Conteúdos

● História e cultura negra e periférica no Brasil e em São Paulo;
● Movimento negro;
● Hip hop e Rap.

Objetivos

● Compreender o que foi a diáspora africana;
● Conhecer parte da história negra no Brasil e em São Paulo;
● Estudar parte da cultura negra e periférica;
● Descobrir artistas brasileiros de samba, hip hop e rap.

Palavras-Chave:

Cultura Periférica. História Negra. Abolição da Escravidão. Esbranquiçamento. Gentrificação. Periferia. Hip Hop. Rap. Samba.

Sugestão de aplicação para o ensino remoto:

As sugestões estão organizadas em tópicos com uma breve explicação de cada recurso.
Jitsi Meet: é um sistema de código aberto e gratuito, com o objetivo de permitir a criação e implementação de soluções seguras para videoconferências via Internet, com áudio, discagem, gravação e transmissão simultânea. Possui capacidade para até 200 pessoas, não há necessidade de criar uma conta, você poderá acessar através do seu navegador ou fazer o download do aplicativo, disponível para Android e iOS.

Trabalhando com essa ferramenta, é possível:

– Compartilhar sua área de trabalho, apresentações e arquivos;
– Convidar usuários para uma videoconferência por meio de um URL simples e personalizado;
– Editar documentos simultaneamente usando Etherpad (editor de texto on-line de código aberto);
– Trocar mensagens através do bate-papo integrado;
– Visualizar automaticamente o orador ativo ou escolher manualmente o participante que deseja ver na tela;
– Reproduzir um vídeo do YouTube para todos os participantes.

● Gravação de videoaula usando o Power Point: o PPT, já tão utilizado por nós professores para preparamos nossas aulas, também permite a gravação de uma narração para os slides, que tanto nos auxiliam na explanação dos conteúdos. É possível habilitar a função de vídeo enquanto grava, assim, os alunos verão o professor em uma janelinha no canto direito da apresentação. Essa ferramenta é bem simples e eficaz. Veja um guia.

● Envio de Podcast aos alunos: podcast nada mais é do que um áudio gravado (como os enviados pelo Whatsapp). Podem ser utilizados para narrar uma história, para correção de atividades, revisar ou aprofundar os conteúdos. Para tanto, sugiro o app Anchor, que pode ser baixado no seu celular. Ele é muito fácil e simples de utilizar.

● Plataforma Google Classroom: permite a criação de uma sala de aula virtual. Essa ação irá gerar um código que será compartilhado com os alunos, para que acessem a sala. Nesse ambiente virtual, o/a professor/a poderá criar postagens de avisos, textos, slides do PPT, conteúdos, links de vídeos, roteiros de estudos, atividades, etc. É uma forma bem simples e eficaz de manter a comunicação com os alunos e postar as aulas gravadas, usando os recursos anteriormente mencionados. Confira outros recursos oferecidos pela Google, como a construção de formulários (Google Forms) para serem realizados pelos alunos.

Sugerimos aulas com até 30 minutos de duração. Além disso, nem toda aula precisa gerar uma atividade avaliativa, para não sobrecarregar os alunos. As aulas virtuais também podem ser úteis para correção de exercícios e plantões de dúvidas.

Previsão para aplicação:

6 a 8 aulas (30 minutos/aula)

1ª Etapa: Um pouco de história negra e da periferia do Brasil e de São Paulo

Nesta etapa, que será uma introdução e contextualização sobre o tema, sugiro de 2 a 3 aulas síncronas com os alunos, fazendo uso da plataforma Jitsi Meet, onde você, professor (a), poderá apresentar aos alunos os conceitos mencionados abaixo. Você pode preparar slides para ajudá-los na compreensão, e compartilhar com a turma através do recurso de compartilhamento de tela do seu computador.

Escravidão e a diáspora africana

A escravidão de seres humanos para o trabalho foi presente em muitos momentos e locais na história da humanidade. A remuneração com dinheiro para o trabalho no campo ou doméstico foi conquistada de forma efetiva e generalizada pelos trabalhadores apenas a partir do século XVIII, após a Revolução Francesa e a Revolução Industrial. Apesar de essa ser uma realidade, existe uma ampla diferença entre a escravidão da Antiguidade, a servidão feudal e o sistema de produção escravista realizado a partir do século XVI.

Na Grécia Antiga e em Roma, por exemplo, a escravidão era permitida, de modo geral, em três ocasiões: sobre os povos conquistados de guerra, sobre as pessoas que cometeram crimes e sobre aqueles que tinham dívidas. Os servos feudais, por exemplo, não podem ser comparados aos escravizados, já que tinham sua liberdade e não eram propriedade de ninguém, podendo migrar e deixar seu trabalho. O que pertencia ao senhor, nesse caso, era a terra e a casa onde viviam e pela qual pagavam, a depender da época e do momento, para poder produzir e viver com trabalho na parte da terra reservada ao senhor. Todo esse processo poderia ser mais bem explicado, mas não é o caso ou a abordagem nesse momento. A ressalva aqui, em relação ao processo de escravidão, se dá para que se leve em conta que a escravidão negra e africana do período moderno é um processo muito diferente da exploração da mão de obra do período anterior.

A escravidão africana negra ocorreu nas Américas, mas foi financiada e realizada pelos povos europeus, como os portugueses, ingleses, franceses e espanhóis. O contexto em questão foi o da expansão marítima e, portanto, do capitalismo mercantil. Os escravizados africanos eram povos tratados como mercadoria e foram sequestrados e transportados para outro continente, sem o direito à contestação ou manifestação contrária. Nesse sentido, diferentemente do que foram outros processos de trabalho não remunerado e obrigatório, a escravidão africana esteve inserida em um processo intercontinental, exploratório e fomentou o desenvolvimento e o crescimento econômico da Europa, mesmo sem que houvesse escravidão em larga escala em qualquer um dos países que financiaram o tráfico de pessoas em questão.

