“Crescemos com uma formação audiovisual muito presente no âmbito familiar – filmes e novelas –, mas quase sempre não trabalhada na escola”. A conclusão é da professora e doutora em cinema e educação, Cláudia Mogadouro, durante a apresentação no V Encontro NET Parceiros, ocorrido nesta quarta-feira (22/8), em São Paulo (SP). O evento acontece trimestralmente com o intuito de discutir assuntos ligados ao ensino.

Para ela, antes de passar um filme em sala de aula, o professor deve já ter assistido e “estar sensibilizado” quanto às questões tratadas na produção. “O professor não está sabendo utilizar o audiovisual a seu favor”, acredita.

De acordo com Cláudia, poucas das 3,8 mil escolas que receberam caixas de DVDs, enviadas pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, conseguiram usar o material. “Ainda está presente a ideia de ‘má influencia’ que a imagem pode causar.”

Para romper com essa concepção, seria necessário pensar na mediação que pode ser feita pelo professor entre o filme ou a TV e o aluno, ao contrário de apenas olhar o produto. “Existem vários elementos contribuindo na formação da criança e do jovem, e a mídia é um deles. Mas tudo depende da mediação feita pelo formador”, ressalta a especialista.

Ao analisar como os jovens recebem a telenovela, Cláudia constatou que “a partir da ficção o aluno podia falar de algo que ele vive. Não percebemos o quanto a escola ignora a dor”, contou sobre a experiência de frequentar escolas públicas durante um ano.

Além disso, “apesar de a linguagem visual ser tão importante, a escola ainda não consegue dizer para você que pode produzir sua própria mídia”, apontou o pedagogo Jean Karlo Oliveira de Souza. “E a presença do audiovisual para os jovens é mais forte do que o livro”, lembrou Cláudia.


A professora e doutora em cinema e educação, Cláudia
Mogadouro, fala sobre o audiovisual como mediação

Na sala de aula
“O filme deve ter um significado para o professor que o assistiu, para, depois, ele conseguir trabalhar isso junto aos alunos”, afirmou a pedagoga e analista de responsabilidade social do NET Educação, Rosângela Delage.

“O professor espera que o aluno consiga apreender algo. Isso mexe com o papel tradicional do educador”, completa Cláudia. Segundo ela, passar um filme e depois perguntar qual é a mensagem, como se apenas houvesse uma única resposta, não é o ideal.

“Não podemos focar na mensagem do filme para saber se devo ou não passar, mas sim nas diversas reflexões que podem surgir dali”, completou a gestora do projeto NET Comunidade, Lúcia Caetano.

Cláudia também falou da importância de discutir o filme entre os professores, antes de passa-lo para os alunos. Além disso, considera um equívoco passar uma produção na ausência do educador, já que não haverá um trabalho ou discussão em cima do filme.


Debate reúne grupo para discutir temáticas da educação trimestralmente
 

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