Conteúdos

– O socialismo com economia de mercado
– China e comunismo
– O mercado global e a China no século XXI

Objetivos

– Compreender o fim das dinastias e o processo revolucionário
– Entender como se deu a guerra entre nacionalistas e comunistas
– Apresentar a Revolução Cultural

Previsão para aplicação:
3 aulas (50 min/aula)

1ª Etapa: Da China dinástica à “comunista”

A China é um país que fica na Ásia Oriental. O continente asiático é composto, além do país em questão, por 49 outras nações. Entre eles, destaque para o Afeganistão, Arábia Saudita, Cazaquistão, Catar, Camboja, Coreia do Norte e do Sul, Filipinas, Iêmen e muitas outras nações. A Ásia é o continente mais extenso da terra, com 43 milhões de Km² e com mais de quatro bilhões de habitantes.

A República Popular da China é o terceiro maior país do mundo com uma população de 1,386 bilhões de pessoas (Banco Mundial, 2017). Hoje, ela é comandada pelo Partido Comunista Chinês (PCC), portanto, é monopartidária. Seu sistema de eleição é um misto de eleição direta e indireta. A primeira se dá por meio das eleições distritais, por onde são formados os Congressos do Povo (espécie de Câmara local), estes Congressos têm como missão eleger, para todos os níveis superiores do poder, representantes até chegar no Congresso Nacional do Povo. Nesta etapa, cabe ao Comitê Central do PC aprovar ou não os nomes indicados.

Porém, nem sempre foi assim na China, antes de sua fase comunista foi governada por Dinastias.

A china imperial

A queda da china dinástica está vinculada com três momentos importantes de sua história: a “Guerra do Ópio”, em 1840; o Movimento 4 de Maio, de 1919 e a Proclamação da República, 1949. É nesta sequência de conflitos que colocavam de um lado uma dinastia milenar que não queria renunciar a seus privilégios e, do outro, uma imensa população que não aguentava mais trabalhar horas a fio para a manutenção de um sistema – dinástico – considerado cada vez mais injusto entre a população.

Porém, a revolta dos trabalhadores e camponeses nos leva para os tempos feudais da China. De acordo com Pomar (2017), a guerra entre a unificação do território (que desde o seu embrião possuía um caráter nacionalista) e entre aqueles inclinados a manter a China dividida em feudos comandados por dinastias locais, data do século III a.c. Portanto, além dos três fatores históricos citados em nosso primeiro parágrafo, outro fator que vai levar a China à Revolução Comunista é a unificação nacional do território, esta luta será travada por mais de dois mil anos.

Para que possamos melhor entender a história desse país que possui uma cultura rica e milenar, se faz necessário uma cronologia das dinastias que governaram o território chinês: Dinastia Xia (século XXI a XVII a.c), Dinastia Shang (XVII a XI a.c), Dinastia Zhou ( XI a 256 a.c), Dinastia Qin (221 a 207 a.c), Dinastia Han (206 a.c a 220 d.c), Dinastia Sui (581 a 618 d.c), Dinastia Tang (618 a 906 d.c), Dinastia Song (960 a 1279 d.c), Dinastia Yuan (1279 a 1368 d.c), Dinastia Ming (1368 a 1644 d.c), Dinastia Qing (1644 a 1911 d.c).

Cabe destacar que além dos conflitos entre a massa trabalhadora e camponesa, também havia uma luta entre as classes dominantes que originavam as dinastias que passavam a dominar parte do território chinês. Como podemos observar, foi uma luta que durou séculos até que em 1911, com a derrocada da Dinastia Qing, seria fundada a República da China. A partir de então, um novo conflito seria travado entre os nacionalistas e os comunistas, essa guerra duraria mais de trinta anos e só terminaria em 1949, quando a República Popular da China seria proclamada. Porém, a história da China não pode ser lida nem entendida de maneira linear, seja pela complexidade geográfica, seja pela ausência de materiais que deem conta de uma narrativa tão longínqua. Portanto, vamos nos centrar no período revolucionário e suas raízes.

