O empreendedor social possui a capacidade de identificar uma necessidade e atuar para solucioná-la. No entanto, entre a identificação de questões e a articulação de parcerias e recursos, em uma iniciativa que se sustenta a longo prazo, há um caminho a ser percorrido.

Além disso, é necessário que o empreendedor social inspire confiança e preserve padrões éticos em suas iniciativas. Não há fórmula pronta para que uma ideia se transforme em referência na área para a qual foi pensada, porém há pontos em comum entre as iniciativas que deram e dão certo: possuem uma metodologia testada e adequada para a realidade em que se inserem. Portanto, é essencial estabelecer um método e também prioridades, para diminuir percalços ao longo da condução do projeto.

Inovação e Aprendizagem

Tiana Lins, coordenadora da área de seleção da Ashoka (organização presente em 70 países, inclusive no Brasil, apoiando empreendedores sociais) destaca que o histórico de atuação do empreendedor e a sua capacidade de liderar e gerir são aspectos observados com atenção pelos profissionais da instituição, assim como o impacto da iniciativa. Ou seja, os resultados já apresentados com aquele projeto e o potencial de seu crescimento em escala.

A importância dos resultados em projetos pilotos, onde a metodologia é colocada à prova e aprimorada, é destacada também por Pablo Handl, fundador do Hub São Paulo, espaço criado para inspirar e ajudar o trabalho de inovadores sociais.

Para Tiana, a identificação de problemas não é uma questão para o empreendedor social brasileiro, que consegue ser, em sua maioria, criativo na hora de ver oportunidades para a atuação social. Handl aponta que nem sempre um problema para o empreendedor é de fato um problema para seu público-alvo, e esse descompasso deve ser evitado através do retorno dos envolvidos, em um processo de constante intercâmbio de informações e conhecimento.

Engajamento de parceiros

Paulo Handl afirma que a aprendizagem deve ser constante dentro de um projeto inovador: “O projeto piloto, que colocará à prova o problema identificado pelo empreendedor social e a metodologia formulada por ele, apresentará um feedback, e o empreendedor precisa aprender rapidamente com isso, corrigindo eventuais equívocos e aprofundando o que deu certo. A prática e o planejamento devem andar juntos, de forma rápida e constante”, diz .

Depois de testada uma metodologia em pequena escala, Handl afirma que é hora de procurar parceiros para a implementação de fato do projeto. Nessa hora, é importante que o investidor identifique no empreendedor social alguém que possui o conhecimento e a capacidade de executar e gerir aquele projeto. Tiana explica que é nessa fase que a Ashoka recebe seus parceiros, ajudando a viabilizar o crescimento em escala nacional e internacional da iniciativa. Ela destaca a importância da ética de um empreendedor social, além de sua capacidade de inovar.

“O empreendedor deve partir para a prática, mas também entrar em contato com pessoas experientes, mobilizar parceiros. Em outras palavras, não dá para ele ficar só na articulação, nem somente na prática”, afirma Tiana.