos, animações (a indústria cultural). Importante frisar também a diferença entre revolta, movimento e revolução, pois os alunos tendem confundir tais significados. Se necessário, peça aos alunos lerem o texto O que é Revolução? (link 1)e proponha um tira-dúvidas coletivo, a fim de trocar pontos de vista, argumentos, interpretações, mas também para a definição do conceito histórico.

2ª Etapa: Procedimentos de Leitura

Após esta apresentação do tema e a definição ao conceito histórico sobre a Revolução Francesa, peça aos alunos que leiam o texto ‘A Revolução Francesa, link 6 e  que façam uma leitura individual orientada, a partir de alguns pontos-chaves, respondendo-os ou criando legendas através de diferentes cores (com lápis de cor ou canetas marca-textos), permitindo ao aluno uma leitura mais atenciosa e detalhada do texto:

Pontos-chaves: O contexto político-social da França pré-revolucionária |A divisão social no Antigo Regime francês |A definição e composição social do Terceiro Estado |Os motivos que fizeram o Terceiro Estado a se rebelar contra o rei francês | A importância histórica da Queda da Bastilha.

Selecione os pontos importantes que gostaria de ressaltar/trabalhar do texto. Depois, em uma leitura coletiva, peça aos alunos compartilharem os trechos e parágrafos do texto onde estão tais informações selecionadas, aproveitando para explicar e tirar dúvidas. Dessa forma, os alunos conseguem avaliar os erros de interpretação de texto, podendo se autorregular nesse processo.

3ª Etapa: Exibição e análise crítica da animação

Exiba a animação, o trailer do jogo Assassins Creed – Unit, link 10, que apresenta o tema da Revolução Francesa. Importante ressaltar que o vídeo apela demasiadamente para as ações violentas, já que consiste em um jogo de videogame e, portanto, exagera ao narrar alguns fatos históricos. Oriente os alunos para fazer registros no caderno daquilo que o vídeo mais chamou a atenção e que gostaria de destacar.

Depois de apresentado o trailer do jogo, peça aos alunos que socializem os destaques. Geralmente, a atenção dos alunos recai exatamente às ações do Terceiro Estado contra a corte francesa, assim como a fase do terror, intimamente relacionado à figura do jacobino Robespierre, que na película é apresentado como uma pessoa fria e calculista, que saia cortando cabeças sem critérios sociais e políticos. Desse modo, é importante mostrar aos alunos que todo vídeo, assim como toda produção (texto, imagem, desenho etc.), não é isento de posicionamento e que em sua construção foram feitas escolhas, recortes e seleções de informações, portanto, com algum propósito. No caso, o trailer tem uma intenção clara de ordem mercadológica, já que “jogos violentos” acabam tendo mais apelo comercial. De toda forma, a representação histórica do Robespierre como uma figura extremamente racional e sanguinária é uma construção também histórica, que visa culpabilizar apenas uma pessoa pela fase conhecida pelo “Terror”.

Sendo assim, faz-se necessário “ouvir” o próprio Robespierre, dentro de um determinado contexto histórico, político, econômico e social, permitindo uma compreensão maior do contexto e das posições tomadas pelo mesmo, superando uma interpretação histórica em que polariza os “bons” versus os “maus”, ampliando a discussão e demonstrando os diversos interesses e posicionamentos no processo revolucionário.

Dessa forma, peça aos alunos – divididos em duplas ou trios -, lerem o discurso do Robespierre

e que anotem os argumentos utilizados pelo autor sobre a necessidade da atuação extraordinária fora do âmbito legal, ou seja, fora da lei. O trecho possui termos difíceis, portanto, oriente os alunos que procurem no dicionário as palavras/conceitos desconhecidos.