As raízes da revolução chinesa 

Posteriormente a proclamação da República, em 1911, a China ainda não era um território homogêneo e nem possuía um Estado centralizador. O país era dividido por regiões dominadas por senhores de guerra e fazendeiros que possuíam exércitos próprios e que viviam em estado de guerra. A ausência de um Estado centralizador foi uma das principais condições para o surgimento dos novos movimentos nacionalistas e revolucionários que vislumbravam uma China unificada.

Na mesma época em que foi proclamada a República, foi fundado o Partido Nacional do Povo (Guomindang), pelo Dr. Sun Yat-sen. Juntamente com a fundação do partido, foram declarados os Três Princípios do Povo: Nacionalismo, Democracia e Bem-estar do povo. Essa tríade marcaria toda a existência do Partido Nacional do Povo que também estaria alicerçada na ideologia de que a burguesia nacional deveria ser responsável pela transformação da China.

Porém, a elite chinesa, que nesta época ocupava o lugar das dinastias, não se diferenciava muito destas: explorava e guerreava contra a massa da população. Essa condição precária social da China e a Revolução Russa, em 1917, fariam com que em 1921 fosse fundado o Partido Comunista da China. A partir de então, três forças se digladiariam nesse período de transformação do país: os nacionalistas, os comunistas e a burguesia. Em 1923, por iniciativa do líder do Partido Nacional do Povo, os Três Princípios foram reformulados para as Três Grandes Políticas do Povo: cooperação com os comunistas, cooperação com a União Soviética e atenção aos operários e camponeses. Porém, a relação e cooperação entre os nacionalistas e os comunistas não durariam muito.

Apesar da vontade de Sun Yat-Sen de cooperar com os comunistas, havia forças dentro do Partido Nacional do Povo que eram contra a ideologia comunista: a burguesia nacional, os militaristas e os latifundiários. Com a morte de Yat-Sen, em 1925, esses setores tomam a frente do partido nacionalista e passam a organizar um golpe contra os comunistas. Liderados por Chiang Kai-check, esse setor rompe com o Partido Comunista da China em 1927. Esse fato histórico deu origem a segunda guerra civil e construiu uma cisão política no país: de um lado, os operários e camponeses representados pelos comunistas e do outro, a burguesia nacional e internacional e os latifundiários, representados pelo Partido Nacional do Povo.

Outro momento histórico faria com que comunistas e nacionalistas se unissem novamente: a invasão do território chinês pelos japoneses, em 1931. E seria este conflito que selaria, definitivamente, o destino da China. Aos olhos da população, na guerra contra o Japão, que durou de 1931 até 1947, o Partido Nacional do Povo não se empenhou para derrotar o inimigo que tinha por objetivo colonizar o território chinês. Os comunistas é que foram identificados pela população como aqueles que lutaram pela liberdade do país. Sendo assim, em 1949 foi proclamada a República Popular da China, porém a estabilidade econômica e social ainda estava longe de acontecer.

O Grande Salto Adiante e a Revolução Cultural 

A partir da proclamação da República Popular, os comunistas tentaram dar continuidade à construção de um Estado que unificasse e organizasse o território chinês, bem como garantisse o bem-estar da população e o acesso aos direitos básicos. Entre 1947 e 1957, os objetivos traçados pelos comunistas prosseguiam – unificação do povo e modernização das estruturas do país. Mas, nessa mesma época, a China lidou com o bloqueio dos EUA, a guerra na Coréia e os interesses nada republicanos da burguesia nacional. Esses fatos quase levaram abaixo a construção do Estado comunista na China.