Cerca de 11 milhões de africanos foram transportados para a América do Norte, Caribe e América Latina, destes, 5 milhões foram trazidos para o Brasil. Esse processo é conhecido como diáspora africana, ou espalhamento forçado. Foram pessoas que foram retiradas de suas famílias e de seus lares, e perderam contato com suas línguas e tradições de nascimento. Ao embarcar forçosamente em seus locais de origem, os povos originais perdiam seu nome e grupo étnico linguístico, foram, muitas vezes, associados aos portos que embarcaram no continente africano e, ao chegar nas Américas, precisavam redefinir e reorganizar as relações sociais e culturais diante de novas necessidades.

A cultura afro-diaspórica, portanto, foi um processo de redefinição de identidades e de formação de novos grupos sociais. Se em seu território de origem cada um dos africanos trazidos para as Américas tinha sua própria língua, costumes, religião, família e tradições, ao chegar em território desconhecido e francamente hostil, tiveram que realizar outras formas de associação e composição familiares, bem como aprender novos idiomas e adaptar cultura e religião formando algo novo e original.

Apesar de toda a violência da escravidão, um mundo de trocas e de sociabilidade floresceu em meio a opressão, a partir de luta pela sobrevivência, resistência e organização para a abolição. São fruto dessa identidade religiões como candomblé, no Brasil, e o vodu no Haiti, por exemplo. A identidade negra e afro descendente não se encerrou com a abolição da escravidão, muito pelo contrário, segue sendo um processo contínuo de identidade e de formação cultural. A opressão e repressão vivida pelos descendentes de africanos e negros no Brasil, e no restante das Américas, configurou uma identidade de luta e resistência, por um lado, e de amor e celebração da existência e da ancestralidade por outro. São exemplos da cultura afro diaspórica contemporânea o jazz, o samba, o reggae e o hip-hop.

Abolição e Leis Racistas

A partir da segunda metade do século XIX, a Inglaterra e outros países europeus iniciaram uma pressão pela abolição do tráfico de africanos pelo Atlântico. Isso se deu por uma confluência de fatores que foram desde a Revolução Industrial e a regulamentação do trabalho assalariado e livre em nível internacional, até a consolidação do processo de neocolonização dos países europeus sobre os territórios africanos e asiáticos. O neocolonialismo inaugurou uma outra forma de exploração do continente africano, a partir da pilhagem de suas riquezas naturais e exploração da mão-de-obra não remunerada sem o deslocamento transcontinental.

Apesar de muitas vezes sobrevalorizarmos o papel inglês no processo de abolição das Américas, o movimento abolicionista teve um papel preponderante no fim do tráfico humano e no fim do trabalho escravo nas Américas. Muitas vezes retratado no Brasil somente como fruto da iniciativa de alguns monarquistas, como Joaquim Nabuco, já nos anos 1880 e sempre partindo de dentro das instituições políticas. O movimento abolicionista foi mais complexo e teve figuras como a de André Rebouças, engenheiro e livre, pioneiro nas discussões públicas a respeito da abolição desde pelo menos os anos 1860; Luis Gama, escravizado dos 10 aos 17 anos, advogado e defensor de negros; José do Patrocínio, farmacêutico e livre e Lima Barreto, escritor livre.

A Revolução Haitiana (1791-1804) e as revoltas em ilhas caribenhas, também foram de essencial importância para a abolição do trabalho escravo no Brasil e em outros países americanos. Elas formaram laços e trocas de experiências mútuas, bem como de práticas e teorias a respeito da libertação de negros nas Américas. A abolição da escravidão não foi um processo pacífico no continente americano, sendo uma das grandes causas da Guerra de Secessão (1861-1865), nos Estados Unidos e do fim da monarquia no Brasil (1889), ou seja, houve de fato um processo de pressão e organização por parte dos abolicionistas e, por outro lado, houve uma resistência bastante intensa por parte dos fazendeiros e latifundiários, dispostos a manter o trabalho exploratório e não remunerado e mais, o comércio intercontinental de pessoas, tratadas como produtos.

No Brasil, especificamente, o evento da Guerra do Paraguai (1864-1870) favoreceu e impulsionou o movimento abolicionista, pois diversos escravizados lutavam no lugar de fazendeiros e seus filhos pela promessa da liberdade. Além disso, o século XIX foi tomado de revoltas de escravizados ao longo de todo território nacional. De 1817 a 1835, no interior do Recife, o Quilombo Malunguinho reuniu dezenas de milhares de negros fugidos para o interior. Em 1824, os escravizados de Engenho Santana, em Ilhéus, na Bahia, se levantaram e exigiram respeito à sua vida e melhores condições de trabalho em negociação com o latifundiário. Em 1833, no interior de Minas Gerais, eclodiu a Revolta dos Carrancas, que assassinou diversos membros da família Junqueira, escravocratas. Em 1835, a Revolta dos Malés, também tomou Salvador, capital Baiana e contou com pelo menos 600 negros, entre livres, escravizados, muçulmanos e de outras fés. Em 1838, no Rio de Janeiro, ao menos oitenta escravizados fugiram para o interior do estado, liderados por Manoel Congo, com a intenção de formar um quilombo, foram reprimidos. Em 1842, a Balaiada, revolta ocorrida na Bahia, contou com a participação de cerca de dois mil escravizados e ex- escravizados, configurando a maior revolta negra do império. Isso sem contar com todos os quilombos que se mantiveram anônimos e as formas de resistência que se davam a partir de boicote, queima e quebra de equipamentos e de produtos.

