Conteúdos
Este roteiro de estudos aborda as cidades históricas brasileiras e ajuda a entender o processo de urbanização como fenômeno antrópico. As cidades históricas brasileiras são testemunhas dos processos de colonização e de urbanização que marcaram nossa história desde o século XVI. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, trouxeram consigo não apenas o objetivo de explorar recursos naturais, mas também de estabelecer assentamentos que servissem como bases administrativas, religiosas e comerciais.
Objetivos
- Compreender a urbanização e a sua formação;
- Identificar as regiões históricas do Brasil;
- Analisar os processos de formação das cidades históricas; e
- Avaliar os impactos sociais das áreas históricas brasileiras.
Conteúdos / Objetos do conhecimento:
- Compreensão da importância das cidades, que carregam consigo o histórico do nosso país;
- Análise dos impactos sociais da urbanização, de regiões que consideramos hoje históricas; e
- Reflexão sobre a maneira como esses centros urbanos foram urbanizados, tendo em vista que não se trata de um fenômeno natural, e sim antrópico.
Palavras-chave:
Urbanização. Cidades históricas brasileiras. Formação das cidades. Tipos de cidades.
Proposta de estudos:
Neste roteiro de estudos, convido você, caro(a) aluno(a), a embarcar comigo em uma viagem pelas cidades históricas brasileiras. Isso para podermos entender o processo de urbanização como fenômeno antrópico que é, bem como as marcas deixadas ao longo dos anos.
Em um primeiro momento, precisamos responder a uma pergunta: como são formadas as cidades?
O processo de formação das cidades começava, geralmente, com a escolha de locais estratégicos, próximos às vias de transporte marítimo e terrestre, como portos e caminhos utilizados para o interior do país. Esses assentamentos iniciais eram organizados conforme os padrões urbanísticos europeus da época, com ruas estreitas, praças centrais e igrejas como marcos importantes.
As principais cidades históricas brasileiras refletem essa história de colonização e urbanização. Salvador, fundada em 1549, foi a primeira capital do Brasil colonial e possui um conjunto arquitetônico barroco notável. Olinda (PE), contemporânea de Salvador (BA), é famosa por suas ladeiras, igrejas e casarios coloniais. Ouro Preto (MG), fundada durante o auge do ciclo do ouro, é um exemplo impressionante de cidade planejada em meio às montanhas de Minas Gerais, com igrejas ricamente ornamentadas e ruas que seguem o relevo acidentado.
Além dessas cidades, Paraty (RJ) conserva seu traçado urbano original do século XVIII, com ruas de pedra e casario colonial bem preservado. São Luís (MA) destaca-se pela arquitetura azulejada e pelas praças históricas. Cidades como Recife (PE), São João del-Rei (MG), Mariana (MG) e tantas outras espalhadas pelo país também guardam em suas ruas e monumentos a memória de diferentes períodos da história brasileira.
Essas cidades não são apenas testemunhas do passado, mas também patrimônios culturais que nos permitem entender as transformações sociais, econômicas e culturais que ocorreram ao longo dos séculos. Estudar as cidades históricas é mergulhar na história do Brasil e compreender como a urbanização se desenvolveu desde os tempos coloniais até os dias atuais.
Agora que você tem uma noção da viagem que faremos, siga o nosso roteiro em forma de mapa, para compreender melhor o assunto.
1ª Etapa: Introdução
Urbanização é o processo por meio do qual áreas rurais se transformam em áreas urbanas, ou seja, em cidades. Esse fenômeno acontece quando as pessoas deixam o campo, onde vivem em pequenas comunidades ou fazendas, e se mudam para áreas urbanas em busca de trabalho, oportunidades de estudo, saúde e melhores condições de vida.
No Brasil, podemos observar exemplos claros de urbanização. Quando os portugueses chegaram aqui, eles escolheram locais estratégicos para construir seus assentamentos, como Salvador, Olinda e Ouro Preto. Essas cidades cresceram e se desenvolveram ao longo dos anos, com mais pessoas se mudando para lá, construindo casas, igrejas, mercados e outras estruturas que caracterizam uma cidade.
Um exemplo específico de urbanização é Ouro Preto. Durante o ciclo do ouro, muitas pessoas foram para lá em busca de riqueza, o que fez a cidade crescer rapidamente. As ruas foram planejadas para acompanhar o terreno montanhoso, e muitas igrejas e casarões foram construídos, transformando Ouro Preto em um importante centro urbano na época colonial.
