Publicado em
15 de maio de 2013
O novo plano do Ministério da Educação (MEC) para tentar induzir melhorias no ensino médio prevê concessão de bolsas de estudo a estudantes pagas pelo governo federal. A ideia é estimular a vocação em ciência e licenciatura. Integração do currículo por áreas, e não mais por matérias, e ampliação de ensino profissional também estão nos planos. "Alunos que quiserem ser professores ou cientistas terão tratamento diferenciado", disse nesta terça-feira, 14, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, durante o 14.º Fórum Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação organizado pela Undime, na Bahia.
O projeto estará articulado com a expansão das bolsas para professores, dentro do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid). A meta é que 100 mil alunos e 75 mil professores recebam as bolsas. Construir uma proposta de melhoria para o ensino médio entrou para o centro do debate no MEC após a última divulgação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que registrou estagnação dessa etapa. Além da média brasileira ter ficado em 3,7 – enquanto a meta do País a longo prazo é chegar no mínimo a 6 – a escolas brasileiras ainda têm de evitar a perda de alunos.
Estima-se que 20% dos alunos antes matriculados no último ano do ensino fundamental sequer chegam a se matricular no médio. O plano do MEC, que está sendo desenhado em parceria com os secretários estaduais de Educação, traça a meta de recuperar 970 mil jovens de 15 a 17 anos que estão fora da escola. As redes estaduais respondem por 86% das matrículas nessa fase do ensino.
Enquanto alguns especialistas em educação exigem a definição de um currículo mais claro, para que se possa saber de fato o que os alunos devem aprender, o plano deve avançar apenas para uma proposta de integração curricular. A ideia é que se organize a grade pelas quatro áreas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) – Ciências Humanas, da Natureza, Linguagens e Matemática. "Isso é fundamental porque o jovem está cada vez mais olhando para o Enem", disse Mercadante. Os debates sobre o novo projeto do ensino médio ocorrem em conjunto com o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), que realizou um diagnóstico para melhorias. Para tentar atrair o jovem para a escola, MEC e Consed planejam ainda um incentivo maior ao ensino profissionalizante, uso de tecnologias e escola em tempo integral.
Financiamento. No diagnóstico encaminhado ao MEC, o Consed sugere a inclusão de um financiamento específico para o ensino médio, de forma que garanta "o necessário apoio federal" a essas ações. Questionado sobre como garantir o financiamento da educação básica, onde o gargalo do País é maior, não estipulou metas de investimento. "A cada ano estamos aumentando o investimento na educação básica. A meta é conseguir resolver os problemas centrais, creche para 50% (das crianças na idade) , 100% no ensino infantil, alfabetizar em 8 anos e aumentar o Ideb." Mercadante repetiu na Bahia o que já havia afirmado mais cedo no Senado: acredita que não é a definição de 10% do PIB para a educação que deve resolver os problemas da educação, mas a vinculação de 100% dos royalties do pré-sal.
A questão de financiamento da educação também foi lembrada pela presidente da Undime, Cleuza Repulho, que defendeu os 10% do PIB na educação "Temos de garantir os 10%, seja de onde for. Sem recursos, não há como garantir a qualidade da educação." Repulho ressaltou que o desafio maior está por vir. "Temos o desafio de em 2016 atender todas as crianças de 4 anos", disse ela.
O fórum da Undime, que ocorre no complexo hoteleiro da Costa do Sauípe, no município de Mata de São João, termina na sexta-feira. O evento reúne mais de 1,1 mil participantes.
* O repórter viajou a convite da Undime
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