O fim da escravidão, a partir da Lei Áurea (1888) no Brasil, não foi o começo da abolição da escravidão, entretanto consolidou a vitória de um movimento de expressão nacional e internacional, e contou com a participação de diversos segmentos da sociedade, inclusive de escravizados e negros livres.

O Darwinismo Social aliado ao positivismo, foi um grande fomentador do debate que justificou o racismo institucional no Brasil, políticas eugenistas e de esbranquiçamento da população, bem como a lógica da dominação africana no processo de neocolonização, como já citado acima. No caso brasileiro, enquanto havia escravidão, o trabalho era algo mal visto e associado a degradação. Após a abolição, com a entrada de imigrantes europeus e com a migração de negros para as cidades, o discurso de valorização do trabalho atingiu outro patamar. Passou-se a associar o trabalho com algo dignificador em oposição à ociosidade, algo que levava ao progresso e aos avanços. Essa discussão, no entanto, vinha acompanhada da ideia de que os negros libertos deveriam ser obrigados a trabalhar, mesmo que não houvesse trabalho disponível, ou ainda, que não houvesse disposição de empregadores para absorver a mão de obra de ex-escravos.

Durante o período da pós abolição, uma série de leis e práticas repressivas em território nacional buscavam combater a ociosidade e a vadiagem da população. A elite política brasileira usava do expediente da repressão policial, argumentando que os negros libertos carregavam em si a mácula da escravidão, o que os desumanizavam e os tornavam incapazes de viver plenamente em sociedade e de constituir família. São leis que, apesar de não carregarem explicitamente a ideia de repressão racial, eram racistas, já que só puniam aqueles que não tinham residência ou trabalho fixo e eram usadas como argumento para reprimir festas e eventos populares, manifestações religiosas não cristãs e o lazer de modo geral.

O Código Penal de 1890 foi o primeiro já na República, após o fim da monarquia, nele figurava a ideia de modernidade e avanço do progresso com foco em uma ideia de Estado-Nação. O trabalho, nesse sentido, tinha a função de disciplinar a população brasileira, organizando o horário e sob a batuta do patrão. Entre os crimes passíveis de punição, dentro dessa lógica do trabalho, estavam o de praticar capoeira. Hoje, considerado um esporte de patrimônio nacional, não era só um espaço de celebração, reunião e comemoração, mas um importante local de auto organização para defesa própria. A capoeira não é somente um jogo, mas um esporte de autodefesa, com o qual era possível resistir às agressões e perseguições dos capitães do mato e depois da própria polícia, além de ser um espaço de manutenção da história negra e africana, através da oralidade e da contação de histórias de repressão aos negros após a abolição da escravidão. Os grupos de capoeira eram espaços políticos, sociais, de resistência e solidariedade mútua. Sob o argumento de proibição da vadiagem, a capoeira foi perseguida e reprimida e seus praticantes passíveis de punição. A lei que criminalizava a capoeira só deixou de vigorar em 1940.

Além da repressão à capoeira, outra forma de reprimir a cultura e as manifestações negras sob o argumento de modernização eram as leis de saúde pública. De acordo com o artigo 157 do Código Penal de 1890, era proibido praticar o espiritismo, magia, ler cartas, vender talismãs e alegar cura para doenças. O argumento usado para isso era a proteção da saúde. Sob essa alegação, terreiros foram fechados, mães e pais de santos presos e perseguidos. Não somente as religiões de matriz africana sofriam com isso, mas o espiritismo kardecista também era reprimido, muito embora com relativa aceitação entre a elite paulista e carioca e muitas vezes com suas celebrações feitas em locais fechados e discretos. Sobrava repressão em terreiros, nos quais a polícia apreendia materiais sagrados, agredia participantes, forçava o fechamento e a mudança de endereço.

Repressão, migração e formação das periferias em São Paulo e Rio de Janeiro

Após a abolição, houve uma intensa migração de ex-escravizados para cidades aliadas à importação de mão de obra branca e europeia, sobretudo no Sul e Sudeste, para o trabalho na lavoura de café e nas fábricas. Muitos dos negros escravizados que viviam sob a tutela de um fazendeiro e suas famílias, optaram por não continuar nas fazendas, pois, apesar de abolida a escravidão, muitos oligarcas se recusavam a pagar salários ou a manter condições de vida dignas para ex-escravizados, mantendo rotina de exploração e agressão física. Outros latifundiários expulsaram os negros de suas fazendas e adotaram a mão de obra imigrante, subsidiada pelo Estado e sem direitos trabalhistas, muito embora fossem livres.
Apesar de fugirem das fazendas e migrarem para as cidades, a vida dos negros ex-escravizados no Brasil não ficava muito melhor no ambiente urbano. A oferta de emprego existia, sobretudo de empregos precários, como por exemplo, em São Paulo, retirar areia do Rio Tietê ou trabalhar na construção civil em uma cidade em expansão. Além da questão do emprego, os negros enfrentavam o problema da moradia precária, uma realidade compartilhada com outros trabalhadores, e a intensa repressão policial de cunho racista.

O processo de formação das periferias nas zonas urbanas tem início também com a higienização e gentrificação dos grandes centros das cidades, no início do século XX, e com a grande concentração de terras nas mãos de poucas pessoas, os latifundiários. O Brasil é um país que nunca passou por uma reforma urbana ou agrária de redistribuição de terras para trabalhadores rurais, ou de prédios e casas desocupados nas cidades para moradores que não têm casa própria.
O discurso e a prática positivista, de valorização do progresso, foram responsáveis por processos de modernização das cidades, com ampliação de avenidas, derrubada de casebres e de moradias precárias. Pessoas que viviam nesses locais, como ex-escravizados e trabalhadores imigrantes urbanos, foram empurrados para a periferia das cidades, ficando à margem do acesso ao moderno e ao avançado, direcionados para as elites citadinas. Essa situação se agravou ao longo do século XX, com a migração de outros grupos sociais, como os trabalhadores do campo, expulsos de suas terras e sem trabalho pela constante expansão do latifúndio e do trabalho mecanizado, e nordestinos vindos de diferentes estados, em pelo menos três grandes ondas: nos anos 60, 70 e 80, se instalaram nas periferias das cidades para trabalhar em fábricas e em setor de serviços.