É importante mencionar a grande influência eurocêntrica que estava presente na época, a qual é visível até os dias atuais. Isso porque o explorador era tratado como a elite, e o explorado, como representante de uma subcultura. A influência europeia na urbanização brasileira foi significativa e deixou marcas profundas no desenvolvimento das cidades ao longo da história do país. Desde o período colonial até os dias atuais, diversos elementos urbanísticos e arquitetônicos foram introduzidos e adaptados ao contexto local, moldando a paisagem urbana brasileira de maneiras distintas. Aqui estão alguns aspectos principais dessa influência:
- Traçado urbano e estruturas arquitetônicas: os colonizadores portugueses trouxeram consigo os padrões europeus de planejamento urbano, que se refletiram na disposição das ruas, praças e edifícios das cidades brasileiras. Cidades como Salvador, Rio de Janeiro, Olinda e Ouro Preto possuem traçados urbanos que seguem princípios europeus da época, com ruas estreitas e sinuosas, praças centrais e uma hierarquia de espaços públicos e privados.
- Patrimônio arquitetônico: a arquitetura colonial portuguesa influenciou diretamente o estilo dos edifícios construídos nas cidades brasileiras entre os séculos XVI e XVIII. Igrejas barrocas, casarões coloniais, edifícios administrativos e fortificações são exemplos claros desse legado europeu. O uso de materiais como pedra e taipa de pilão, técnicas construtivas e ornamentações são características marcantes, herdadas da arquitetura europeia.
- Organização social e espaços públicos: a estrutura social das cidades coloniais brasileiras também foi influenciada pelos modelos europeus. As cidades eram organizadas em torno de instituições religiosas e administrativas, refletindo a importância da Igreja Católica e do poder régio na organização do espaço urbano. Praças centrais, mercados públicos e ruas comerciais eram elementos comuns, que fomentavam a vida comunitária e econômica.
- Cultura e costumes urbanos: além da arquitetura e do planejamento urbano, a influência europeia se estendeu aos hábitos, costumes e práticas culturais das cidades brasileiras. Festas religiosas, celebrações cívicas, festivais artísticos e gastronomia são exemplos de como a cultura europeia se entrelaçou com a cultura local, criando uma identidade urbana única nas diferentes regiões do Brasil.
- Legado institucional e jurídico: a organização administrativa das cidades brasileiras, com suas câmaras municipais, legislação urbanística e práticas de governança local, também reflete influências europeias. Modelos de administração pública, normas de construção e regulação do uso do solo foram herdados do sistema jurídico e institucional europeu e adaptados às necessidades locais ao longo dos séculos.
Em resumo, a influência europeia na urbanização brasileira não se limitou à arquitetura e ao planejamento urbano, mas também abrangeu aspectos sociais, culturais, econômicos e institucionais, que moldaram profundamente as cidades do país. Essa herança europeia é um componente da identidade urbana brasileira e contribuiu para a diversidade e a riqueza cultural das nossas cidades históricas e contemporâneas. Assim, urbanização não é apenas o crescimento físico das cidades, mas também envolve mudanças sociais, culturais e econômicas que ocorrem quando as pessoas se reúnem em áreas urbanas. Estudar as cidades históricas nos ajuda a entender como esse processo aconteceu ao longo da história do Brasil e como essas cidades se tornaram parte importante da nossa identidade cultural e social.
2ª Etapa: Conhecendo as cidades e suas histórias
Agora, aperte seus cintos e vamos conhecer algumas cidades mais de perto:
- SALVADOR – A incrível capital da Bahia
- Conheça Recife, a famosa Veneza brasileira
- CONHEÇA OURO PRETO MG – Fascinante cidade de Minas Gerais
- CENTRO HISTÓRICO DE PARATY | A história INCRÍVEL que NINGUÉM te conta!
- parte 2/2 -PARATY- RJ A história do mercado negreiro e da cidade no século XVIII.
- A CADEIA, O ESCRAVO E A CASA DO PRINCIPE
3ª Etapa: Pesquisa
Agora que já realizamos um tour juntos, segue uma lista que traz algumas outras cidades para você explorar, pessoalmente ou pela internet. A lista apresenta oito destinos históricos no Brasil, cada um deles rico em arquitetura e cultura, que remontam aos períodos colonial e imperial.
- Goiás Velho (GO): Fundada no século 18, antigamente conhecida como Vila Boa de Goiás, foi próspera durante o ciclo do ouro e é Patrimônio Mundial da Unesco desde 2001.
- Morretes (PR): Importante para o desenvolvimento econômico do Paraná, foi ocupada por mineradores vindos de São Paulo (SP), devido à descoberta de ouro.
- Mariana (MG): Primeira capital de Minas Gerais, destaca-se pela arquitetura colonial e pela Catedral de Nossa Senhora da Assunção.
- Ouro Preto (MG): Reconhecida pela Unesco como Patrimônio Mundial, foi palco da Inconfidência Mineira e possui arquitetura barroca e obras de Aleijadinho.
