Conteúdos
Este roteiro de estudos de literatura traz, de forma sucinta, a biografia da freira Juana Inés de la Cruz, uma figura emblemática de sua época.
Objetivos
- Conhecer os aspectos mais importantes da biografia e da obra de Juana Inés de la Cruz; e
- Aprender as características mais relevantes da obra de Juana Inés de la Cruz.
Conteúdos / Objetos do conhecimento:
- A vida de Juana Inés de la Cruz;
- A obra de Juana Inés de la Cruz; e
- Proposta de fixação.
Palavras-chave:
Língua Espanhola. Literatura. Juana Inés de la Cruz.
Proposta de trabalho:
Este roteiro de estudos traz aos alunos conhecimentos gerais sobre a vida e a obra de Juana Inés de la Cruz.
1ª Etapa: A vida de Juana Inés de la Cruz
Nascimento e infância
Há muitas divergências acerca da biografia de Juana Inés de la Cruz, dentre as quais o ano de seu nascimento, acerca do qual não se tem certeza, já que os estudiosos de sua vida relatam documentos com informações contraditórias. Consideramos, neste material, a informação que consta de sua certidão de batismo, no sentido de que ela nasceu em 1648, em San Miguel Nepantla, onde hoje está localizada a cidade de Tepetlixpa, próxima à Cidade do México.
De acordo com um artigo publicado pelo governo mexicano, a maior parte de sua infância foi na fazenda do seu avô materno, localizado na Nepantla, Nova Espanha (atual México).
Conhecida mundialmente como Juana Inés de la Cruz, seu nome completo era Juana Inés de Asbaje Ramírez de Santillana. Seus pais se chamavam Pedro Manuel de Asuaje y Vargas e Isabel Ramírez Çantillana.
Desde criança, Juana gostava de livros e frequentava a biblioteca de sua fazenda escondida, pois não tinha autorização do avô materno para visitar o local. Então, aos três anos de idade, seguiu sua irmã mais velha até a escola, onde teve a oportunidade de pedir à professora que a ensinasse a ler e a escrever, obtendo êxito rapidamente. Aos oito anos, aprendeu latim e adquiriu conhecimento em nahuatl (um idioma indígena). Ainda criança, viveu com seus tios, para dar continuidade aos estudos.
Sua vida no convento
Em 1664, aos 16 anos, Juana foi apresentada à vice-rainha, sendo admitida na corte, onde conheceu o padre jesuíta Antonio Núñez de Miranda, teólogo e membro do tribunal do Santo Ofício, que se tornou seu confessor. Ele a convenceu a ingressar na vida conventual e negociou seu dote. No século 17, os acadêmicos dependiam de um patrono para se sustentar. Sendo assim, o vice-rei Antonio Sebastián de Toledo, marquês de Mancera, e a vice-rainha Leonor de Carreto se tornaram seus patronos.
Em 1667, ela entrou para a ordem das Carmelitas Descalças (que era conhecida por ser extremamente severa), na Igreja do Convento de Santa Teresa la Antigua, onde passou por seu primeiro estágio de educação formal, ficando por apenas três meses. No ano de 1669, ela ingressa no convento criollo de Santa Paula da Ordem de San Jerónimo, que seguia a regra agostiniana. Na época, a universidade era reservada somente aos homens.
2ª Etapa: A obra de Juana Inés de la Cruz
De freira a escritora
Os conventos na Nova-Espanha não eram exclusivamente um espaço para a vida religiosa e comunitária. Nesses lugares, as freiras também tinham seus espaços individuais, podendo receber visitas e trocar cartas com o mundo. Em seu quarto individual, Juana Inés adquiriu uma biblioteca imensa, com algo entre 1,5 mil e quatro mil livros, o que era considerado assombroso para uma mulher do seu tempo.
Além do cargo de freira, ela exerceu a função de administradora e contadora do convento por nove anos, além de realizar experimentos científicos.
Os vínculos de Juana Inés com importantes figuras da corte e do clero permitiram que ela desenvolvesse seu trabalho literário. Em 1680, Juana escreveu o livro “Neptuno alegórico”, que foi dedicado aos marqueses de La Laguna, vice-reis recém-chegados ao México. Suas obras incluem poemas filosóficos, amorosos e líricos, além de sonetos e autos sacramentais, como o “El divino Narciso” (1689), e peças de teatro, como “Los Empeños de una Casa” (1683). Alguns de seus textos epistolares também sobreviveram.
Sua representatividade na era colonial
Até aqui, já percebemos o quanto Juana Inés de la Cruz foi uma mulher importante para a época em que nasceu. Ela teve cargos e privilégios que apenas homens na era colonial poderiam exercer.
“Seu trabalho é marcado pela crítica aos valores da sociedade da Nova Espanha, que considerava que as mulheres não deveriam ter o poder sobre seu próprio futuro e suas próprias ações”, diz a Comissão Nacional de Direitos Humanos do México.
A escritora foi uma importante representante do movimento feminista, pois lutou pelos direitos das mulheres, algo muito à frente de seu tempo. E foi por meio dessa luta que ela conseguiu estudar e exercer funções que, até então, eram exclusivamente masculinas, desafiando a imagem que se tinha da mulher na época.
No dia 12 de novembro é comemorado o dia do livro no México, e, desde 1980, Juana Inés de la Cruz é homenageada nessa mesma data, sendo lembrada pelo seu legado.