Em cidades como o Rio de Janeiro, a população pobre migrou para os morros, onde ficou sem acesso ao saneamento básico, escolas e creches, transporte público e segurança, além dos riscos à própria moradia, como deslizamentos e desabamentos. Em São Paulo, regiões mais distantes do centro e mais próximas dos rios como Pinheiros, Tietê, Aricanduva, Tamanduateí, entre outros, receberam os moradores que, além de enfrentarem problemas como a ausência do poder público, também vivem situações de alagamento.

A expansão das cidades é horizontal e responde menos às necessidades dos cidadãos e dos moradores do que aos desejos da especulação imobiliária e das grandes construtoras. Nesse sentido, a população pobre é sempre mais empurrada para as áreas distantes dos centros urbanos e passa ter mais gastos financeiros e de tempo de deslocamento para o trabalho, escolas e faculdades, além de hospitais e creches, e está sujeita a maiores situações de vulnerabilidade social. Além disso, os locais de lazer e cultura estão mais concentrados nas áreas centrais das cidades, deixando o acesso à bibliotecas, casas de cultura e museus restritos e limitados para uma parte da população.

Periferias e favelas também são locais onde há insegurança institucional, com maiores situações de assassinatos, assaltos e mortes violentas, tanto realizadas pelo crime organizado, pela polícia e, atualmente, pela milícia, que ocupou em alguns lugares o papel que o Estado deixou vago, cobrando por serviços como água, luz, gás e internet cabeados e oferecidos de forma ilegal.

Miscigenação e Mito de Democracia Racial

A partir do início do século XX, com a já citada ideia de Darwinismo Social e o Positivismo, começou a vigorar entre os membros da elite a ideia eugenista de incentivar e favorecer a miscigenação racial para favorecer o branqueamento da sociedade. Diversos autores contribuíram para fomentar a ideia de eugenia que, partindo da ideia de que a humanidade é dividida em raças – conceito bastante diferente da ideia de etnia, que prevê diferenças culturais, sociais, linguísticas e econômicas – os brancos europeus seriam a raça superior, já que teriam conquistado e dominado outros povos. Nesse sentido, a eugenia seria o melhoramento via Ciência, ou seja, via cruzamento dos negros e de outras raças tratadas como inferiores. Eugenia significa, portanto, melhoria e aprimoramento do ser humano, partindo da ideia de raça.

Autores eugenistas brasileiros acreditavam que em algumas gerações, a partir de miscigenação, a população brasileira poderia tornar-se branca. Antropólogos, médicos e pesquisadores brasileiros fundaram juntos a Sociedade Eugenista Brasileira, criaram congressos para debater o assunto e políticas públicas que poderiam ser tomadas e foram, inclusive, em eventos internacionais. Entre esses autores estão Ricardo Kehl, Miguel Couto, Monteiro Lobato e Roquette Pinto, nomes famosos por nomear ruas de cidades, rodovias, escolas e hospitais ao longo de todo território nacional.

Além da ideia eugenista de branqueamento da sociedade, vigorou e ainda vigora em certos momentos o mito da democracia racial. Essa ideia prega lógicas como as de que no Brasil o racismo não é tão exacerbado como é em países como os Estados Unidos, ou como foi na África do Sul durante o período do apartheid. Como no Brasil nunca houve leis explícitas de segregação racial, e durante muito tempo existiu o discurso de que a fundação do Brasil se deu entre as três “raças”, a branca, a europeia, a negra, a africana e a vermelha – dos povos nativos e originários – então não haveria no Brasil o racismo explícito como em outros locais.

Parte dessa ideia vem do sociólogo e antropólogo brasileiro Gilberto Freyre, que escreveu o livro “Casa Grande & Senzala”. Para ele, ao contrário dos eugenistas, era a miscigenação que fazia do povo brasileiro um povo forte e diferente dos outros. Freyre, no entanto, partiu do pressuposto de que a miscigenação era voluntária e não forçada entre senhores e escravizadas. A palavra “mito” remete à ideia de uma construção narrativa, normalmente fundacional que não é real, mas que serve para dar as bases de um povo. Nesse sentido, o Estado brasileiro seria pleno de direitos para todos os cidadãos, independentemente de sua origem étnica, fazendo com que as reações racistas fossem de âmbito exclusivamente individual e não estrutural. Contra essa ideia, alguns teóricos levantam a ideia de racismo estrutural, que demonstrou como as políticas do Estado brasileiro, independentemente de serem explicitamente racistas ou segregacionistas, favorecem e favoreceram a exclusão da população negra do acesso à ascensão e mobilidade social, favoreceu a repressão policial e o encarceramento, além da segregação em locais de moradia precários, com pouco acesso à saúde, transporte e serviços, como já falamos anteriormente.

Resistência negra e movimento negro

O movimento negro e a resistência negra são extremamente diversos e ricos, e remontam enquanto fenômeno de resistência desde o século XVII, quando se expandiu a escravidão, através dos quilombos, das revoltas populares, da quebra de instrumentos e maquinaria dos fazendeiros, queima de produção, entre outras diversas formas de levantes. No século XIX, como já citado, o movimento abolicionista foi amplo, intercontinental e contou com jornais e organizações de auxílio mútuo, religiosas e políticas. Já no século XX, com a abolição e formação das cidades, ele se complexifica e se expande, tendo diversidade de ideias e de lutas dentro de si.

