Conteúdos

O presente plano de aula traz uma proposta de leitura e escrita a partir das fábulas, gênero textual que faz parte da cultura popular e é conhecido pelas histórias curtas com aspecto lúdico. As narrativas convidam o leitor a identificar comportamentos humanos, reproduzidos pelos animais que protagonizam a maioria das fábulas. Para o 1º ao 5º ano do ensino fundamental, a BNCC prevê o trabalho a partir do “Campo artístico-literário – Campo de atuação relativo à participação em situações de leitura, fruição e produção de textos literários e artísticos, representativos da diversidade cultural e linguística, que favoreçam experiências estéticas. Alguns gêneros deste campo: lendas, mitos, fábulas, contos, crônicas, canções, poemas, poemas visuais, cordéis, quadrinhos, tirinhas, charge/ cartum, dentre outros”.

  • Leitura e compreensão;
  • Localização de informações explícitas; e
  • Reescrita de fábulas.

Objetivos

  • Conhecer e ampliar o repertório de fábulas;
  • Ler e compreender as fábulas;
  • Compreender as características das fábulas; e
  • Reescrever fábulas.

Palavras-chave:

Fábulas. Leitura. Compreensão textual. Escrita. Reescrita.

Ano:

3º ao 5º ano do ensino fundamental I (anos iniciais).

Previsão para aplicação:

5 aulas (50 min/aula). 

Proposta de trabalho:

O trabalho a partir de textos escolhidos por gêneros textuais favorece o aprofundamento dos conhecimentos literários e contextualiza a função social da escrita. Para que os estudantes se apropriem da leitura e da escrita, é preciso promover situações didáticas que possibilitem ampliar o repertório literário, fazer análise de obras, pensar na organização dos textos e conhecer as características de determinados gêneros. Neste plano de aula, a proposta é a leitura e a escrita de fábulas, e para isso será necessário oferecer leituras, comparar textos, trocar ideias com os colegas e realizar produções em pares. 

As fábulas são textos narrativos que fazem parte da cultura popular e têm características específicas: texto curto com a intenção de apresentar um ensinamento (moral) e os personagens normalmente são animais com comportamentos humanos. Segundo Duarte (2013), “longe de pertencer ao universo infantil, na antiguidade o gênero fabular dizia respeito a toda sociedade, constituindo um meio importante de transmissão dos valores do grupo. Fortemente enraizado na cultura popular, faz companhia aos provérbios e máximas, formas por excelência didáticas e que se prestam como exemplo quando inseridas em obras de escopo mais amplo. Vale lembrar aqui que, na definição de Théon de Alexandria (I d.C.), a fábula é uma história ficcional que representa uma verdade” (p. 10).

1ª Etapa: Repertoriar

O primeiro passo será levantar os conhecimentos da turma sobre o assunto, então inicie a aula perguntando o que são fábulas e quais fábulas os alunos conhecem. É importante ouvir os/as estudantes e incentivar a participação de todos.

Depois dessa primeira conversa, faça uma contextualização, expondo informações sobre como surgiram as fábulas e os principais autores, como Esopo, La Fontaine e Fedro.

Em seguida, façam a leitura de algumas fábulas (há algumas neste material do Programa Ler e Escrever: Livro de Textos do Aluno). Acesso em: 23 de abril de 2023.

Depois de cada leitura, faça perguntas que ajudem na compreensão dos textos, e possibilitem o diálogo entre a turma, permitindo que cada um fale sobre o que entendeu, o que achou da atitude dos personagens e sua compreensão sobre a moral da história. 

Ao final das leituras, questione a turma sobre as características das fábulas lidas e registre na lousa ou em um painel que fique exposto na sala de aula.

2ª Etapa: Comparar versões e compreender as fábulas

Leiam versões de uma mesma fábula (entregar cópia dos textos – um de cada vez – para que os/as estudantes acompanhem a leitura):

TEXTO 1 – A cigarra e as formigas

Num belo dia de inverno as formigas estavam tendo o maior trabalho para secar suas reservas de trigo. Depois de uma chuvarada, os grãos ficaram completamente molhados. De repente, apareceu uma cigarra:

— Por favor, formiguinhas, me dêem um pouco de trigo! Estou com uma fome danada, acho que vou morrer.

As formigas pararam de trabalhar, coisa que era contra os princípios delas, e perguntaram:

— Mas por quê? O que você fez durante o verão? Por acaso não se lembrou de guardar comida para o inverno?

— Para falar a verdade, não tive tempo — respondeu a cigarra. — Passei o verão cantando!

— Bom. Se você passou o verão cantando, que tal passar o inverno dançando? — disseram as formigas, e voltaram para o trabalho dando risada.

