Recentemente o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) ganhou ainda mais importância dentro do contexto educacional brasileiro. O exame foi reestruturado com o objetivo de promover a unificação dos processos seletivos das instituições federais de Ensino Superior. Assim, ainda em 2009, pelo menos 22 universidades federais substituirão integralmente seus vestibulares pelo Enem em todas as suas vagas. Veja reportagem sobre a mudança clicando aqui.

Graças a esse quadro, a preparação para o Enem cresce em relevância para 70% dos mais de 4 milhões de inscritos (dados do Inep referentes ao Enem de 2008), que afirmam que fazem a prova com o objetivo maior de chegar à faculdade. Para esses estudantes e todas as outras pessoas que queiram uma forcinha a mais para o Enem ou o vestibular, aqui vai uma dica diferente: o uso da ferramenta quiz para guardar conceitos e informações importantes.

O mestre em educação e autor do blog Quizzes na Educação Marco Antonio Amaral explica o uso: “Como pesquisador, vivo buscando métodos alternativos de aprendizagem. Analisando o Enem, percebi uma semelhança entre ele e os quizzes, pois ambos são feitos de perguntas de múltipla escolha. Até aí, os simulados também. Só que os simulados estão associados a macetes de vestibular, que condicionam o aluno a responder a determinados tipos de questões. O estudante acaba decorando certos símbolos, certos artifícios. Já o quiz tem caráter lúdico e, portanto, pode trabalhar esse tipo de questões de maneira mais prazerosa.”

O próprio site do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) recentemente publicou um quiz para ajudar o aluno que nunca prestou Enem a conhecer a prova. Segundo o coordenador do exame, Dorivan Ferreira Gomes, qualquer tipo de ferramenta, desde que traga conhecimento, pode ajudar o aluno a se preparar preparar para a prova. Mas ele destaca o diferencial do quiz: “Nossos alunos estão bastante conectados e o quiz é capaz de sair da sala de aula e entrar no mundo do aluno, encontrá-lo ali”.

Assim como defendeu a pedagoga Mary Grace Martins, em discussão no Portal do Professor, o pesquisador Marco Amaral considera importante que os quizzes sejam criados pelos próprios alunos. “Quando o aluno consegue criar suas próprias questões, partindo de conhecimentos adquiridos dentro e fora da sala de aula, creio que ele estará melhor preparado para um exame como o Enem e mesmo para o vestibular”,diz Marco Amaral.

Para ele, o uso do quiz motiva o aluno a se apropriar do conhecimento e reelaborá-lo. Além disso, promove a contextualização do aluno, que deve pensar em uma situação problema e sugerir respostas. “Se quiser fazer uma questão em que um copo de vidro cai, tem de ponderar que o copo pode ou não quebrar, tem de pensar nas mais diversas possibilidades para escolher a que quer. Quando o aluno cria o próprio quiz, constrói seu conhecimento. Quando o quiz é criado somente pelo professor, corremos o risco de condicionar as respostas do aluno”, completou Marco Amaral.

A professora Mary Grace chama atenção para um detalhe importante: “o professor gasta um tempo muito grande na elaboração de um quiz que vai ser resolvido muito rápido pelos alunos. Não vale muito a pena, mesmo porque, quando o aluno trabalha na produção do quiz, trabalha habilidades superiores, com muito mais pesquisa e estudo”. Contudo, ela acredita que combinar quizzes elaborados por professores aos quizzes elaborados pelos alunos pode ser uma boa alternativa e que, com a tecnologia, isso pode ser facilitado.

“Poderiam ser criados quizzes em que o aluno tenha um feedback mais rápido. Um jogo que ajude a entender, na hora, o que foi que ele errou, por que ele errou, e que ensine como é o correto”, diz Mary Grace. Marco Amaral também propõe que o quiz pode ser usado como recurso de avaliação e auto-avaliação, por possibilitar que o aluno reflita sobre o conhecimento e se automotive.

Os três entrevistados desta reportagem concordam que o quiz serve tanto para a preparação para o Enem no próprio ano em que o aluno vai fazer o exame como para ser trabalhado desde a infância como ferramenta de construção do conhecimento. “O que vai mudar é a estratégia utilizada: com crianças pequenas, pode ser feita uma coisa mais coletiva, em que eles trabalham em grupo para a construção dos quizzes e trocam entre si”, explica Mary Grace. “Uma coisa importante é estar atento ao nível de dificuldade, para que não seja nem tão fácil, nem tão difícil. Tem que manter o aluno estimulado”.

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