Últimas publicações
Em 1690, Juana recebeu uma carta elogiando sua publicação do texto “Carta atenagórica”, embora ao mesmo tempo também houvesse críticas severas a sua escrita. A partir disso, Juana Inés foi proibida de escrever coisas relacionadas ao mundo e passou a se dedicar exclusivamente a escrever sobre assuntos teológicos e a vida conventual. Em 1693, ela abandonou a escrita e cedeu seus instrumentos e livros, temendo por sua vida. Depois disso, dois documentos foram escritos por Juana com sangue, reiterando sua fé no dogma da Puríssima Conceição, pedindo misericórdia e perdão.
Dedicação ao convento
Juana Inés de la Cruz dedicou seus últimos anos à penitência e a serviços de caridade, tendo falecido na manhã do dia 17 de abril de 1695, aos 46 anos. Segundo pesquisadores, a causa de sua morte foi uma doença que se espalhou no convento e ela, por ajudar as outras freiras, acabou infectada.
Para saber mais sobre a vida de Juana Inés de la Cruz, assista:
Poeta e freira: a história de Sor Juana Inés de la Cruz contada por Octávio Paz.
Acesso em: 29 de janeiro de 2025.
3ª Etapa: Obras de destaque
Nesta etapa, você verá alguns dos poemas mais conhecidos da escritora.
Amor empieza por desasosiego
Amor empieza por desasosiego,
solicitud, ardores y desvelos;
crece con riesgos, lances y recelos;
susténtase de llantos y de ruego.
Doctrínanle tibiezas y despego,
conserva el ser entre engañosos velos,
hasta que con agravios o con celos
apaga con sus lágrimas su fuego.
Su principio, su medio y fin es éste:
¿pues por qué, Alcino, sientes el desvío
de Celia, que otro tiempo bien te quiso?
¿Qué razón hay de que dolor te cueste?
Pues no te engañó amor, Alcino mío,
sino que llegó el término preciso.
Con el dolor de la mortal herida
Con el dolor de la mortal herida,
de un agravio de amor me lamentaba,
y por ver si la muerte se llegaba
procuraba que fuese más crecida.
Toda en el mal el alma divertida,
pena por pena su dolor sumaba,
y en cada circunstancia ponderaba
que sobraban mil muertes a una vida.
Y cuando, al golpe de uno y otro tiro
rendido el corazón, daba penoso
señas de dar el último suspiro,
No sé con qué destino prodigioso
volví a mi acuerdo y dije: qué me admiro?
Quién en amor ha sido más dichoso?
En perseguirme, Mundo, ¿qué interesas?
En perseguirme, Mundo, ¿qué interesas?
¿En qué te ofendo, cuando sólo intento
poner bellezas en mi entendimiento
y no mi entendimiento en las bellezas?
Yo no estimo tesoros ni riquezas;
y así, siempre me causa más contento
poner riquezas en mi pensamiento
que no mi pensamiento en las riquezas.
Y no estimo hermosura que, vencida,
es despojo civil de las edades,
ni riqueza me agrada fementida,
teniendo por mejor, en mis verdades,
consumir vanidades de la vida
que consumir la vida en vanidades.
Éste que ves, engaño colorido
Éste que ves, engaño colorido,
que, del arte ostentando los primores,
con falsos silogismos de colores
es cauteloso engaño del sentido;
éste, en quien la lisonja ha pretendido
excusar de los años los horrores,
y venciendo del tiempo los rigores
triunfar de la vejez y del olvido,
es un vano artificio del cuidado,
es una flor al viento delicada,
es un resguardo inútil para el hado:
es una necia diligencia errada,
es un afán caduco y, bien mirado,
es cadáver, es polvo, es sombra, es nada.
Esta tarde, mi bien, cuando te hablaba
Esta tarde, mi bien, cuando te hablaba,
como en tu rostro y en tus acciones vía
que con palabras no te persuadía,
que el corazón me vieses deseaba;
y Amor, que mis intentos ayudaba,
venció lo que imposible parecía,
pues entre el llanto que el dolor vertía,
el corazón deshecho destilaba.
Baste ya de rigores, mi bien, baste,
no te atormenten más celos tiranos,
ni el vil recelo tu quietud contraste
con sombras necias, con indicios vanos:
pues ya en líquido humor viste y tocaste
mi corazón deshecho entre tus manos.
4ª Etapa: Proposta para fixação do conteúdo
Assista ao vídeo mencionado na etapa 2 e, depois de analisar o seu conteúdo, escreva qual personalidade feminista você conhece que teve grande destaque no Brasil. Após essa etapa, crie uma tabela com as duas personalidades: Juana Inés de la Cruz X …. colocando os prós e os contras de cada uma e o que percebe que há em comum entre elas. Fique tranquilo(a), pode ser que não encontre nada, mas o objetivo da proposta é entender que cada mulher tem sua singularidade, em seu determinado tempo de vida.
Materiais Relacionados
- 5 poemas de Sor Juana Inés de la Cruz
Acesso em: 29 de janeiro de 2025. - A escritora mais importante da era colonial e uma pioneira do feminismo
Acesso em: 29 de janeiro de 2025. - Verbete: sor Juana Inés De La Cruz
Acesso em: 29 de janeiro de 2025.
Bons estudos!
Roteiro de estudos elaborado pela Professora Tayna Rosa.
Coordenação Pedagógica: Prof.ª Dr.ª Aline Bitencourt Monge.
Revisão textual: Professora Daniela Leite Nunes.
Crédito da imagem: FlamingPumpkin – Getty Images