Dos anos 1903 a 1960, houve uma grande organização em torno de jornais de grupos negros em São Paulo. Esses grupos ficaram conhecidos como imprensa negra paulista e eram extremamente diversos, sendo desde grupos de lazer, de organização política, de carnaval e de auxílio mútuo. Eles foram de importância essencial na construção identitária e cultural da população negra e na organização de lutas de resistência e reivindicação de direitos. Desses jornais e organizações é formada a Frente Negra Brasileira, tendo Abdias do Nascimento como um dos seus principais expoentes e dirigentes, e reconhecida como partido em 1931, mas posta na ilegalidade durante o Estado Novo, em 1937.

A Frente Negra Brasileira tinha como sede o bairro da Liberdade que era, até então, um bairro de maioria negra. A FNB promovia diversas ações para seus associados, desde a formação escolar e política, até atividades de cunho profissionalizante e de lazer. O principal jornal que unia o grupo era o Clarim d’Alvorada. Politicamente, o grupo pregava a ideia de independência política de outros grupos, lançando candidaturas próprias, cuja principal função era a de defender os negros brasileiros. Foi um grupo diverso, formado por ao menos 6 mil pessoas em todo território nacional e teve dissidências internas desde o início, contando com grupos aliados aos nacionalistas e grupos aliados aos socialistas, não sendo, portanto, homogêneo. A Frente Negra Brasileira foi o primeiro movimento de massas que reuniu como foco principal a luta contra o racismo e agrupou negros no país.

Enquanto o Estado Novo varguista durou, não houve movimento negro legalizado ou organizado de forma explicita. Na década de 1940, no entanto, muitos grupos voltaram a se organizar em torno de agremiações, entre eles a União dos Homens de Cor, de 1941, a Associação José do Patrocínio, a Cruzada Cultural do Preto Brasileiro, o Centro de Cultura Luiz Gama, a Frente Negra Trabalhista e a Associação do Negro Brasileiro. Todos formados nesse contexto e com intenções e formação políticas bastante diferentes, como a valorização da cultura negra, manifestações contra a representação no negro na imprensa e nas propagandas, luta por educação, moradia, lazer e cultura. Diversos jornais foram criados ou recriados nesse período. Além de organizações políticas, organizações culturais também apareceram, como o Teatro Experimental do Negro, o Grupo de Afoxé Associação Recreativa Filhos de Gandhi, a União Cultural do Homens de Cor, o Teatro Popular Brasileiro e a Orquestra Afro-Brasileira, do maestro Abgail Moura. Grande parte desses grupos tinham a intenção de prestar assistência social, auxílio mútuo e de solidariedade, fornecendo educação e se organizando em torno de pautas em comum.

Os anos 60 e 70 foram importantes internacionalmente, tendo o Brasil participação no contexto. Nessas décadas, os negros americanos estavam se organizando para lutarem pelos direitos civis, aparecem, então, Martin Luther King, Malcon X, os Panteras Negras e outros expoentes com amplas passeatas e defesas de direitos, sobretudo ao voto, educação e acesso a empregos e serviços. No Caribe, os movimentos de afirmação negra e diaspórica através do reggae e do rastafarianismo, também passam a circular no mundo. Os países africanos estão em intenso movimento pan-africanista e de libertação nacional do neocolonialismo.
No Brasil, em plena ditadura militar, os grupos que existiam permaneceram lutando por direitos da população negra, mas além disso também eram movimentos de afirmação, da beleza e da cultura negra e de estudos étnico raciais. Foi o caso do Centro de Estudos Afro Asiáticos que reuniu muitos intelectuais negros; outro exemplo é o Grupo Evolução e o Centro de Cultura e Arte Negras. Em 1978, o grande marco da reorganização foi a organização do 1º Festival Comunitário Negro Zumbi (Feconezu), que ajudou na fundação do Movimento Negro Unificado, no dia 07 de julho do mesmo ano, em ato unificado em frente ao Teatro Municipal de São Paulo.

O Movimento Negro Unificado foi criado, gestado e organizado por um grupo amplo, diverso e extremamente comprometido de intelectuais e militantes negros, bem como diversas agremiações, e foi essencial para as lutas que seguiram durante o período de redemocratização e democracia no Brasil. Entre eles estavam Sueli Carneiro, Joel Rufino dos Santos, Maria Ercília do Nascimento e grupos como o Grupo Afro-Latino do jornal Versus, socialista, a Câmara do Comércio Afro-Brasileira, Grupos de Atletas Negros, Grupos de Artistas Negros, Associação Cristã de Beneficência, entre outros. Foi o segundo grupo de massas de organização negra brasileira, abrigando dentro de si uma frente ampla de militância e seguindo os passos da Frente Negra Brasileira.

O MNU teve como principal bandeira a luta dos negros e oprimidos, de caráter eminentemente contestatório, político e de luta por igualdade social e contra a discriminação racial e a exploração de classe. O MNU fez propostas de políticas públicas como cotas em universidades e cursos superiores, acesso à educação e exigindo ações do Estado no combate à desigualdade. Entre suas principais conquistas estão a criminalização do racismo, a garantia da posse da terra para remanescentes quilombolas e seus descendentes. O MNU também foi de crucial importância para a proposta do dia 20 de novembro como dia da Consciência Negra, em homenagem a Zumbi dos Palmares, e a proposta transformada em lei em 2003, de ensino de História e Cultura da África no ensino básico.

Nos anos 2000 em diante, o movimento negro, bem como outros movimentos políticos e sociais, se pulverizou e os movimentos de unificação perderam um pouco da sua força. Isso, no entanto, gerou diversos grupos espalhados por todo território nacional, com propostas muito diferentes entre si que obtiveram as mais variadas conquistas. Porém, o dia 20 de novembro continua sendo uma data de unidade e frente ampla de todos esses movimentos para lutar por garantias de direitos e celebrar a cultura e a história negra.

