Conteúdos
• Sociologia
• Filosofia
Objetivos
• Desenvolver a consciência crítica e cidadã a partir da própria educação do estudante
• Compreender a diversidade brasileira e a diversidade cultural mundial
• Relacionar conceitos do estudo ao tema da globalização.
• Desenvolver a capacidade de organizar informações e criar argumentação eficaz.
1ª Etapa: Proposta de pesquisa – Gandhi e o imperialismo britânico.
A partir do filme e das discussões, proponha uma discussão sobre o papel de Mahatma Gandhi nos conflitos com o Império Britânico. Você pode utilizar este conjunto de atividades para desenvolver conceitos como imperialismo, imposição cultural, Índia hoje e BRICs.
Para tanto, separe a classe em 6 grupos distintos, sendo que cada grupo será responsável por uma breve apresentação de 5 minutos sobre uma parte do tema. Separe os seguintes temas:
1. Contexto geral do Imperialismo Britânico
2. Contradições entre a Inglaterra e a Índia
3. Breve biografia de M. Gandhi
4. Principais ideais de M. Gandhi
5. Desfecho da resistência indiana aos domínio inglês.
6. Índia hoje, uma visão geral da economia e da sociedade.
Este conjunto de apresentações pode ser útil para introduzir a temática da importância da sociedade indígena no crescimento desordenado das cidades e das dificuldades de inclusão de países não ocidentais no modo de vida ocidental – e principalmente sua participação no mercado global.
Não deixe de comentar todas as apresentações e de solicitar, sempre que possível, as referências das consultas realizadas.
Você pode utilizar esta atividade como parte da avaliação dos estudantes. Para tanto, sugerimos os seguintes critérios orientadores das apresentações: (i) profundidade da pesquisa (ii) clareza no desenvolvimento e oralidade, (iii) divisão adequada de conteúdos entre membros do grupo e (iv) adequação à proposta geral do trabalho.
2ª Etapa: O remanescente indígena no Brasil.
Nesta etapa, é interessante regionalizar a questão, passando agora ao Brasil. Abra com os alunos um página de pesquisa e identifique, com eles, as principais regiões do Brasil que ainda têm remanescentes indígenas. Verifique quais são os estados que possivelmente possuem mais conflitos e tente encontrar evidências das partes conflitantes.
Lance então a questão: como proteger a cultura indígena e reduzir conflitos.
Convide seus alunos a conhecer a página da FUNAI, link 5, órgão governamental responsável por tal proteção. Você pode trabalhar em sala com o ‘quem somos’ e informar os alunos que eles deverão vir para a próxima aula munidos de informações sobre o site. Para tanto, devem navegar no site buscando a missão do órgão, seus desafios, o que faz e como protege os índios.
Esta atividade será preparatória para a última etapa.
3ª Etapa: Finalizando – proposta de produção textual
A produção textual pode e deve ser utilizada sempre que possível, pois ela exercita diversas habilidades cognitivas e construtivas. Assim, como finalização do conjunto de atividades e já tendo havido o momento de visão do repertório temático, sugerimos que seja elaborada uma dissertação acerca do seguinte tema:
A sociedade ocidental como modelo para o mundo: contradições e desafios.
Como critérios avaliativos sugerimos: (i) clareza no ponto de vista e na tese a defender; (ii) profundidade na utilização do repertório, (iii) estrutura textual e (iv) uso da norma culta.
4ª Etapa: início de conversa
Pensar em educação é, antes de tudo, pensar em um certo modelo de conhecer o mundo. Sempre que trabalhamos com a perspectiva do educando pensamos estar trabalhando com alguém que necessita de um desenvolvimento, do auxílio de um professor. Educar é tirar de uma situação e levar na direção do crescimento, da melhoria, do desenvolvimento.
Mas e se os limites entre o educar e o dominar não estivessem tão bem delimitados? Quando colocamos a questão em uma perspectiva global, podemos ter outras noções do que significa escolarizar frente aos projetos de dominação do mercado global.
Vamos abordar o tema a partir do filme Schooling the world, que traz esta perspectiva crítica acerca do aculturamento de povos indígenas e supostamente atrasados. Um documentário controverso e que pode render ótimos diálogos para a compreensão de nossa própria situação.
