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A saúde talvez seja o setor mais desafiador quando o assunto é tecnologia. Quem entra nessa jornada para trazer soluções enfrenta muitas variáveis e obstáculos importantes, especialmente na rede pública hospitalar. 

As tecnologias, neste caso, se tornam aliadas dos usuários com iniciativas que vão de uma melhor articulação do histórico do paciente para agir na prevenção de doenças até o emprego de complexos sistemas.

“A gente está treinando a inteligência artificial, porque, em um futuro muito breve, ela vai ser um apoio para o médico a todo o momento”, afirma o diretor executivo do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e diretor de inovação do projeto InovaHC do mesmo hospital, Marco Bego.

Ambiente do InovaHC busca estimular a co-criação e a colaboração em boas iniciativas para a saúde (crédito: divulgação/InovaHC)

 

Para tratar da categoria Saúde, estreante este ano no Campus Mobile, o terceiro de uma série de seis episódios sobre o programa traz um panorama do mercado, suas tendências e possíveis dificuldades no caminho daquele que opta por esta modalidade.

“A saúde não é um negócio que você procura  todo dia, você só vai atrás em momentos de dificuldade”, afirma Marco Bego. Como soluções mais eficazes do atendimento primário, o diretor tem visto que os apps têm funcionado bem. 

“Desde uma preparação para uma consulta, um sistema de comunicação ou mesmo para responder a alguns questionários previamente, antes de chegar no próprio hospital. Acho que o aplicativo talvez seja uma boa forma de você se comunicar melhor com quem precisa da saúde”, recomenda Bego.

Ainda de acordo com o entrevistado, o Brasil tem hoje cerca de seis mil hospitais, sendo que 70% deles têm pouco acesso às novas tecnologias. Nesse contexto, há também outra opção em heath tech para se levar em conta. “É um mercado que, entre o início do produto e ele realmente ter vendas, demora um pouco, porque é necessário ter uma segurança agregada. Porém são serviços com bastante valor agregado quando você chega lá”, encoraja o diretor de inovação do InovaHC, projeto que cria e valida novas tecnologias, produtos e serviços na área da saúde.    

No áudio, você ouve ainda dicas e outras perspectivas do executivo para o setor, que tende a cada vez mais receber altos investimentos em tecnologia. Para isso, Marco Bego aponta caminhos para os projetos inovadores apresentarem eficiência.

Saiba mais:
Visite o site e conheça o InovaHC

Transcrição do áudio:

Marco Bego:
Os engenheiros, o pessoal de computação precisa estar mais perto dos médicos. 

Multidisciplinaridade é pré-condição, porque se fizer só do lado técnico, tal, pode sair um negócio brilhante de quando você olha pelo lado da tecnologia, mas pouco aplicável. Quando a gente segue só do lado médico, é um negócio que atende aos anseios do médico, mas a tecnologia é muito ruim. 

A saúde é medida por valor e não pelo serviço prestado. O importante é a eficácia que teve aquele tratamento e não quantos tratamentos eu fiz na pessoa, é a solução do problema dele. 

Vinheta “Instituto Claro – Campus Mobile”

Música de fundo

Marcelo Abud:
A série de podcasts do Instituto Claro sobre o Campus Mobile chega ao terceiro de seis episódios. Nesta edição, uma das novas categorias do programa: Saúde! 

O setor, no Brasil, enfrenta grandes desafios. A tecnologia tem sido fundamental para aproximar o público da saúde e democratizar, portanto, o acesso a médicos e tratamentos.

Sobre isso, o Instituto Claro conversa com o diretor de inovação do projeto InovaHC, do Hospital das Clínicas de São Paulo, Marco Bego.

Marco Bego:
O que eu tenho visto é que os aplicativos, essa forma de facilitar esse primeiro contato ou de você direcionar as pessoas para o lugar certo ou de pelo menos fazer uma seleção antes para que a pessoa possa procurar a coisa certa, até serviços, isso os aplicativos têm funcionado muito bem. Desde uma preparação para uma consulta, um sistema de comunicação ou mesmo um sistema de responder a alguns questionários previamente, antes de chegar no próprio hospital. E eu acho que eu… tendo um aplicativo, talvez ele consiga ser melhor direcionado para o lugar certo, ele já responder dúvidas que ele tem antes de ele chegar. Então, acho que o aplicativo talvez seja uma boa forma de você se comunicar melhor com quem precisa da saúde.         

Marcelo Abud:
O entrevistado destaca o que costuma funcionar para a criação de um bom aplicativo e, em seguida, traz um exemplo. 

