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O escritor e doutor em educação pela Universidade de Barcelona, Jorge Larrosa, acredita que o processo de ensino/aprendizagem alcança melhores resultados quando permite a experiência. Além de não se limitar às fórmulas tradicionais, que costumam dividir a educação entre “ciência/técnica” e “teoria/prática”.

“Na escola, temos que fazer coisas não porque tenham uma utilidade, mas porque valem a pena em si mesmas. Atividades como ler, amar, viajar não são instrumentos para outra coisa, senão para que tenham sentido”, aponta o professor.

Autor de obras publicadas no Brasil, voltadas ao tema, ele explica que na sociedade da informação em que o sujeito moderno se encontra “passam muitas coisas, mas quase nada nos passa”. Ou seja, somos pobres de experiências. De acordo com ele, essa velocidade torna a aprendizagem um mero processo de aquisição e processamento de informação.

“O que eu trato de fazer é pensar a educação como algo que tem a ver com a experiência. Portanto, o importante não é o tempo que se passa na escola, o fundamental é se ela dá tempo e espaço para que a experiência aconteça.”

Para Larrosa, a educação tem seguido a mesma lógica imediatista da sociedade moderna. “Essa velocidade e a obsessão por resultados não têm permitido tempo e espaço para a experiência Além disso, ela é imprevisível e, na escola moderna, tudo tem que estar previsto e planejado e, de alguma forma, antecipado”, argumenta.

Ao traduzir o significado de experiência em várias línguas, o entrevistado defende que ela é um território de passagem. E aquilo que passa, forma e transforma. “Eu creio que o valor da escola está justamente em colocar à disposição das crianças e dos jovens, em alguns momentos, atividades que não se medem, não se entendem como ferramentas ou instrumentos para outra coisa, senão como interessantes em si mesmas, pelo puro prazer de fazê-las”, conclui Larrosa.

Link:
Artigo “Notas sobre a experiência e o saber de experiência”, de Jorge Larrosa

Créditos:
Os trechos de músicas utilizados no podcast, por ordem de entrada, são: “Viajei” (Vitor Ramil), com Vitor Ramil e Jorge Drexler, “Go Back” (Sérgio Brito e Torquato Neto), com Titãs, “Todo se transforma” e “Al otro lado del rio”, ambas com Jorge Drexler. Também foi usada uma passagem do poema “Instantes”, atribuído a Jorge Luís Borges, na voz de Newton Prado, em gravação de 1993. A música de fundo e a tradução do espanhol para o português é de Reynaldo Bessa.

Crédito da imagem: divulgação

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