5ª Etapa: Um primeiro olhar sobre o tema
Inicie este conjunto de atividades por meio da leitura e interpretação conjunta do texto “Elogio ao aprendizado” de Bertold Brecht sobre o elogio à educação. Trabalhe as formas de aprendizado que estão sendo tratadas pelo autor e qual o papel da educação. Pergunte se os estudantes entendem que Brecht está se referindo a uma educação formal, somente por meio das escolas.
Elogio do Aprendizado
Bertolt Brecht
Aprenda o mais simples!
Para aqueles cuja hora chegou
Nunca é tarde demais!
Aprenda o ABC; não basta, mas aprenda!
Não desanime! Comece! É preciso saber tudo!
Você tem que assumir o comando!
Aprenda, homem no asilo!
Aprenda, homem na prisão!
Aprenda, mulher na cozinha!
Aprenda, ancião!
Você tem que assumir o comando!
Freqüente a escola, você que não tem casa!
Adquira conhecimento, você que sente frio!
Você que tem fome, agarre o livro: é uma arma.
Você tem que assumir o comando.
Não se envergonhe de perguntar, camarada!
Não se deixe convencer!
Veja com seus próprios olhos!
O que não sabe por conta própria, não sabe.
Verifique a conta É você que vai pagar.
Ponha o dedo sobre cada item
Pergunte: o que é isso?
Você tem que assumir o comando.
Bertold Brecht, "Elogio do Aprendizado", in: Poemas 1913-1956, São Paulo, Brasiliense, 1986, p.121.
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Traga à discussão a noção de poder e educação e também as noções de aprendizado e ganho de noção de poder pessoal a partir do saber. Você pode já trabalhar a questão da autoestima daqueles que aprendem e também a importância da alfabetização.
Trabalhe então uma tríade de termos: informação – conhecimento – sabedoria. O que cada um destes termos revela? Será que podem ser vistos de formas diversas? Podemos dizer que pessoas que não passaram pela escola regular e não estão integradas nos meios informacionais podem ser sábias? Um cacique poderia ser considerado sábio? Como se deu o processo de construção do conhecimento se, no início, a própria informação não era existente?
A partir destas reflexões, fale um pouco sobre a noção de que a escola é uma forma de educação, mas não a única.
6ª Etapa: Discussão em detalhes
Apresente o filme Schooling the world (Escolarizando o mundo), link 2 e, na sequência, inicie o debate.
Inicialmente, os alunos podem tecer comentários gerais acerca do filme e suas primeiras impressões. Faça uma primeira sondagem acerca do que os estudantes pensam ser o problema central do filme e como se sentiram ao ver as diversas situações educacionais.
Em seguida, retome, no filme, alguns trechos. Você pode exibi-los novamente. Sugerimos as seguintes passagens e temáticas a serem discutidas. Neste tópico passamos à forma de breves comentários, possibilitando ao professor identificar momentos e questões que sejam de interesse de sua comunidade escolar:
• Abertura: Uma senhora questiona o que é a felicidade e como devemos busca-la. Questione seus alunos se eles sabem o que é a felicidade e se ela está, de alguma forma, centralizada na questão do consumo.
• 2’00’’: A análise da pintura. Talvez seja o momento de fazer uma verificação pausada da pintura. Até que ponto ela reflete uma ideologia?
• 3’00’’: Esclareça as noções de imperialismo, principalmente no tocante ao contexto do século XX e, neste sentido, o papel dos EUA e da Inglaterra nesta questão.
• 5’00’’: A diferença entre educar e escolarizar. Pergunte a seus alunos se eles conseguem ver a diferença.
• 11’:30’’: Neste momento você pode apontar o conflito entre culturas e questionar o que seria a ‘evolução’ de uma cultura. Será que simplesmente avançar é um benefício? Mas avançar para onde?
• 12’:50’’: Mostre as dificuldades de evoluir com a questão da sustentabilidade. Qual o papel da educação neste sentido?
• 17’:30’’: Destaque o papel do conhecimento para a industrialização e, na sequencia, em 21’:30’’, da sociedade de massa.
