Palavras-cruzadas e caça-palavras são atividades com potencial para promover um ensino significativo na disciplina de química, principalmente durante o ensino médio.

“Motivam os alunos por estimularem a criatividade, curiosidade, raciocínio e interação, assim como habilidades de interpretação de texto, redação, ortografia, ampliação do vocabulário e atenção. Aplicada em grupo, contribui para a socialização e argumentação”, lista a professora de Campinas (SP), Valéria Cristina dos Santos Camargo.

“Elas exigem do estudante interpretar um questionamento e buscar definições. Isso de forma divertida e prazerosa”, acrescenta o mestre em química e professor da rede pública de Ituiutaba (MG), João Ribeiro Franco Neto.

Segundo o docente, há ganhos também para o professor. “É possível notar uma ampliação na aprendizagem daqueles conceitos trabalhados por meio das palavras cruzadas, por exemplo, em comparação aos conteúdos em que a atividade não foi usada. Essa maior retenção e fixação da matéria torna o processo interessante”, garante ele.

Experiências práticas

As palavras-cruzadas e caça-palavras podem ser utilizadas no começo, meio ou final de uma sequência didática. “Ou seja, para introduzir um novo conceito, contextualizá-lo, ou como revisão para trabalhar o tema de forma interdisciplinar”, conta Camargo.

“Outras possibilidades são usá-las de forma avaliativa, para verificar os conhecimentos adquiridos e falhas de aprendizagem a serem preenchidas”, completa.

Para começar a construção, a professora e mestre em química, Thábata Laís de Araújo Barbosa Nascimento, sugere ao professor usar palavras-chaves do conteúdo em questão.

“Assim, em vez de se preocupar em decorar palavras e conceitos para responder o desafio, o estudante pode associar as perguntas à fala do professor, levando à reflexão e ao raciocínio”, diferencia.

Para fugir da memorização, Camargo sugere relacionar os conceitos trabalhados com temas da atualidade e do cotidiano dos alunos. “Vale também equilibrar o prazer do lúdico com o educativo, entendendo a palavra-cruzada como recurso para ensinar algo”, alerta.

Já Neto costuma utilizar softwares e aplicativos para criar a atividade, evitando trabalho com a diagramação.

“É uma boa opção também para o ensino remoto. O aluno pode fazer a atividade, printar no seu celular e devolver ao professor por mensagem”, esclarece.

Cada série, um tema

Nascimento recomenda aplicar a atividade em dupla, grupos e com a classe em círculo. “O colega pode ajudar um aluno com dificuldade, sendo facilitador da aprendizagem e favorecendo uma nova visão sobre aquele conteúdo”, enfatiza.

Neto lembra que o professor pode iniciar a preparação da atividade com assuntos leves, apostando na prática para se aperfeiçoar. Vale ainda pedir feedback dos alunos sobre como foi participar do desafio.

“Lembre-se que alunos podem rejeitar algo novo, por receio do erro”, diz o docente. “Contudo, o desafio engaja e traz modernidade para a proposta. Proponha que o ganhador seja não somente quem finalizar primeiro, mas quem acertar mais questões”, opina.

Para ele, a atividade não deve ser alinhada à nota e, em uma sequência didática, aparecer intercalada com a aula expositiva e outros recursos. “Sua aplicação dura, no máximo, 25 minutos”, calcula.

Sobre os temas a serem trabalhados no ensino médio, ele sugere aqueles com mais conceitos teóricos. Para o primeiro ano desta etapa, use conteúdos como separação de misturas, ligações químicas e funções inorgânicas.

No segundo ano, é a vez de substâncias simples e compostas, soluções, propriedades coligativas, termoquímica e eletroquímica.

Nascimento, por exemplo, apostou na atividade para ensinar substâncias químicas. “Pretendia que os alunos compreendessem cada conceito de forma clara, aprendendo a diferenciá-los, pois o assunto possui exemplos parecidos”, justifica.

Por fim, o terceiro ano pode se beneficiar da atividade no ensino de química orgânica. “Pode-se trabalhar funções e classificações de cadeia”, finaliza o professor.

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Crédito da imagem: danielvfung – iStock

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