É Importante ressaltar alguns pontos argumentativos do discurso:

• em  situações revolucionárias, faz-­-se necessário uma revisão ou desconsideração das regras, visando um bem maior;

• as situações revolucionárias são tumultuadas e inconstantes – exigindo uma outra postura à realidade, que não passa, necessariamente, pela ordem das leis;

• a  revolução,  dita  pelo  autor,  é  um  momento  de  transição  –  não  de  anarquia  -­-,  pois  a  repressão  de determinadas leis visa a construção de outras, no caso, republicanas;

• para os jacobinos (uma informação a mais) acreditavam que eliminar os opositores – numa situação de conflitos e guerras -­-, permitiria a construção de uma República.

A  análise  de  discursos,  portanto  de  um  documentos  históricos,  permitem  uma  relativização  dos  nossos  pré-­- conceitos, pois nos inserimos no contexto social estudado, permitindo uma aproximação, uma compreensão mais global.

4ª Etapa: Aula expositiva dialogada

A partir do texto, da animação e das questões levantadas e discutidas, construa uma aula expositiva sobre a Revolução Francesa com determinados conteúdos:

Antigo Regime e a configuração social da França absolutista:
– explique (ou retome) o contexto do absolutismo e mercantilismo francês, ressaltando o poder absoluto do rei, no qual intervinha em todos os aspectos da vida social de seu reino (política, economia, religião, militar etc.), legitimado pelo direito divino dos reis.

– a partir do texto lido pelos alunos, peçam para que os mesmos digam qual a composição da pirâmide social da França do Antigo Regime; apresente a imagem 1 e os questione sobre as representações sociais presentes na figura; reitere a representação do Terceiro Estado sustentando (trabalho e pagamento de impostos) os demais estados, sendo o primeiro estado a do próprio rei (nobreza) e o segundo, a representação do clero.

A organização do Terceiro Estado e o início da revolução:
– explicar o contexto de crise na França: gastos exorbitantes com o luxo das cortes; auxílio e financiamento  das  lutas  de  independência  dos  EUA;  más-­-colheitas  nos  campos  franceses:  falta  de alimentos e elevação dos preços; assaltos e    saques.

– explicar a estratégia do rei Luís XVI para achar uma solução à crise: convocação da Assembleia dos Estados Gerais e o voto por cabeça; a resposta do Terceiro Estado organizando uma Assembleia Nacional Constituinte e a marcha de protestos à Bastilha, antiga prisão de presos políticos.

A queda de um símbolo – a queda da  bastilha:
– explique o que foi a queda da bastilha e a resposta da guarda real; leia coletivamente o trecho

e reitere que mudanças e transformações sociais sempre veem acompanhadas de rupturas simbólicas, no caso, sendo a bastilha uma prisão política, a sua queda representa o fim da velha ordem absolutista abrindo espaço para princípios de liberdade; por isso, a data de comemoração nacional francesa.

– mostre as imagens 2 e 3, que respectivamente representam o despertar do Terceiro Estado, ou seja, a tomada de consciência de que era necessário uma revolução política e social; e uma representação da queda da bastilha.

O Terceiro Estado -­-  os jacobinos, os girondinos e a   planície:
– explique que o terceiro estado era heterogêneo, ou seja, era composto pela burguesia, pela pequena-­- burguesia  (sans  cullotes)  e  trabalhadores  do  campo  e  da  cidade;  dessa  forma,  as  posições  políticas também não eram homogêneas, os quais estavam organizadas em grupos políticos: os jacobinos (sentados à esquerda da assembleia) – eram os mais radicais e queriam mudanças profundas, tais como o estabelecimento de uma república democrática, seguindo princípios iluministas; os girondinos (sentados à direita da assembleia) – camada mais abastada do terceiro estado – tinham uma postura mais conservadora, defendiam uma monarquia constitucional parlamentarista; a planície ou pântano (ao centro) – um grupo oscilante, que ora concordava, defendia e votava proposta dos jacobinos, ora dos girondinos;

– importante frisar que a configuração política atual, embora haja diferenças, ainda obedece essa divisão estabelecida no processo revolucionário francês, dividindo posições e “partidos” em esquerda, direita e centro. Explique os períodos da Convenção (jacobina) e do Diretório (girondinos) e as diversas medidas tomadas nesses  governos.

