Conteúdos

Este plano de aula discorre sobre a coroação do último e mais longevo imperador brasileiro, D. Pedro II. Além disso, busca refletir sobre a figura do imperador na narrativa histórica brasileira, por meio da análise das características de seu reinado.

● Coroação de D. Pedro II;
● Segundo Império brasileiro; e
● Memória e narrativa histórica.

Objetivos

● Compreender as características do Segundo Império no Brasil;
● Identificar os fatos marcantes que ocorreram durante o reinado de D. Pedro II; e
● Refletir sobre a figura de D. Pedro II na narrativa histórica brasileira.

Ensine também:

Período Joanino – a vinda da família real portuguesa para o Brasil

Cabanagem – revolta popular paraense durante o Império no Brasil

Palavras-chave:

D. Pedro II. Segundo Império. Memória.

Sugestão de aplicação para o ensino remoto:

As sugestões a seguir estão organizadas em tópicos, com uma breve explicação de cada recurso.

● Jitsi Meet: É um sistema de código aberto e gratuito, com o objetivo de permitir a criação e implementação de soluções seguras para videoconferências via Internet, com áudio, discagem, gravação e transmissão simultânea. Possui capacidade para até 200 pessoas, não há necessidade de criar uma conta, você poderá acessar por meio do seu navegador ou fazer o download do aplicativo usando um celular .
Trabalhando com essa ferramenta, é possível:
– Compartilhar sua área de trabalho, apresentações e arquivos;
– Convidar usuários para uma videoconferência, por meio de um URL simples e personalizado;
– Editar documentos simultaneamente, usando Etherpad (editor de texto on-line de código aberto);
– Trocar mensagens, por meio do bate-papo integrado;
– Visualizar automaticamente o orador ativo ou escolher manualmente o participante que deseja ver na tela; e
– Reproduzir um vídeo do YouTube para todos os participantes.

● Gravação de videoaula usando o Power Point: O PPT, já tão utilizado por nós professores para preparamos nossas aulas, também permite a gravação de uma narração para os slides, que tanto nos auxiliam na explanação dos conteúdos. É possível habilitar a função de vídeo enquanto grava, de forma que os alunos verão o professor em uma janelinha no canto direito da apresentação. Essa ferramenta é bem simples e eficaz (veja o guia).

● Envio de Podcast aos alunos: Podcast nada mais é do que um áudio gravado (como os gravados no WhatsApp, por exemplo). Podem ser utilizados para narrar uma história, para corrigir atividades, revisar ou aprofundar os conteúdos. Para tanto, sugiro o aplicativo Anchor, que pode ser baixado em seu celular, muito simples de utilizar.

● Plataforma Google Classroom: O Classroom permite que você crie uma sala de aula virtual. Esta ação irá gerar um código que será compartilhado com os alunos, para que acessem a sala. Neste ambiente virtual, o/a professor/a poderá criar postagens de avisos, textos, slides do PPT, conteúdos, links de vídeos, roteiros de estudos, atividades etc. É uma forma bem simples e eficaz de manter a comunicação com os alunos e postar as aulas gravadas, usando os recursos anteriormente mencionados. Confira outros recursos oferecidos pela Google, como a construção de formulários (Google Forms) para serem realizados pelos alunos.

Sugerimos aulas com até 30 minutos de duração. Além disso, nem toda aula precisa gerar uma atividade avaliativa, para não sobrecarregar os alunos. As aulas virtuais também podem ser úteis para correção de exercícios e plantões de dúvidas.

Previsão para aplicação:

3 aulas (30 min./aula)

Proposta de trabalho:

Para os conteúdos trazidos nas etapas 1 a 3, sugerimos o agendamento de 2 aulas on-line síncronas com os alunos, por meio da plataforma Jitsi Meet, organizando os conteúdos em slides e compartilhando-os com os alunos, bem como os vídeos sugeridos, fazendo uso do recurso do compartilhamento de tela do seu computador, disponível na plataforma sugerida. Conduza as aulas de forma leve e tranquila, estimulando a participação dos alunos, seja pelo chat da plataforma ou abrindo o microfone. A criação de uma sala da aula virtual, usando o recurso Google Classroom, também é um excelente caminho para o compartilhamento de materiais didáticos com os alunos, como os slides preparados por você e links dos vídeos sugeridos, e para realizar atividades em diferentes formatos.

1ª Etapa: Contextualização

Professor/a, esta etapa tem como objetivo introduzir o tema para os alunos.