- Mucugê (BA): Antigo centro de exploração de ouro e diamantes, destaca-se por casas coloniais e atrativos naturais na Chapada Diamantina.
- Olinda (PE): Segunda cidade brasileira declarada Patrimônio Histórico e Cultural pela Unesco, com centro histórico de ruas íngremes e arquitetura colonial.
- Penedo (AL): Tombada pelo Iphan, preserva arquitetura barroca, neoclássica e art nouveau, às margens do rio São Francisco.
- Petrópolis (RJ): Conhecida como cidade imperial, tem amplo conjunto arquitetônico do século 19, incluindo o Museu Imperial e a residência de verão de Dom Pedro I.
Essas cidades não apenas preservam a história e a arquitetura do Brasil colonial e imperial, como também oferecem aos visitantes uma experiência cultural enriquecedora, mostrando a diversidade e riqueza histórica do país.
4ª Etapa: Formação das cidades
Vamos entender um pouco melhor essa questão da formação das cidades?
As cidades, ao longo da história, têm se desenvolvido de diferentes formas, refletindo tanto as necessidades humanas quanto as circunstâncias geográficas e históricas. Podemos categorizá-las em diversos tipos, tendo cada um deles características distintas de formação e estrutura.
- Cidades antigas e históricas: principal foco deste roteiro de estudos, são aquelas que remontam aos tempos antigos, muitas vezes tendo sido fundadas por civilizações antigas, ou mesmo pelos seus colonizadores, que deixam estampadas nas cidades suas marcas, contando assim não somente a história da cidade, mas de toda uma época. Suas ruínas e arquitetura preservam vestígios de suas antigas glórias e estruturas urbanas planejadas para atividades comerciais, religiosas e administrativas.
- Cidades medievais: desenvolveram-se na Idade Média europeia, sendo caracterizadas por ruas estreitas, praças centrais e fortificações para defesa. Essas cidades frequentemente surgiram ao redor de castelos ou abadias e são encontradas em toda a Europa, como Carcassonne, na França, e Siena, na Itália.
- Cidades modernas: emergiram a partir do Renascimento e da Revolução Industrial, sendo caracterizadas por um planejamento mais racional e científico, muitas vezes com redes de ruas ortogonais e áreas destinadas a diferentes funções (residencial, comercial e industrial). Exemplos incluem Paris, Londres e Nova York, que se expandiram rapidamente, com o crescimento da população urbana e da industrialização.
- Cidades planejadas: são aquelas criadas a partir de um plano prévio, seja por governos ou por arquitetos, com o objetivo de resolver problemas específicos ou de promover um desenvolvimento urbano mais ordenado. Brasília (DF), no Brasil, é um exemplo de cidade planejada, tendo sido concebida pelo urbanista Lúcio Costa e pelo arquiteto Oscar Niemeyer, na década de 1950.
- Cidades sustentáveis: esse tipo de cidade busca integrar princípios ambientais, sociais e econômicos em seu planejamento e desenvolvimento. Iniciativas incluem o uso eficiente de recursos, transporte público eficaz, áreas verdes e políticas de desenvolvimento urbano que promovem a qualidade de vida e a equidade social.
É importante que você entenda que cada tipo de cidade reflete não apenas a evolução das necessidades humanas e tecnológicas ao longo do tempo, mas também as influências culturais, políticas e econômicas que moldaram suas formas e estruturas. Essa diversidade urbana é um testemunho da complexidade e da adaptação contínua das sociedades humanas ao ambiente construído.
5ª Etapa: Exercícios
Agora é hora de colocarmos todo esse conhecimento à prova. Vamos realizar alguns exercícios de fixação.
1) A urbanização é o fenômeno do crescimento das cidades. Sua causa é:
a) o êxodo rural
b) a elevação da natalidade
c) a redução da mortalidade
d) a migração internacional
e) a construção de edifícios
2) O êxodo rural é a migração de pessoas do campo rumo às cidades. Trata-se da grande causa do fenômeno da urbanização. Assinale a alternativa que NÃO representa uma causa do êxodo rural:
a) modernização do campo, mecanização
b) precárias condições de vida no campo
c) crescimento industrial nas cidades
d) concentração fundiária
e) aumento da produção agrícola
3) (Uece) Considerando o processo de urbanização, analise as seguintes afirmações:
- Do decurso da história das diferentes civilizações, o processo de urbanização se expressa na produção material, econômica, cultural e artística, tendo a cidade como sua obra e produto mais característico ao longo da sua história milenar.
- A urbanização, enquanto processo, passou a existir após a Revolução Industrial sob o capitalismo, pois antes da revolução nas maneiras de se produzir, as cidades não eram expressivas do ponto de vista político.