• 28’00’’: Não é estranho pensar em pessoas que não sabem de nada? Como podem não ser culturas que ‘sabem’ se chegaram até o mesmo momento histórico das demais culturas por si sós?
• 30’30’’: Afinal, o que é pobreza? Seria não ter bens de consumo?
• 32’00’’: Discuta a questão da autoestima e do empoderamento. Quando afirmamos que um grupo de jovens não tem cultura, o que estamos fazendo com eles?
• 34’:00’’ – Novamente discuta a questão ligada ao desenvolvimento e desigualdade. Até que ponto o mundo moderno, desenvolvido, não gerou mais desigualdades?
• 36’00’’ – A questão das boas intenções. Esta parte parece ser essencial. Não se trata de má-fé, mas a falta de conseguir ‘ligar os pontos’ e perceber que as boas intenções também podem destruir culturas.
• 40’00’’: Nesta sequência você pode abordar o que houve de perda da cultura, perda do saber que por anos foi mantido dentro de uma sociedade e está morrendo por conta da escolarização dos jovens.
• 45’30’’: A diferença entre aprender algo e aprender na prática para algo. Educar pela sustentabilidade é difícil quando se trata de um saber teórico. Mas as sociedades menos ‘desenvolvidas’ sempre cuidaram da natureza. Nas cidades não dependemos diretamente dos rios (dependemos do dinheiro e do supermercado para comprar a água) e por isso não ‘vemos’ o risco. Uma comunidade indígena depende do rio diretamente.
• 50’00’’: os diversos pontos de vista sobre o conhecimento. Para que ele serve e qual a sua finalidade?
• 51’53’’: O papel de Gandhi na resistência indiana e a visão ocidentalizada do mesmo.
• 53’20’’: A noção de paradigma (modelo) econômico e de desenvolvimento. Ele não é o único, mas sim uma das possibilidades.
• 55’30’’: A necessidade de diálogo entre as diversas culturas. Como podemos auxiliar uns aos outros com nossos saberes sem querer dominar as sabedorias diversas?
• 59’00’’: O desenraizamento pela ignorância e a suposta superioridade da sociedade ocidental. Discuta os efeitos desta temática tão rica.
• 1:02’00’’: A idade dos saberes. Destaque a seus alunos a idade da cultura ocidental da ciência moderna e, ainda mais recente, da industrialização. Compare com as demais culturas do mundo
Talvez a compreensão acerca do papel da cultura e dos conflitos para com outras culturas possa ser o mote para introduzir o tema da importância da cultura indígena e dos riscos da globalização sem a compreensão das outras culturas. Todavia, não deixe de utilizar este filme para debater, de forma aberta e ponderada, a sua realidade social, seus desafios, frustrações e vitórias.
Não se trata de enxergar o mundo a partir do ponto de vista indígena, mas de respeita-lo e compreender a importância da não interferência de forma tão direta e rápida como costuma ocorrer na sociedade ocidental.
Materiais Relacionados
1. Veja previamente o filme em diversos canais do Youtube. Indicamos, para acompanhamento da sequência, o link
2.
Analise previamente o poema de Bertold Brecht “Elogio ao aprendizado”. Se possível, faça cópias para seus alunos. Ele pode ser lido no
link.
4.
Faça uma pesquisa no google imagens para encontrar mapas de comunidades indígenas no Brasil. Você pode fazer a pesquisa livremente ou consultar o
link.
5.
Visite previamente a página da
FUNAI
6.
Para o aprofundamento por uma visão antropológica da questão da manutenção da cultura indígena, veja o artigo de Shelton H. Davis para a revista MANA no
link.
Gênero. Documentário. País e ano de produção: EUA, 2010. Duração: 1 hora e 05 minutos (aprox.) Direção: Carol Black
Em Schooling the world a documentarista Carol Black põe em xeque a noção de que a educação ocidental deve ser um modelo para o mundo. A partir do cotejamento dos resultados da introdução da cultura ocidental em países orientais e do desarranjo social e familiar ocorridos a partir de a escolarização de crianças indígenas, o filme tem uma proposta reflexiva e provocadora.
Arquivos anexados
- A Escola e o mundo