A cultura deve ser entendida como a forma que as pessoas organizam sua identidade, em variados cenários. Nesse sentido, torna-se necessário empreender uma educação que seja “descolonizadora”, livre das correntes do monoculturalismo europeu existente. A reflexão foi feita pelo professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e autor do livro “Reinventando a Educação”, Muniz Sodré, durante a mesa de abertura do IV Encontro Brasileiro de Educomunicação, nesta quinta-feira (24/10), em São Paulo (SP).

Sodré falou sobre as conexões entre cultura e diversidade para podermos reinventar a educação. “A educomunicação é um pretexto histórico para reformular essa visão monocentral de cultura, trazendo-a para o escopo da diversidade territorial, que é a essência da paisagem da sociedade contemporânea”, disse.

Para isso, segundo o autor, é preciso situarmos a leitura crítica no cerne da educação. “A crítica é um modo de aprender a realidade. Sem isso, toda educação é inócua. A leitura crítica mostra o real para além de todas as possibilidades.”

Também, na visão do professor, outro elemento para reinventar a educação é aquela que passe pelo sentimento, pelo sentido – e não pelo viés da lógica aristotélica. “Dessa forma, o que a tecnologia nos traz não é o equipamento, a ferramenta, mas sim um novo tipo de lógica para apreensão deste mundo. É a lógica do sensível. A educomunicação faz isso. Traz a tarefa de educar para a diversidade simbólica do sensível.”


Professores Muniz Sodré e Ismar de Oliveira
falaram sobre educomunicação e cultura

O fechamento da mesa ficou com o professor Ismar de Oliveira Soares, coordenador da Licenciatura em Educomunicação da Universidade de São Paulo (USP), que ressaltou a relevância do processo construtivo em que se encontra a Educomunicação e do aprofundamento de saberes sobre o tema.

Concordando com o professor Sodré, ele encerrou a mesa propondo a visão mais significativa da educação a partir do sentimento: “A universidade corre o risco de falsear uma realidade quando coloca a lógica do comportamento científico e abandona a sensibilidade. É essencial instituirmos as possibilidades do diálogo social a partir do coração”.


Primeira mesa de debate aconteceu nesta quinta-feira
(24/10), em São Paulo (FOTO: Lùcia Caetano)

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