A fase do Terror:
Retomar a discussão feita após a animação e explicar o que era e como funcionava o Comitê de Salvação Pública e prática da decapitação a guilhotina; explicar de que forma os ideais republicanos passaram a encerrar posturas e medidas ditatoriais.

O  iluminismo e a revolução:
– a partir da leitura coletiva d´A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, solicite aos alunos que destaquem os princípios iluministas presente no documento; reiterar a importância dos princípios iluministas para as revoluções americana e francesa; apontar que mesmo superando a lógica do Antigo Regime, tal revolução não abrangia as mulheres, ainda alijadas de participação política.

Observação: essa seleção de temas e recorte apenas é uma sugestão. Altere a sequência e a seleção de temas a partir da sua necessidade e do enfoque de suas aulas.

5ª Etapa: Trabalho final

Um dos grandes legados da Revolução Francesa é a possibilidade do debate, da discussão, da discordância – ou seja -­-, da liberdade política e de expressão. Mediante a isso, sugiro a construção de uma assembleia, dividindo a sala em partidos: os jacobinos, os girondinos e a planície. A escolha do tema a ser debatido pode ser levantado conjuntamente e é importante de que o mesmo seja polêmico e que possibilite mais de uma interpretação/solução, exemplos: “Porte legal de armas”, “Redução da maioridade penal”, “Aborto” etc.

Exemplos de critérios:

– a posição e defesa de propostas dos grupos precisa estar condizente com os princípios do “partido” do qual faz parte; eis aqui um exercício de busca de coerência entre teoria e prática. Esse trabalho pode ser orientado pelo texto Política: O que é ser esquerda, direita, liberal e conservador?

– pesquisar posições de partidos de direita, esquerda e centro sobre o tema em questão e veja como são organizados os argumentos e como são feitas as propostas.

– a discussão e debate em assembleias pressupõe o respeito à democracia, portanto, à liberdade de expressão e opinião.

– a sustentação de uma posição e/ou propostas se faz com argumentação e não desqualificações.

Finalizada a construção dos argumentos e propostas, realize uma assembleia. O objetivo, para além de “ganhar” uma discussão é demonstrar aos alunos o funcionamento de fóruns de discussão da própria democracia.

Depois de realizada a assembleia, conjuntamente com os alunos, mostre qual partido conseguiu atender os critérios, permitindo, assim, uma avaliação dos erros e um apontamento de potencialidades apresentadas nos grupos.

Materiais Relacionados

1. SOUSA, Rainer Gonçalves. O que é Revolução?; Brasil Escola.

2. PAULA, Guilherme Tadeu de. O sentido positivo do terror para os jacobinos. Revista: Teoria & Sociedade, n. 23.2, jul-dez. 2015.

3. A Revolução Francesa – History Channel;

4. GRESPAN, Jorge. Revolução Francesa e Iluminismo. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2012.

5. VOVELLE, Michel. A Revolução Francesa explicada à minha neta. São Paulo: Editora Unesp, 2005.

Compartilhe as imagens com os alunos:

7. http://bit.ly/2fCIYr4

8. http://bit.ly/2gn6BVX

9. http://bit.ly/2gq87HM

10. Assista ao vídeo “Assassin’s Creed Unity” sobre a Revolução Francesa e compartilhe com os alunos;

11. Prepare cópias dos trechos para ler com os alunos;

12. Leia e compartilhe com os alunos o documento abaixo “A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”.

Arquivos anexados

  1. A Revolução Francesa

Tags relacionadas

0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments

Receba NossasNovidades

Receba NossasNovidades

Assine gratuitamente a nossa newsletter e receba todas as novidades sobre os projetos e ações do Instituto Claro.