Marco Bego:
Os aplicativos que funcionam bem são aqueles que partem de uma dor ou de uma necessidade ou de um problema. Todos esses, geralmente, têm sucesso. Aqueles que vêm o aplicativo primeiro e depois procuram a necessidade, esses têm mais dificuldade pra se encontrar na saúde. Eu sei de um aplicativo que trata de paciente diagnosticado com câncer, então, ele entra nesse programa que tem um aplicativo de acompanhamento e, por meio desse aplicativo, ele se conecta com pessoas que podem ajudar ele nessa jornada de tratamento. Pessoas que saíram de lá, já se trataram para ajudar ele a passar por essa jornada. 

Música: “Saúde” (Rita Lee e Roberto de Carvalho), Zélia Duncan
“Sei que agora / Eu vou é cuidar mais de mim”

Marco Bego:
Já tem coisas mais simples, por exemplo, tem um aplicativo aqui no próprio HC que é um aplicativo que, no dia em que a pessoa tem consulta, ele cadastra os familiares, ele recebe um QR Code pra ele entrar no hospital e passar pelas catracas sem necessidade de demais esperas. 

Marcelo Abud:
O projeto deve oferecer chances de expansão. Marco Bego traça um panorama do setor nesta matéria.

Marco Bego:
A gente fez um mapeamento agora, tem mais de 1000 startups no Brasil em health tech, dessas 1000, tem 380 startups que estão no mercado realmente com vendas, com startups operando. Não é um mercado simples pra entrar, entre você iniciar o produto e ele realmente ter vendas ele é um pouco maior do que, por exemplo, se fosse uma fintech. Porque você tem essa parte de segurança agregada, porém são serviços com bastante valor agregado quando você chega lá. Muita alta tecnologia, seja ela tanto de tecnologia de software e TI, quanto tecnologia realmente de pesquisa. É um mercado crescendo muito, a saúde, hoje, já é praticamente 13% do PIB, os investimentos em saúde no mundo só estão aumentando; a população está envelhecendo. Dica pra quem faz aplicativo: pense na pirâmide etária, na demografia do Brasil, isso é muito importante pra um projeto para o futuro.   

Música: “Envelhecer” (Arnaldo Antunes)
“A coisa mais moderna / Que existe nesta vida / É envelhecer”    

Marcelo Abud:
Investir em inovação na saúde é uma atitude inteligente não só para facilitar e otimizar seu acesso, mas também para que se economize com gastos depois que a doença se estabelece. 

Marco Bego:
Esse é um mercado importante para se pensar em inovação também. Como é que eu pago a saúde pela qualidade do serviço prestado? Quer dizer, a pessoa foi lá, ela fez um procedimento, ela acessou um projeto, ela usou um device e ela ficou curada. Não precisou mais voltar para o hospital, ela não tem um outro problema que foi causado por aquilo que a impede de andar, ou coisa que o valha. Então o que a pessoa mais quer de um hospital? Sair dele… bem. Tudo o que eu puder reduzir tempo, aumentar a eficiência, diminuir/melhorar essa jornada, quero dizer, tanto tempo em jejum, tempos de ansiedade esperando resultados, procedimentos que me torna inoperante durante um bom tempo, cirurgias longas. O quanto a gente investir em projetos ou em tecnologia para que eu faça ações rápidas e muito eficiente esse me parece que é o futuro. E a saúde paga por valor é o que todo mundo espera essa mudança de conceito e me parece que hoje a gente já começa a buscar os primeiros anseios disso.          

Música: “Tecnologia” (Astronautas)
“E começa mais um dia / Cotidiano e tecnologia / Eu posso ver em 3ª dimensão / Cinema preto e branco pela televisão”

Marco Bego:
Nós entendemos que a inovação vem mudar muito o conceito e a gente tem visto que isso está muito rápido. Então se olhasse, cinco anos atrás, nós poderíamos falar assim “ah, a inovação está muito distante”. Se olhasse dois anos atrás, a inovação está muito distante. Se olhar hoje você fala “nossa a inovação está indo tão rápido que eu não consigo persegui-la”. O que nós estamos buscando é: usar a tecnologia realmente para reorganizar… fazer as coisas melhores e de forma mais eficiente e eficaz, logo, mais baratas e que funcionem, né? A saúde está um pouco atrás da inovação, por exemplo, a telemedicina é uma coisa que ia andar, segurou, mas que não tem mais como segurar. A nossa expectativa é que, numa cidade como São Paulo, por exemplo, você poder fazer uma consulta por meio eletrônico, não ter que pegar o trânsito, estacionamento, transporte público, é uma vantagem importante. Já existem estudos que não muda uma consulta eletrônica pra uma consulta presencial, na maioria das vezes ela é semelhante. 