Uma das estratégias utilizadas pelo Partido Comunista da China para responder ao bloqueio imposto pelos EUA foi o processo de industrialização estatal e criação de cooperativas agrícolas – o fomento estatal às cooperativas no campo permanece até hoje. Para dialogar e explicar à população sobre as transformações do país, os comunistas deram início ao Movimento das Cem Flores, que teve por objetivo discutir e tentar buscar caminhos para combinar o desenvolvimento das forças produtivas e como isso poderia significar em melhorias à vida da população. É neste momento, também, que surgem as primeiras discussões sobre a possibilidade de combinar socialismo com a economia de mercado.

Esse contexto de reconstrução da China acabou por dar espaço para novos agrupamentos contrários a ideologia comunista. Estes grupos passaram a atacar os líderes comunistas e a disseminar entre a população que os responsáveis pela miséria eram os atuais mandatários do território chinês. A resposta do governo comunista foi brutal: os movimentos direitistas foram massacrados e o regime acelerou o processo de coletivização da terra e de estatização da indústria. Esse é um momento onde as teses do campesinato davam o tom das políticas do Partido Comunista da China.

O ano de 1958 daria lugar a outra política ousada, na época, do regime comunista: o Grande Salto Adiante (1958-1960), que tinha por objetivo mobilizar a população em favor da Revolução por meio da ideologia e políticas de massas, mas o Grande Salto não aconteceu. Em 1964 foi apresentado o programa das Quatro Modernizações (indústria, agricultura, defesa nacional e ciência e tecnologia). Para muitos estudiosos do assunto esse é um momento de “recuo estratégico” e início da combinação entre socialismo e capitalismo na construção da economia chinesa.

As Quatro Modernizações também fracassaram e isso foi o estopim para a “Revolução Cultural”, em 1966. Liderada por Mao Tsé Tung (Mao Zedong), a “Revolução Cultural” tinha como base a ideia radical de que apenas as massas mobilizadas – em especial a juventude – é que poderiam implantar o Estado revolucionário, colocar em prática a democracia direta, promover a modernização, construir o “comunismo chinês” que, para alguns críticos, tratava-se de um culto à personalidade de Mao, desenvolver as ciências e a tecnologia e também eliminar da estrutura do Partido Comunista Chinês aqueles que eram identificados como “traidores” da revolução, burgueses e burocratas.

A “Revolução Cultural” foi finalizada pelo próprio Mao Zedong no IX Congresso do Partido Comunista da China, em 1969. Mas, apesar da declaração oficial de Mao, a “Revolução Cultural” durou até a morte de seu grande líder, em 1976. Ao contrário do que muitos panfletos alegam em torno desse momento histórico, apenas em seu começo ele contou com forte apoio popular, isso porque o que era para ser uma grande transformação cultural e econômica, tornou-se uma guerra entre facções que colocou em risco a unidade e a modernização da China. Outra questão é que os objetivos na economia e na cultura não foram alcançados.

Com o fim da “Revolução Cultural” e a morte de Mao Zedong, em 1980 a China começa o programa de reforma que consiste na modernização do país e na abertura do socialismo chinês – ele segue até hoje.

China comunista?  

A resposta da pergunta acima é responsável por inúmeras pesquisas, livros, simpósios e debates no mundo inteiro. A primeira grande confusão é por conta do não alinhamento automático com a União Soviética (URSS) e principalmente com a “Revolução Cultural” de Mao Zedong, construiu-se a ideia de uma necessidade de se construir um “comunismo chinês” que não fosse uma linha de transmissão direta de conceitos ocidentais. A base desse pensamento é o “Livro Vermelho” de Mao Zedong.

A ideia de um comunismo chinês é a premissa para aquilo que o pensador italiano Giovanni Arrighi vai chamar de “a revolta contra o Ocidente”, que para alguns economistas teve início com a colonização da América. Outros dois economistas tratam disso de maneiras distintas: Adam Smith (o fundador do liberalismo) e Karl Marx (principal filósofo das teses comunistas). Ambos enxergavam na Ásia oriental uma grande potência que poderia vir a controlar a economia no futuro. Pelo visto, esse tempo chegou e os dois teóricos estavam certos.

