Educar as pessoas para a vida é um processo que está muito além dos muros da escola. Mais do que ensinar os conteúdos curriculares, é preciso inserir os jovens em um ambiente urbano adequado para que se desenvolvam e estabeleçam seus próprios valores. Mas para que isso aconteça, é importante criar espaços múltiplos de aprendizagem. E é com este intuito que cidades como Santos, no litoral de São Paulo, desenvolveram programas estruturados para se tornarem ‘cidades educadoras’ – um conjunto de ações que integram a comunidade escolar, os alunos e as famílias aos espaços públicos, que, por sua vez, tornam-se educativos por meio de oficinas culturais, sociais e promoção de atividades esportivas.
A iniciativa parte da escola e se expande para outros espaços da cidade. As cidades educadoras têm como princípios, ampliar o contato de crianças e jovens com o meio ambiente; promover trocas culturais e de conhecimento; apoiar o desenvolvimento dos jovens para o mercado de trabalho; estimular a criatividade; a responsabilidade em contextos sociais e coletivos; e facilitar o acesso e o bom uso das tecnologias – ações que já acontecem de maneira estruturada em várias escolas e municípios mundo afora. O Programa Escola Total, de Santos, é mais um bom exemplo de que o potencial educativo das cidades vai muito além das salas de aula.
Criado em 2005, o programa visa dar novas oportunidades aos jovens que vivem em áreas vulneráveis da cidade. Hoje, Santos conta com seis escolas de tempo integral e 13 núcleos educacionais, que oferecem oficinas e outras atividades para os jovens. “A gente tem como proposta oferecer aos alunos uma forma de trabalhar com competências, conhecimentos e habilidades que o nosso momento atual exige”, conta Cristina Barletta, Secretária Adjunta de Educação e Coordenadora do Programa Escola Total.
O programa trabalha com os eixos cultural, esportivo e pedagógico, apresentando para os jovens estilos musicais, danças e novos esportes – sempre alinhados ao conteúdo curricular. “O aluno vivencia coisas que ele não tem no cotidiano dele. De repente ele se descobre gostando de Dorival Caymmi”, explica Cristina. O principal objetivo do programa, segundo ela, é despertar o respeito coletivo entre os jovens e fazê-los entender a educação como algo prazeroso e importante – o que, em médio prazo, pode, inclusive, impactar o aproveitamento escolar.
Para ser prazeroso para os jovens e para as famílias, um dos pontos essenciais do projeto é o uso de tecnologias, utilizadas especialmente para pesquisa. Para Cristina, facilitar este acesso e ensinar boas práticas são estímulos ao desenvolvimento dos alunos: “As oficinas ficam muito mais ricas quando a gente oferece aquilo de que eles gostam de fazer. E trabalhar com tecnologia é tudo que eles querem”, aponta.
Vale lembrar que os professores e educadores das oficinas passam por formações frequentes, além de avaliações sobre o desempenho dos alunos ao longo das atividades do programa. Os pais também são chamados para oficinas de formação – tanto para entenderem a importância da educação no projeto de vida do jovem, quanto para terem uma aproximação constante com o ambiente escolar. “Nós percebemos que quando existe o envolvimento da família, o aproveitamento do aluno é muito maior”, defende a coordenadora.