Durante participação na 19ª edição da Educar Educador 2012, em São Paulo, o escritor Frei Betto abordou a transição de paradigmas para afinar o debate sobre as atuais expectativas educacionais. De acordo com o palestrante, desde a era medieval, sucedida pela modernidade e pós-modernidade, tem-se a transição da fé, razão e mercantilização, respectivamente, sendo este último motivo de preocupação do profissional. "Temo que estejamos mercantilizando as relações, motivo pelo qual insisto na importância da manutenção da esperança entre a sociedade".
O escritor afirma que, atualmente, há uma carência de projetos utópicos de ordem pessoal, cultural e profissional entre os cidadãos. E que estes seriam fundamentais para tornar possível um diálogo crítico junto ao neoliberalismo, que tem por objetivo máximo formar consumistas. "Se queremos formar cidadãos conscientes, e aí não atrelo a responsabilidade somente à escola, mas também às famílias e à sociedade em geral, precisamos fomentar projetos de subjetivação entre nossas crianças e jovens para, de fato, construirmos valores sólidos entre eles", pontua Frei Betto.
Na visão do palestrante, grande parte dos problemas sociais vigentes, como o alcoolismo e uso de drogas entre os jovens, se fundamenta na frustração decorrente de uma exteriorização de sonhos. "Cada vez mais se deposita em fatores externos a responsabilidade pelo nosso bem estar", afirma o palestrante fazendo referência ao domínio comportamental exercido pela televisão.
Frei Betto fala sobre a necessidade do preparo para uma relação dialógica com os produtos culturais, minando, dessa forma, a ditadura monológica promovida por alguns deles. E como a escola pode se posicionar frente a essa necessidade? "Trabalhando a subjetividade de seus alunos", insiste o palestrante.
Tão importante quanto é a necessidade da escola se adequar ao novo contexto social. "Estamos diante de uma geração imagética, com predomínio sobre oralidade e escrita. Não adianta trabalhar só com o livro. É preciso ressignificar os conteúdos tendo como parâmetro a vida cotidiana, se quisermos formar alunos, e cidadãos, aptos a lidarem com a realidade", finaliza o especialista.