- Apesar de a urbanização ser um processo que, há muito tempo, vem ocorrendo sobre a face da terra à medida que o homem produz e se reproduz enquanto sociedade, foi somente no século XXI que mais da metade da população global passou a habitar áreas urbanas.
- Ao completar seu curso histórico planetário, a urbanização foi ultrapassada pelo processo de metropolização, tanto em dimensão como em ritmo, intensidade e vetores territoriais, generalizando-se nos mais diversos territórios.
- Apesar do avanço do processo de urbanização, os espaços não são apenas urbanos, existindo, para além da cidade, o campo, não como espaços separados, mas articulados dentro de um modo de produção que é a totalidade.
É correto o que se afirma em:
a) 1, 2 e 4 apenas.
b) 1, 2, 3, 4 e 5.
c) 2, 3, 4 e 5 apenas.
d) 1, 3 e 5 apenas.
4) A cidade do Rio de Janeiro recebe todos os anos milhares de pessoas de diversas partes do país e do mundo. O estado atrai muitos visitantes por sua beleza natural (possui uma costa com 635 quilômetros de extensão banhada pelo oceano Atlântico), além de eventos como o carnaval. A importância histórica da cidade também é considerada, tendo em vista que o Rio de Janeiro tem mais de 400 anos e foi sede do Império e capital da República.
Em que classificação se encaixa a cidade do Rio de Janeiro?
a) cidade religiosa
b) cidade comercial
c) cidade industrial
d) cidade turística
e) cidade religiosa
Respostas:
- Alternativa A. A grande causa da urbanização é o êxodo rural, ou seja, a migração de população rural rumo às cidades. A urbanização só existe quando a população da cidade aumenta ao mesmo tempo que a população rural diminui.
- Alternativa E. O aumento da produção agrícola não é uma causa para o êxodo rural. Por outro lado, a mecanização do campo reduz o volume de postos de trabalho; as precárias condições de vida no campo impulsionam a migração para as cidades; a industrialização atrai indivíduos para a zona urbana; a concentração fundiária, ou seja, a má distribuição de terras no campo, induz a saída de trabalhadores rurais rumo às cidades.
- Alternativa D. As afirmativas corretas são: I, porque a cidade é resultado e causa dos avanços materiais e culturais da sociedade; III, porque o século XXI registra a maior parcela da população nas cidades; V, porque o avanço do processo urbano aliado à produção econômica integram os espaços urbanos e rural tanto sob o ponto de vista físico quanto produtivo. As afirmativas incorretas são: II, porque as cidades exerciam grande significado em âmbito comercial e político antes da Revolução Industrial; e IV, porque a urbanização supera a metropolização.
- Letra D. Das alternativas listadas, a que melhor classifica a cidade do Rio de Janeiro é a categoria de cidade turística. Embora a atividade comercial e a importância histórica da cidade devam ser levadas em consideração, o Rio de Janeiro destaca-se por meio da atividade turística. É o destino que mais recebe turistas no Brasil.
Questões disponíveis em:
- https://exercicios.brasilescola.uol.com.br/exercicios-geografia/exercicios-sobre-geografia-urbana.htm; e
- https://exercicios.mundoeducacao.uol.com.br/exercicios-geografia/exercicios-sobre-tipos-cidades.htm.
6ª Etapa: Análise de imagens
Para finalizarmos esse ciclo com chave de ouro, vamos realizar uma leitura das imagens a seguir. Observe a arquitetura, bem como os principais elementos culturais e naturais da paisagem, procurando elaborar um checklist desses elementos.
Segue um exemplo:
Paraty – RJ
- Proximidade do mar, evidenciando o uso de antigas navegações e a chegada de mercadorias;
- Arquitetura inspirada nos elementos europeus, refletindo claramente a imagem do colonizador;
- Destaque central para um estabelecimento religioso, mostrando a imposição e a predominância daquela crença sobre as nativas; e
- As telhas feitas nas coxas dos escravos, termo que posteriormente tomaria conotação pejorativa.
Imagem disponível em:
Acesso em: 19 de agosto de 2024.
Agora é sua vez!
Ouro Preto–MG
Imagem disponível em:
Acesso em: 19 de agosto de 2024.
Salvador–BA
Imagem disponível em:
https://www.costadosauipe.com.br/images/news/0473/pelourinho-bahia.jpg.
Acesso em: 19 de agosto de 2024.
Roteiro de estudos elaborado pelo Professor Rhaian de Souza.
Revisão textual: Professora Daniela Leite Nunes.
Coordenação Pedagógica: Prof.ª Dr.ª Aline Bitencourt Monge.
Crédito da imagem: Capuski – Getty Images