2ª Etapa: Hip hop e rap no Brasil

Para essa etapa, sugiro que você professor (a) solicite aos alunos uma pesquisa prévia sobre o tema, e que, em uma próxima aula síncrona, eles possam apresentar brevemente o que pesquisaram, inclusive os principais artistas de hip hop e rap que conhecem e/ou gostam. Caso seja necessário, abra um debate, e complemente as informações trazidas pelos alunos, como por exemplo, as descritas abaixo. Vale lembrar que qualquer comunicação com os alunos, como envio de roteiro de pesquisa, pode ser feita através do Google Classroom.

Cultura Periférica e Arte de Rua

A periferia das grandes cidades assume para os moradores que lá habitam um conceito que supera a ideia de espaço geográfico apartado do centro. As áreas extremas das grandes cidades reúnem em si algumas características próprias, já citadas anteriormente, como a ausência ou a precariedade de serviços públicos e privados, distância e tempo de deslocamento para chegar ao centro da cidade, maior índice de violência e a repressão policial.

A partir dos anos 90, a identidade periférica ganhou outra conotação. O morador da periferia que assumiu para si essa característica, passou a se identificar com uma identidade periférica e muitas associações de pessoas nessa fase começaram a se organizar em prol de promover melhorias nas regiões em que viviam, bem como melhores condições de vida para si e para as pessoas ao redor. São grupos sociais, ONGs, organizações artísticas e culturais, atividades esportivas, dança, teatro, saraus, cineclubes, etc.

Com a ausência do Estado e de outras instituições, grupos que assumiram essa identidade periférica começaram a atuar e mover o espaço e a juventude em modelos autogestionados, coletivos e muitas vezes atuando em redes de trocas com outros espaços periféricos nas grandes cidades, formando um círculo cultural periférico e não dependente da agenda oficial do Estado ou do centro da cidade para obter reconhecimento.

Do ponto de vista da formação cultural da periferia, houve uma ressignificação de características costumeiramente atacadas pela grande mídia e pela elite cultural, como a valorização do modo de se vestir, da linguagem e gírias, das próprias práticas culturais, ênfase na cultura negra e reconhecimento da presença ou da ausência de condições específicas. Nesse sentido, o morador pode se sentir acolhido e respeitado, além de se identificar com uma prática que fala de seu dia a dia e valoriza suas características, diferentemente do que ocorre quando ele sai de um espaço próprio e vai para outro.

A cultura periférica tem um forte componente político e social contra hegemônico e tem como característica, não somente a diversão ou suprir uma ausência de lazer e afins das regiões distantes do centro, mas pertencer e modificar o entorno, a partir de práticas que ao mesmo tempo são de entretenimento, produção e fruição artística e de debate sobre as condições de vida e da transformação do espaço.
Por se tratar de cultura popular, a cultura periférica está em constante movimento e tem características próprias em cada um dos locais e bairros que existem. Nos anos 2000, por exemplo, o funk e as grandes festas fizeram parte desse processo, bem como a presença de igrejas e outros grupos religiosos. A relação da cultura periférica, no entanto, está ligada a uma sociedade desigual e de classes, enquanto ela existir, esse processo seguirá em movimento.

Conhecendo um pouco da história do hip hop e do rap

O hip hop nasceu nos Estados Unidos, no bairro do Bronx, em Nova York, nos anos 60, em conjunto com os movimentos de liberdade e direitos civis e valorização da cultura negra, que ocorreram nesta década no país. O Bronx era um bairro reconhecidamente pobre e violento e de maioria negra, com problemas estruturais como a ausência ou carência de escolas, tráfico de drogas, brigas e problemas entre gangues e facções por disputas territoriais.

Um dos precursores do hip hop foi Afrika Bambaataa, morador do bairro que começou a organizar junto com outros moradores festas conhecidas como block parties ou festas de quarteirão, onde jovens moradores podiam participar de competições de dança, além de realizar debates e eventos sobre as organizações políticas e manifestações que estavam ocorrendo no país. Dessas festas, muitos grupos de auxílio mútuo e assistência social, bem como grupos e coletivos de organização política, surgiram e puderam se organizar além da ideia de gangues em competição, mas em colaboração umas com as outras.

No contexto das festas e das organizações culturais e políticas é que se forma o hip hop, que é um conjunto de quatro elementos. O DJ, o Disk Jockey, que é a pessoa que remixa músicas a partir de Pick Ups de sons, nos anos 60 usando Lp’s, mas hoje em dia usando programas específicos para remixagem, sobreposição e cortes de músicas. O MC, que é o Mestre de Cerimônias, é aquele que apresenta os grupos e faz rimas. Os B Boys são os dançarinos de Break Dance, o Grafitti é a pintura urbana em paredes e o rapper é o poeta que canta – é dessa mistura que nascem as batalhas de rimas e poesia.

RAP, em inglês significa Rhythm and Poetry, Ritmo e Poesia. Nesse sentido, nas batalhas que poderiam ser improvisadas ou preparadas previamente, ganhava aquele tinha uma rima mais original, bem feita e que cativasse mais o público em questão, o DJ poderia ou não acompanhar. As letras e o ritmo sempre foram variados, falando desde política, denunciando as condições de vida ou valorizando a cultura periférica, mas também de amor, de amizade, de família e das relações e sonhos de modo geral, podendo ser mais secas ou mais melódicas.

A cultura hip hop, nesse sentido, tinha como principais características a organização de pessoas para fruição, produção e apreciação artística; a pacificação, socialização e coesão de grupos marginalizados; a sobrevivência material e econômica através da auto organização de festas e eventos; a valorização do local e do bairro, da cultura e população de determinada região excluída; a participação, conscientização e organização política e, por fim, a humanização de uma população constantemente excluída e tratada muitas vezes como número pelo poder público e pela mídia.