Marcelo Abud:
A inteligência artificial já é uma realidade no setor da saúde. 

Marco Bego:
Pra ajudar na avaliação de uma imagem pra procurar um câncer, um tumor, alguma coisa, isso já é usual, a gente só está treinando o machine learning, só está treinando a inteligência artificial, porque, no futuro muito breve, ele vai ser um apoio para o médico a todo o momento. Então vai dizer se o médico não ver alguma coisa, vai sugerir que ele olhe em algum lugar, e vice e versa, o médico vai sugerir pra a inteligência artificial que ela deva fazer isso… A gente não acha que a inteligência artificial vai ter um robozinho vai lá e faz a cirurgia sozinho, isso não me parece ser no curto espaço. Mas o robô ajudando o médico “ah, olha, segue aqui, toma cuidado com isso, olha, traz uma imagem, organiza” e torna o médico mais eficiente, isso me parece claro que vai acontecer. A cirurgia tá a cada dia ficando mais sem corte, a medicina intervencionista que você faz cirurgia por meio de imagens, endoscopia… Toda essa tecnologia vai aplicar nisso. E em algum momento eu vou precisar falar com esse cliente, na ida, pós… A jornada do paciente acho que tem muita possibilidade de inserção de tecnologia e muita possibilidade de inserção de aplicativos.

Música: Tudo sobre você (John Ulhôa / Zélia Duncan), Zélia Duncan
“Queria descobrir / Em 24 horas / Tudo que você adora / Tudo que te faz sorrir / E num fim de semana / Tudo que você mais ama / E no prazo de um mês / Tudo que você já fez”

Marcelo Abud:
A ciência de dados também gera boas soluções para a saúde.

Marco Bego:
A saúde é um gerador de dados gigantescos e essa “mineração”, essa organização desses dados pra você tirar informações, tirar insights daí é fundamental até para atenção básica, prevenção, eu acho que isso é uma coisa importantíssima. O problema é que a gente ainda tem dados muito desestruturados. Então, a tecnologia tem que ajudar também a estruturar esses dados com custo não tão elevado. Aplicativo que usa este tipo de informação tem muito campo pra fazer, porém tem muita gente fazendo isso. Você consegue fazer isso rapidamente, mas você tem uma grande competição. Quanto mais você vai se aprofundando em tecnologia, por exemplo, machine learning, uma inteligência artificial, aí já tem menos pessoas fazendo, mas são projetos mais sofisticados, com mais profundidade. 

Marcelo Abud:
E você, motivado com os desafios do setor? Pensando em ingressar seu projeto na categoria Saúde para ajudar as pessoas a viverem com mais qualidade de vida? O diretor de Inovação do InovaHC encoraja! 

Marco Bego:
Primeiro que façam! Olhem essa área como uma área que você tem além dos ganhos você tem outros ganhos que é pra poder realmente dar o seu retorno pra sociedade. Se oriente pelo problema, não se apaixone pela sua criação. Se apaixone por solucionar um problema, acho que isso te dá muita pista pra você andar quando você se apaixonar por resolver o problema. A outra é busque formação, não adianta fazer um wearable que mede o batimento cardíaco que não mede bem. Você pode estar colocando a vida das pessoas em risco. Procure um centro que possa te ajudar a fazer os testes, organizar essas coisas pra você ter um produto robusto. Pare sempre pra pensar se está no caminho certo, mude sempre que achar necessário. Procure ajuda de aceleradoras, incubadoras, vá  nos eventos ver o que está acontecendo, procure os médicos. Não dá pra fazer inovação na saúde longe da área médica. A área médica precisa de muita gente criativa e que possa realmente mudar a saúde. E, na minha modesta opinião, acho que está no caminho certo. A saúde é uma coisa que tende a aumentar muito os investimentos, já vem aumentando, e a gente vai ver cada vez mais. A tecnologia precisa ajudar nisso tudo.

Música de fundo

Marcelo Abud:
Melhorar a qualidade de vida das pessoas, a partir do bom uso da tecnologia em soluções para a saúde. Esse é o grande desafio desta categoria no Campus Mobile.

E no 4º episódio da série nosso tema continua a ser inovação. 

Rodrigo Duclos:
Eu sou o Rodrigo Duclos, eu sou o líder de digital e de inovação, eu sou o pai do Be On. É o primeiro podcast que eu faço. Tudo pra convencer você a submeter os projetos e participar do Campus Mobile e ajudar a gente a fazer deste país e deste mundo aqui um lugar melhor pra gente viver.

Marcelo Abud:
Com apoio de produção de Daniel Grecco, Marcelo Abud para o Instituto Claro.

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