A educação física pode ser um momento valioso para a inclusão do aluno com deficiência no ambiente escolar, assim como uma oportunidade para apresentar aos demais estudantes conceitos sobre diversidade.

“Somos todos únicos e com características físicas, cognitivas, sociais e emocionais individuais. O professor da disciplina pode ressaltar que é possível o respeito, independente de dificuldades”, resume a professora de educação física especialista em inclusão da pessoa com deficiência (PCD), Kiki Faria.

Segundo a profissional, para preparar uma aula inclusiva, o docente deve ver a criança antes da sua deficiência. “Reconheça-a como uma pessoa que tem grandes potencialidades e algumas dificuldades, como qualquer um”, orienta.

Adaptações

As curiosidades dos colegas podem ser supridas com informações, conforme o grau de entendimento da turma e etapa de ensino trabalhada. “A valorização da diversidade humana e social e o conhecimento é a maior ferramenta para evitar o preconceito, em todas as etapas da vida”, garante a professora.

Os critérios para escolher os exercícios devem ser os mesmos usados com estudantes sem deficiência, como faixa etária, saúde, condicionamento físico e nível de interesse na proposta. Já a necessidade de adaptações pode variar de acordo com as características do aluno e da sua deficiência.

A seguir, confira cinco reportagens produzidas pelo Instituto Claro que compõem o Especial Educação Física Inclusiva, orientando e apontando melhores práticas para crianças e jovens com deficiência indicadas por profissionais de educação física escolar especializados em cada uma delas. As matérias abordam estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), cegos, cadeirantes, surdos e com síndrome de Down: 

Recursos visuais e linguagem corporal são importantes para aluno surdo na educação física
Mestre em educação e professora na rede municipal do Rio de Janeiro (RJ), Juliana Eiras explica que, uma vez que os alunos surdos possuem as mesmas capacidades motoras e cognitivas que os ouvintes, a adaptação ocorre na didática das aulas. “Ou seja, na forma como os exercícios serão explicados e demonstrados para a turma”, diferencia a pesquisadora. Atividades lúdicas, de socialização e corporais são bem-vindas. “Corpo e movimentos se tornam instrumento de mediação entre estudantes com e sem deficiência”, descreve. 

Na educação física, cadeira de rodas é vista como extensão do corpo do aluno com deficiência
As professoras com experiência em atividades motoras adaptadas, Ana Zélia Belo e Márcia Denise Ribeiro Paz, comentam a necessidade de estimular braços e troncos desses estudantes, além de entender a causa da limitação motora antes de planejar a aula. “Posso ter vários alunos em cadeiras de rodas, mas, sendo um amputado, outro com microcefalia, paralisia cerebral ou lesão medular”, reforça Belo. Por fim, compartilham dicas de esportes e como orientar os colegas de classe nessas interações. 

Vôlei e futebol podem ser adaptados para incluir aluno cego ou com baixa visão
Objetos maiores, sonoros e maior verbalização são recursos para incluir esse estudante na aula de educação física. Como o aluno cego depende muito da audição, vale sensibilizar a classe sobre o silenciar. “A verbalização por parte do professor é importante, como fazer pedidos claros, narrar o que está acontecendo, mostrar na voz e no corpo do alunos quais os movimentos que serão trabalhados naquela atividade”, afirma o pedagogo e pesquisador em cegueira e mobilidade, Ruy Antônio de Miranda.

– Educação física deve considerar menor força e equilíbrio do aluno com síndrome de Down
Atividades como corrida devem ser supervisionadas ou evitadas, pois podem sobrecarregar articulações e ligamentos do aluno com Down. “Use jogos e brincadeiras para ensinar regras sociais e culturais, ou seja, o que é aceito ou contraindicado no convívio com os colegas”, justifica o professor coordenador do curso de educação física e fisioterapia da Faculdade Pitágoras, de Guarapari (ES), Weber Gomes Ferreira.

Atividades cooperativas, sensoriais e artísticas podem ajudar a integrar aluno autista na educação física
O aluno com Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresenta dificuldades na comunicação, na interação social e restrição de interesses, em diferentes níveis de severidade. Pesquisador de formação escolar e comportamento motor de crianças dentro do espectro, Matheus Ramos da Cruz aponta a possibilidade de alterações na motricidade, como manipulação de objetos, reconhecimento espacial e movimentos repetitivos. Exercícios com texturas, teatro, dança, jogos cooperativos e que estimulem a autonomia são indicados.

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