Retome com os estudantes alguns conhecimentos prévios necessários para a compreensão deste conteúdo:
● O Brasil foi o único país no continente americano que, ao se tornar independente permaneceu em um regime monárquico;
● D. Pedro II foi o segundo imperador brasileiro, tendo assumido o trono depois de seu pai, D. Pedro I, deixar o Brasil para voltar a Portugal e disputar o trono de seu país, em 1831; e
● D. Pedro II tinha apenas 5 anos quando seu pai abdicou do trono brasileiro, razão pela qual o Brasil foi comandado por regentes (Período Regencial) por um período de 9 anos, até que D. Pedro assumiu o trono com apenas 15 anos, fazendo uso do chamado Golpe da Maioridade, apoiado pelos liberais.

Apresente aos estudantes as duas imagens a seguir e os auxilie na análise dos documentos.

A coroação de D. Pedro II aconteceu na Capela Imperial, na cidade do Rio de Janeiro, antiga capital do Império brasileiro, no dia 18 de julho de 1841. Analise os quadros em conjunto com os estudantes, destacando os elementos na pintura, como a figura do jovem D. Pedro II, coroado aos 16 anos, e depois já mais velho, ainda na posição de imperador. Questione os estudantes acerca das mudanças que eles percebem de uma foto para a outra. Você também pode conversar sobre como eles imaginam que foi para D. Pedro II tornar-se imperador aos 16 anos de idade.

Reflita com os estudantes sobre a relevância do Período Imperial, que durou de 1822 a 1889, sendo 48 deles sob o comando de D. Pedro II. Explique aos estudantes que foi um momento de revoltas populares e transformações políticas, sociais e econômicas importantes.

2ª Etapa: Problematização e aprofundamento

Professor, nesta etapa você deverá dar sequência ao estudo sobre o período com os estudantes. Para isso, sugerimos que aprofunde o contexto em que se desenvolveu o Império de D. Pedro II.

Contexto:

Os primeiros anos do reinado de D. Pedro II foram marcados pela estabilidade econômica alcançada pelos auges da produção e da exportação de café. Ao mesmo tempo, houve um impulso “modernizador”, influenciado pelos ventos da Revolução Industrial, que transformava a Europa na primeira metade do século XIX. Assim, o Rio de Janeiro, capital do Império, passaria por uma série de transformações, na tentativa de tornar-se mais urbano e mais moderno, atendendo aos desejos do Imperador Pedro II.
As estabilidades social e política foram sustentadas pelo cenário econômico. Na segunda metade do reinado de Pedro II, com a crise do café, o Brasil experimentou um período de revoltas populares e insatisfação generalizada com o Império.

Contexto político

Durante o Segundo Reinado, estava em vigor a Constituição de 1824, apelidada de “Constituição da Mandioca”, por determinar um mínimo de terras em que fosse plantada mandioca para que um homem pudesse participar da vida política. Sendo assim, as instâncias de poder político permaneceram concentradas nas mãos da elite rural brasileira.

Dois partidos dividiam as cadeiras na Câmara: conservadores e liberais. Até 1850, havia diversos conflitos entre liberais e conservadores, disputando cargos políticos no império brasileiro. Para estabilizar a situação de revoltas liberais, D. Pedro II criou um parlamentarismo às avessas, em que havia a inversão da ordem parlamentar usual, segundo a qual o “rei reina, mas não governa”. O Poder Moderador foi responsável por concentrar o poder nas mãos do Imperador que, dentre outras coisas, detinha um amplo poder de veto. Assim, D. Pedro II manteve um equilíbrio entre as cadeiras de liberais e conservadores no parlamento, controlando e concentrando poderes em sua figura.

A questão da escravidão

Durante os anos de reinado de Pedro II, a escravidão foi a principal força de trabalho adotada, tanto no campo, nas produções de café e de outras culturas agrícolas menores, quanto nas cidades, com escravos que cumpriam as mais diversas funções. A escravidão no Brasil é um dos principais debates levantados quando se fala sobre o Império de D. Pedro II. O Brasil foi o último país do continente americano a abolir a escravidão, o que ocorreu no ano de 1888. A República é declarada um ano depois, em 1889, por meio de um golpe militar que acaba com o Império de D. Pedro II.
A abolição da escravidão ocorreu no Brasil como resultado de um processo de luta popular de escravizados, negros livres e simpatizantes da causa abolicionista, que pressionaram o Império para que ela acontecesse. Já nos anos 80 do século XIX, a quantidade de negros livres no Brasil era quase equivalente à de escravizados, e as revoltas e fugas passaram a ocorrer em massa, colaborando para a formação de quilombos urbanos e comunidades negras, que foram essenciais para que a abolição de fato acontecesse.

O fim da escravidão ampliou a crise em que já se encontrava o Segundo Império. Isso porque os latifundiários, que exploravam largamente a mão de obra escrava, deixaram de apoiar o Imperador após o fim do escravismo. Ainda que a escravidão tenha sido abolida em 1888, muitas fazendas mantiveram o trabalho escravo por longos anos, após a assinatura da Lei Áurea. Mesmo com o fim da escravidão, não houve nenhum tipo de reparação pelos anos de escravismo no País, nem políticas de inserção dos negros na sociedade – que até então lhes era negada. Ao contrário, foram criadas leis que incentivavam o encarceramento, proibiam práticas culturais e religiosas de origem africana e segregavam ainda mais o negro e os não-brancos do restante da sociedade.

