Os jovens quando chegam ao ensino médio passam a ouvir a célebre pergunta: qual curso você escolheu para prestar o vestibular? Escolha profissional não é um assunto fácil, principalmente para garotos e garotas com idade entre 15 e 18 anos, fase da vida em que pesam muitos conflitos relacionados à geração. Por isso, uma das tarefas da escola é a de colaborar na orientação das possibilidades que o jovem pode ter, caminhos de continuidade dos estudos e inserção no mundo do trabalho.

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Antes de ir para a sala de aula abordar a temática, o professor primeiro deve pensar em informações estratégicas e úteis, de acordo com a assessora da área de juventude da Ação Educativa, Raquel Souza. Respostas para as seguintes perguntas poderiam ser reunidas: Onde estudar? Quais são programas governamentais que podem facilitar o ingresso? Qual é a diferença entre universidade pública e privada? Qual é diferença, inclusive de remuneração, entre estudo superior e curso técnico? O que é uma universidade de qualidade?

Raquel ressalta que é importante debater para além das profissões, trazendo discussões também sobre condições de acesso e mundo do trabalho. Levar possíveis debates que contemple as perguntas: O que é um bom trabalho? Quais são as condições salariais? Quais são os direitos dos jovens trabalhadores? O que é encargo trabalhista? O que é assedio moral e sexual, e o que fazer diante disso? “Para problematizar essas questões precisa ter informação”, alerta ela.
 
“O mundo do trabalho se concretiza muito fortemente a partir dos 18 anos, principalmente para os alunos da escola pública, e passa a ser predominante mais que a escola. Ao mesmo tempo, esse jovem quer dar seguimento ao estudo”, completa Raquel. Uma pesquisa realizada na rede estadual de São Paulo pela Secretaria da Educação, divulgada no final de 2013, identificou que 80% dos alunos querem continuar os estudos após o ensino médio. O levantamento ainda identificou que 63% desses jovens trabalham — ou já trabalharam — enquanto concluem os estudos.
 
Dentro da escola
“O que percebemos no processo de implementação das oficinas e o retorno que temos dos professores é que desperta o interesse dos jovens, eles se animam em discutir os temas”, revela Gabriel Di Pierro, educador do Projeto Tô no Rumo, que entre suas atividades promove um ciclo de formação de professores do ensino público para ajudar jovens na escolha profissional. Segundo ele, há relatos de estudantes que até mudam a postura nas aulas de profissões. Para realizar o trabalho, Di Pierro orienta fazer uma seleção de materiais como textos e vídeos.
 
Pensar como o professor vai incorporar essa temática na sala de aula é importante, segundo Raquel, e uma opção é pensar um projeto para o assunto. Há escolas que podem preferir fazer uma semana de profissões e outras que podem querer diluir a discussão com os alunos uma vez por semana durante dois meses, por exemplo.
 
“Outra coisa é tentar incorporar essa temática no material de cada disciplina em específico. Por exemplo, a USP todo ano libera a lista de nota de corte, além da relação candidato/vaga da Fuvest”, afirma. “Isso é um material riquíssimo para professor de matemática que pode problematizar a questão usando porcentagem, probabilidade ou variável. A partir do conhecimento matemático fazer análise que diz respeito ao ensino superior.”
 
Para tratar do tema, escolas de maneira geral pedem primeiro uma pesquisa para o jovem trazer à sala de aula. No entanto, Di Pierro acredita que o ponto de chegada pode ser a pesquisa. “Antes, é interessante fazer a formação com esse jovem, alargar o debate de profissões na sociedade e depois pedir para ele aprofundar o conhecimento com a pesquisa.”
 
“Sempre levamos para a sala de aula o exemplo da profissão atuário. Se não sei que ela existe, nunca vai fazer parte do meu universo de possibilidades. O professor levar essas coisas para que o jovem possa tomar contato com um maior número de opções é fundamental”, conclui Raquel.
 
Em breve, será lançado o “Guia Tô no Rumo: Jovens e Escolha Profissional” para download gratuito. O material é resultado de um trabalho realizado desde 2007 com professores e estudantes do ensino médio, com o objetivo de ajudar as escolas a serem lugares onde jovens pensem projetos de futuro.
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