Se pedisse aos alunos para criarem uma história e se deparasse com um "texto forte" de um deles, o que você faria? Perguntou o professor Luís Junqueira, que utiliza tecnologia e interação em um projeto de literatura para que os alunos escrevam seu primeiro livro. "Novo ano, nova sala, novos alunos… Nova vida. Uma bosta!” faz parte da história escrita por uma menina de 11 anos. Durante a exposição dela no evento “Transformar”, que aconteceu na segunda-feira (28/4), em São Paulo (SP). Luís Junqueira ressaltou ainda que provavelmente a aluna seria mal compreendida e proibida de escrever dessa forma.
 
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No entanto, para ele, é necessário dar mais autonomia aos alunos já que no exemplo, ela utilizou senso de ironia, escreveu corretamente e usou pontos de maneira criativa. “Incentivá-los a escreverem o próprio livro é dar liberdade a eles. Podem escolher tudo na história, depois ilustram, passam para o computador e diagramam. Ainda, temos noite de autógrafos, chamando os familiares”, contou.
 
Trecho polêmico do livro de uma aluna de 11 anos
 
“Não é fácil construir atividade em torno da liberdade. Há necessidade de confiar nos alunos, mas também mais do que uma plataforma para desenvolver isso, é preciso criar um ambiente seguro”, completou ele. Junqueira vai lançar o Primeiro Livro, uma plataforma que pretende reunir todo seu método de ensino para ajudar alunos de escolas públicas a escreverem suas obras.
 
A professora Alison Elisondro também se utiliza do conceito de autonomia para personalizar a educação de seus alunos do quarto ano, em uma escola pública na Califórnia (Estados Unidos). “Após passar 11 anos ensinando tradicionalmente, decidi reinventar a aula. Utilizo quatro pilares como base: comunicação, colaboração, pensamento crítico e criatividade. O aprendizado pode ser divertido. Temos que arriscar para mudar as coisas.”
 
Nas aulas, Alison faz rotação de atividades. Divide a sala em três grupos e cada um desempenha um trabalho. Os alunos podem sentar onde quiserem e ela também mescla ações tradicionais com aprendizagem online. “Acredito que deve haver uma mudança na cultura da sala de aula, para ser mais rica e desenvolvedora. Os alunos podem muito.”
 
Professora de uma escola pública da Califórnia conta sua experiência
durante evento
 
Tecnologias para educação
Para o fundador da Codecademy, que trabalha com startups educacionais, Zach Sims, a evolução dentro da escola está andando mais devagar que o mundo real. Segundo ele, o aprendizado deve ser baseado mais na prática, no “fazer”. Dessa forma surgiu o Codecademy, projeto que ensina a linguagem da programação. “Queríamos ensinar ao mundo como programar de forma fácil e amigável, por acreditarmos que será uma linguagem importante no século 21. O software está dominando o mundo.”
 
Mais de 24 milhões de pessoas começaram a programar por meio da plataforma. Dentre eles, cem mil são professores que criaram lições para compartilharem. O Brasil é o quinto país que mais acessa com um milhão de pessoas.
 
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Já o cofundador do Clayton Christensen Institute, Michael Horn, apontou quatro evoluções que julga interessante para o ensino: o acesso à banda larga que tem crescido no mundo; o aumento de possibilidades de comunicação com qualquer parte do mundo; o conteúdo do ensino tornando-se mais envolvente e interessante, como o uso de games; e o crescimento do aprendizado híbrido, que combina modelo presencial com o online de ensino. “Ensinar todos os dias da mesma maneira é o mais recorrente. Na sala de aula, estamos tendo práticas que não fazem sentido.”
 
Da esquerda para a direita, Michael Horn, Luís Junqueira e Zach Sims
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