O hip hop e o rap no Brasil e em São Paulo

Em São Paulo, o lugar que ficou conhecido como berço do hip hop foi a esquina da Rua Dom José de Barros com a 24 de Maio, na região central, nos anos 80. A rua 24 de Maio é de fácil acesso para quem sai de qualquer uma das regiões periféricas de São Paulo. É conhecida por abrigar o Centro Comercial Presidente, ou Galeria Black ou ainda Galeria do Reggae, que tem salões de cabeleireiros e barbeiros voltados para o público negro, lojas de tintas, spray e skates, além de sebos com discos, a famosa galeria Olido, local onde ocorreram historicamente batalhas de rimas, mas também eventos de samba rock e funk. Apesar de estar no centro da cidade, faz parte do circuito de eventos das redes periféricas.

O hip hop chegou ao Brasil e deu seus primeiros passos em São Paulo por volta dos anos 80. Nelson Triunfo, pernambucano radicado em São Paulo, começou a levar seu grupo para a frente do Teatro Municipal para dançar break e atraiu muitos jovens para lá. No início, era feito nessa região o palco das disputas de break e rimas de Rap, depois migrou para o Largo São Bento, próximo ao mosteiro. A demora se deu por muitas razões, entre elas a ditadura militar que estava no fim, mas que impôs um regime de repressão gigantesco na periferia e nas favelas, a dificuldade com a língua e por se tratar de uma cultura marginalizada não estar presente na grande mídia, mas quando chegou nas periferias cumpriu um papel essencial na autoestima do jovem periférico, fomentando uma organização em redes e auxiliando no encontro de grupos excluídos ou marginalizados em toda a cidade.
O primeiro álbum de RAP gravado foi o “Hip Hop Cultura de Rua”, em 1988, com diversos artistas. Em pouco tempo diversas coletâneas foram gravadas e nomes históricos foram lançados, como o Thaíde, DJ Hum e Racionais MC ‘s, apesar de somente gravarem seu primeiro álbum solo em 1993. Nos anos 90, o rap começou a aparecer na grande mídia e nas rádios com maior frequência, tendo a MTV, extinto canal dedicado à exibição de clipes musicais, sendo pioneiro nessa entrada.
O rap paulista dos anos 80 e 90 tratou de temas como o cotidiano da periferia, a repressão policial, a questão das drogas, a discussão sobre o papel dos malandros no contexto periférico, valorização da cultura e estética negras, conscientização política, entre outras coisas.

Os anos 2000 mudaram muito o cenário do rap, trazendo-o para o mercado musical e ampliando as temáticas tratadas pelas músicas, bem como aumentando a quantidade e variedade de artistas. Temas como o cotidiano periférico continuaram a pertencer ao universo do rap, mas agora temas como feminismo, grupos LGBTQIA+, a expansão para todo o Brasil com grupos indígenas também trazendo o RAP como parte de seu cotidiano, bem como mudanças como maior musicalização do tema, letras de amor e músicas mais melódicas também fazem parte das novas correntes e vertentes do rap nacional.

O hip hop é, portanto, um movimento artístico e cultural, diaspórico e periférico, com identidade própria e serve tanto para a conscientização e organização políticas, quanto para apreciação e fruição estética, além de fortalecer redes de contato, amizades, grupos e a auto estima do jovem negro e periférico.

3ª Etapa: Apreciação dos principais artistas e grupos de rap brasileiros

Para esta etapa sugiro que você professor (a) agende uma ou duas aulas síncronas com os alunos, para que vocês possam assistir juntos aos vídeos sugeridos abaixo, e debater sobre eles.

Além de conhecer a história do ponto de vista do conteúdo, a fruição e apreciação de obras são importantes para a formação estética e artística dos estudantes.

Abaixo, há uma seleção/sugestão de vídeos de rappers brasileiros importantes. O (a) professor (a) poderá selecionar os clipes mais adequados para passar para os estudantes, de acordo com a faixa etária e com a maturidade da sala.

O (a) professor (a) poderá deixar também os vídeos passando ao fundo, enquanto os estudantes produzem alguma atividade ou somente a música, sem as imagens.

Racionais MC’s – Jesus Chorou

Thaíde e Dj Hum – Que tempo Bom

Facção Central – Isso aqui é uma guerra

Filosofia de Rua – Histórias do Coração

GOG – O Amor Venceu a Guerra (AO VIVO)

Pavilhão 9 – Sigo com Calma

RZO – O trem

Sabotage – Um bom Lugar

Detentos do RAP – Baseado em Fatos Reais

Dina Di (Visão de Rua) – A Noiva de Chuck

Rappin Hood e Leci Brandão – Sou Negrão

De Menos Crime – Rap das Quebradas

Visão de Rua – Irmã de Cela

Xis – Us Mano e as mina

Planet Hemp – Legalize Já!

MV Bill – Soldado do Morro

B Negão e Seletores de Frequência – Essa é pra tocar no baile

DBS e a Quadrilha – Vai na fé

Negra Li – Você vai estar na Minha

Sharylaine – Livre no Mundo

Z’África Brasil – Antigamente Quilombos

Eduardo Taddeo – Depósito dos rejeitados

Amanda Negra Sim – Amor ao RAP:

Crioulo – Não Existe amor em SP

JUPI77ER e Dory Oliveira – Anarquia Plena

Black Alien – Chuck Berry

Edi Rock e Seu Jorge – That’s my way

RAP Plus Size – O Pano Rasga

Baco Exu do Blues – O Culto

Djonga – A Música da Mãe:

Karol Conka – Saudade:

Ricon Sapiência – Tem que tá veno

Flora Matos – Preta de Quebrada

Xamã – Catuaba Hit:

Quebrada Queer:

Drik Barbosa – Herança

Emicida – Boa Esperança

Rashid – Se tudo der errado amanhã

JUP do Bairro – O Corre

Mc Linn da Quebrada – Bixa Preta

Tássia Reis – Dollar Euro

Mc Soffia – Maravilhosa

4ª Etapa: Projeto Biografias – Página do Instagram ou Blog

Material: Celulares e/ou computadores, internet cabeada ou Wi-Fi
Duração: Permanente – Projeto que pode durar o bimestre, semestre ou ano.
Objetivo:
a) Divulgar personalidades, intelectuais e artistas negros;
b) Pesquisar sobre a história negra brasileira e a sua contribuição para a Arte e para a Ciência no Brasil;
c) Trabalhar a autoestima e o empoderamento dos estudantes negros e descendentes;
d) Ensinar o gênero biografia nas aulas de Língua Portuguesa.

Proposta de Dinâmica:

1) Selecionar com os estudantes alguns artistas e/ou intelectuais negros e brasileiros;
2) Dividir os estudantes em grupos ou em duplas e distribuir para cada um deles ao menos uma das personalidades em questão;
3) Pesquisar a vida, a obra e as razões para que essas sejam figuras proeminentes para divulgar sua história;
a) Se os estudantes escolherem fazer um blog, todas as pesquisas podem ser feitas concomitantemente, corrigidas e postadas, junto com o (a) professor (a), na sala de informática ou na própria sala de aula, usando os celulares;
b) Se os estudantes escolherem fazer uma página no Instagram, esse projeto pode ser feito semanalmente, com apenas alguns estudantes entregando as biografias, corrigindo e postando.

Algumas observações:

1) As biografias podem ser corrigidas uns pelos outros em grupos diferentes. Interessante trabalhar processos de reescrita, nos quais os estudantes podem refazer o texto até que ele fique adequado para as redes sociais, ou seja, a pesquisa pode ser grande, mas o texto não necessariamente.

2) Os estudantes podem se engajar nas publicações, enviando para outras pessoas ou entre eles.

Plano de aula elaborado pela Professora Mayra Mattar Moraes
Adaptação para o ensino remoto elaborada pela Prof.ª Dr.ª Nathalie Lousan

Materiais Relacionados

Livros e Textos

Democracia Racial – Site Brasil Escola

Como surgiu o Movimento Negro? – Site Politize!

ALMEIDA, Renato de Souza. Cultura e periferia em movimento. D’ANDREA, Tiaraju. Por que a periferia foi fazer arte?

ALONSO, Angela. O abolicionismo como movimento social. São Paulo: Revista Novos Estudos CEBRAP, nº 100 nov, 2014.

FERNANDES, Cláudio. Três grandes abolicionistas negros brasileiros. Site Brasil Escola

GILROY, Paul. O Atlântico Negro. São Paulo: Editora 34, 2012.

HALL, Stuart. Da diáspora – Identidades e Mediações Culturais. SOVIK, Liv. (org). São Paulo: Editora Humanitas, 2000.

NASCIMENTO, Abdias. O Genocídio do Negro Brasileiro – O processo de racismo mascarado. São Paulo: Editora Perspectiva, 2017.

NEVES, Daniel. Como ficou a vida dos ex-escravos após a Lei Áurea? Site Brasil Escola.

SANTOS, Ricardo Augusto dos. Os intelectuais eugenistas. Da abundância de nomes a escassez de investigação. Núcleo de Pesquisa Sobre Estado e Poder no Brasil.

SANTOS, Maria Aparecida da Costa. O Universo do Hip Hop e a Fúria dos Elementos. Tese de Doutorado. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2017.

SERAFIM, Jhonata Goulart. A (des) criminalização da cultura negra nos Códigos de 1890 e 1940. Revista Amicus Curiae. Vol. 06, nº 06, 2009.

SILVA, Joselina. A União dos Homens de Cor: aspectos do Movimento Negro dos anos 40 e 50.

SILVA, Juliana do Carmo. Cultura periférica, a voz da periferia. São Paulo: ECA/USP, 2013.

Filmes e Vídeos:

A Origem da Escravidão no Brasil – Canal Nerdologia

Rostos familiares, lugares inesperados: uma diáspora africana global – Canal ONU Brasil

Segundo Reinado: Abolição da Escravidão e Imigração – Canal Brasil Escola

Besouro – Filme Completo

Florestan Fernandes e a integração do negro na sociedade de classes – Canal Parabólica

O Crescimento das Cidades e a Periferização – Sala de Notícias – Canal Futura

Racismo e Ciência – Canal Brasil Escola

Entenda o mito da Democracia Racial

Videoaula – Lutas e Conquistas: Trajetória do Movimento Negro Brasileiro – Canal Ifes Cefor

Epopeias e Filosofias Negras #5 – A voz ativa da juventude preta: Hip Hop – Canas Psicologia Uneb

Break Dance Brasil Metrô São Bento 1993 – Parte 1

Quem somos nós? – Arte na Periferia por KL Jay

Outros Materiais:

Imprensa Negra Paulista – Periódicos de 1903 a 1963 – Acervo.

Teaser da Ocupação Abdias do Nascimento – Itaú Cultural.

Inventário dos Lugares de Memória do Tráfico Atlântico de Escravos e da História dos Africanos Escravizados no Brasil – Universidade Federal Fluminense.

Violência, pobreza, cultura e potência: A periferia e as tentativas de transformação da realidade. Entrevista especial com Tiarajú D’Andrea. Site do Instituto Humanitas Unisinos.

Miltão do MNU: Um pouco da História Não Oficial – Portal Geledés

Demos um rolê a pé para retomar a história do Hip Hop em SP

Orquestra Afro-Brasileira – Obaluayê! (1957) – Álbum Completo.

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