Crise e fim do Império

O fim do sistema escravista no Brasil foi um dos fatores que agravaram a crise no Império de D. Pedro II, que já se encontrava abalado desde o fim da Guerra do Paraguai, em 1870. A guerra, que teve duração de 6 anos, tornou-se um evento caro para os cofres brasileiros, além de ter levado à morte de milhares de soldados brasileiros, muitos deles escravos a quem foi prometida como recompensa a alforria. A guerra perpetrou um genocídio ao povo paraguaio, tendo sido o maior conflito armado já ocorrido na América Latina, que deixou cerca de 440.000 mortos.

Associado a isso, a crise do café, os conflitos com a Igreja e a ascensão de ideais republicanos, o Império de D. Pedro II enfrentou uma longa crise, que levou à sua queda em novembro de 1889.

Ao longo da exposição, explique aos estudantes que o período de reinado de D. Pedro II durou 48 anos, tendo sido ele o governante brasileiro que ocupou por mais tempo essa posição. Converse com os estudantes acerca das transformações que o País passou em quase meio século, com consequentes mudanças no governo de D. Pedro II, que se transformou de acordo com as mudanças que ocorreram tanto localmente quanto mundialmente.

3ª Etapa: Sintetização

Professor/a, nesta etapa os/as alunos/as deverão desenvolver uma atividade que sintetize os conhecimentos adquiridos durante a aula. Abaixo apresentamos algumas sugestões:

Reflexão – Nos tempos do Imperador (novela)

Solicite que os estudantes assistam à chamada da novela “Nos tempos do imperador”, em exibição na Rede Globo.
Acesso em: 18 de agosto de 2021.

Após o vídeo, peça que os alunos leiam os trechos selecionados a seguir:

“Tendo o Poder Moderador em suas mãos – que lhe dava a primazia do veto em várias instâncias – e contando com uma elite bastante homogênea, apesar de dividida entre dois partidos, D. Pedro II cada vez mais reinava e governava.”
SCHWARCZ, Lilia M. STARLING, Heloísa M. Brasil: uma biografia. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 281.

“Não se engane, entretanto, que o Rio de Janeiro era Paris e o Recife tinha a cara de Londres. As cidades eram ilhas contadas, cercadas pelo ambiente rural, sendo a escravidão onipresente. No triste conto “Pai contra a mãe”, Machado de Assis relembra que “a escravidão levou consigo ofícios e aparelhos”. A máscara, o ferro do pescoço e a triste profissão daqueles que viviam de prender escravos fugidos, noticiados em anúncios de fuga que apareciam cotidianamente nos jornais.”
SCHWARCZ, Lilia M. STARLING, Heloísa M. Brasil: uma biografia. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 278.

O vídeo de chamada da novela “Nos tempos do imperador” apresenta uma determinada narrativa histórica, que diverge, em alguns pontos, dos trechos do livro “Brasil: uma biografia”. Na novela, D. Pedro II aparece como governante abolicionista, entretanto, impedido de tomar decisões que levassem ao fim da escravidão, devido aos poderes do parlamento brasileiro.

A partir da leitura do primeiro trecho e do conhecimento sobre o Poder Moderador, é possível afirmar que D. Pedro II não possuía poderes para influenciar no processo de abolição no Brasil? Segundo o que aprendemos, quando e como se deu esse processo no Brasil? Quais foram as suas consequências? Escreva um texto síntese, de no máximo 10 linhas, discorrendo sobre a questão da escravidão no Brasil durante o Império de D. Pedro II.

Referências:

● SCHWARCZ, Lilia M. STARLING, Heloísa M. Brasil: uma biografia. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

● CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. 3ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.

● COSTA, Emilia Viotti da. A abolição da escravidão. 1ª ed. São Paulo: Global, 1982.

● SANTOS, Ynaê Lopes dos. Além da senzala: arranjos escravos de moradia no Rio de Janeiro (1808-1850). 1ª Ed. São Paulo: Hucitec, 2010.

Plano de aula elaborado pela professora Júlia Bittencourt
Adaptação para o ensino remoto elaborada pela prof.ª Dr.ª Nathalie Lousan
Coordenação pedagógica: prof.ª Dr.ª Aline Bitencourt Monge

Materiais Relacionados

● Chamada à novela “Nos tempos do imperador”
Acesso em: 19 de outubro de 2021.

● Brasil: uma biografia – versão para professores
Acesso em: 19 de outubro de 2021.

Tags relacionadas