Teóricos chineses costumam dizer que a China ainda está na primeira etapa do socialismo, ou seja, ainda depende da economia de mercado para prover o bem-estar social de sua população e continuar a investir em ciência e tecnologia. Posteriormente a isso é que o regime comunista seria implantado de fato no país. Mas quando olhamos para o tamanho do Estado chinês e o seu domínio econômico em todos os continentes, com destaque para a África e América, fica muito difícil imaginar o Estado chinês sendo dissolvido para dar lugar a um regime de governos autônomos e locais descentralizados, pois isso é o comunismo: o fim do Estado e democracia direta e autônoma.

Diante disso, voltamos para nossa pergunta: China comunista? Não! Trata-se de um governo socialista com um Estado regido por um único partido: o Comunista.

Cabe destacar que o comunismo é uma ideologia que tem como pressuposto a liberdade e a autonomia, duas qualidades um tanto ausentes na China, visto que por lá redes sociais como Facebook, Instagram e Twitter são proibidos. O Google também é vetado. Além disso, há uma série de palavras que são censuradas por robôs que filtram as conversas digitais. Fora da esfera digital, manifestações contra ações do governo também são duramente reprimidas.

Nos últimos quinze anos a China tem crescido mais de 7% ao ano, o que faz de sua economia a mais forte do planeta. Estrategicamente, o governo chinês tem estabelecido fortes parcerias com outros países asiáticos, mas também tem injetado bilhões em países como Brasil, África do Sul e Moçambique, nações que possuem grandes reservas de petróleo, gás e água. Além desses países, Índia, Rússia e nações árabes também estão no escopo do regime chinês.

Com uma retórica menos agressiva e exibida que a de líderes dos Estados Unidos, a China tem se estabelecido como a principal potência, seja financeira ou militar, além de se aliar com países grandes que estão cada vez mais insatisfeitos com os rumos políticos e econômicos da União Europeia e dos EUA. Para alguns setores da Ciências Sociais, até a metade do século XXI, a China deve assumir a dianteira da economia e da política global e esse fato pode colocar novas diretrizes no que diz respeito às relações internacionais e nas políticas de globalização. O que ninguém sabe responder ainda é se a liderança chinesa na política será melhor ou pior do que a atual.

2ª Etapa: Questões do Enem sobre a Revolução Chinesa

1) No decorrer do século XX, a China passou por transformações e turbulências que resultaram na interferência estrangeira, do fim da monarquia e da tentativa de organizar o republicanismo no país. Nas décadas seguintes, a partir de 1911, dois grandes partidos consolidaram-se no país, sendo um deles liderado inicialmente por Sun Yat-Sem e depois por Chiang Kai Chek. Esse partido era conhecido como:

A) Khmer Vermelho
B) Viet Minh
C) Quomindang
D) Manchukuo
E) Quing

(Reposta certa: C) 

2) Após a vitória dos comunistas na guerra civil chinesa, Mao Tsé-Tung (Mao Zedong), líder do PCC, proclamou a nova República chinesa, que ficou conhecida como:

A) República Democrática da China
B) República Democrática Comunista do Povo Chinês
C) República Comunista da China
D) República Popular da China
E) República Maoísta da China

(Reposta certa: D) 

Fonte: Mundo Educação

Materiais Relacionados

1) Vídeo “Mitos e verdades sobre o desenvolvimento chinês – Ep. IV Ajuda, professor”

2) Vídeo “Revolução Chinesa (resumo)”

3) Vídeo “Crescimento econômico chinês | geografia | Descomplica”

Referências bibliográficas:

1) POMAR, Wladimir. A Revolução Chinesa. São Paulo: Editora UNESP, 2003.

2) ARRIGHI, Giovanni. Adam Smith em Pequim: Origens e fundamentos do século XXI. São Paulo: Boitempo, 2008.

Arquivos anexados

  1. Plano de aula – A Revolução Chinesa

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