ALFABETIZAÇÃO. Livro do aluno/ Ana Rosa Abreu et al. Brasília: FUNDESCOLA/SEF. MEC, 2000.

Dialogue com a turma, a partir de questionamentos como:

  • Vocês já conheciam essa fábula?
  • O que acharam da atitude das formigas?
  • O que acharam do comportamento da cigarra?
  • Qual moral caberia para essa fábula? – enquanto os/as estudantes falam, o/a docente registra as possibilidades na lousa.

TEXTO 2 – A cigarra e as formigas

Era inverno e as formigas estavam secando o trigo encharcado, quando uma cigarra faminta lhes pediu alimento. As formigas lhe disseram: “Por que, no verão, você também não recolheu alimento?”. E ela: “Mas eu não fiquei à toa! Ao contrário, eu cantava canções melodiosas!”. Elas tornaram a rir: “Mas se você flauteava no verão, dance no inverno!”.

Moral: Não devemos descuidar de nenhuma tarefa, para não padecer aflições nem correr riscos.

DUARTE, Adriane. Esopo – fábulas completas. São Paulo: Cosac Naify, 2013.

Dialogue com a turma, a partir de questionamentos como:

  • Há diferença entre o texto 1 e 2? Qual?
  • A moral dessa fábula de Esopo se assemelha às morais pensadas e registradas na lousa anteriormente?

TEXTO 3 – A cigarra e a formiga (A formiga boa)

Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar ao pé do formigueiro. Só parava quando cansadinha; e seu divertimento era observar as formigas na eterna faina de abastecer as tulhas.

Mas o bom tempo afinal passou e vieram as chuvas. Os animais todos, arrepiados, passavam o dia cochilando nas tocas.

A pobre cigarra, sem abrigo em seu galhinho seco e metida em grandes apuros, deliberou socorrer-se de alguém.

Manquitolando, com uma asa a arrastar, lá se dirigiu para o formigueiro. Bateu – tique, tique, tique…

Aparece uma formiga friorenta, embrulhada num xalinho de paina.

– Que quer? – perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a tossir.

– Venho em busca de agasalho. O mau tempo não cessa e eu…

A formiga olhou-a de alto a baixo.

– E que fez durante o bom tempo que não construiu a sua casa?

A pobre cigarra, toda tremendo, respondeu depois dum acesso de tosse. 

– Eu cantava, bem sabe…

– Ah!… exclamou a formiga recordando-se. Era você então que cantava nessa árvore enquanto nós labutávamos para encher as tulhas?

– Isso mesmo, era eu…

Pois entre, amiguinha! Nunca poderemos esquecer as boas horas que sua cantoria nos proporcionou. Aquele chiado nos distraía e aliviava o trabalho. Dizíamos sempre: que felicidade ter como vizinha tão gentil cantora! Entre, amiga, que aqui terá cama e mesa durante todo o mau tempo.

A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou a ser a alegre cantora dos dias de sol.

LOBATO, Monteiro. “Fábulas”. São Paulo: Brasiliense, 1995.

Dialogue com a turma, a partir de questionamentos como:

  • Quais as semelhanças e as diferenças entre essa versão (texto 3) e as anteriores (textos 1 e 2)?
  • O que acharam da atitude das formigas?
  • De qual versão você mais gostou e por quê?
  • Que moral poderia ser escrita para essa fábula da formiga boa?

Incentive a participação de todos, verificando se houve compreensão dos textos.

3ª Etapa: Reescrever fábula coletivamente

Depois de terem participado de todo esse processo de leitura, análise e comparação de fábulas, escolha com a turma a fábula de que mais gostaram e promovam o reconto coletivo, para relembrar os detalhes da história. Enquanto os alunos recontam a história, o/a docente se coloca como escriba na lousa, fazendo a reescrita coletiva. Assim que o texto estiver pronto, realizem a revisão em conjunto, para fazer os ajustes necessários.

4ª Etapa: Reescrever e revisar fábula em duplas

A última etapa será a reescrita em duplas. É importante agrupar estudantes com saberes diferentes, para que possam trocar ideias e aprender um com o outro.

Antes de começar a reescrita, relembrem quais são as características das fábulas e o que não pode faltar nessa produção. Explique que:

– Cada dupla escolherá a fábula de que mais gostou;

– Cada dupla escolherá quem vai escrever e quem vai ditar;

– Assim que todos terminarem, as duplas trocarão sua produção com outra dupla, para que seja feita a revisão pelos colegas;

– Cada dupla receberá um bloco de papel colorido autoadesivo, para escrever recados sobre aspectos que precisam de revisão no texto;

– Cada dupla devolverá a folha da produção com seus comentários, para que a revisão seja realizada; e

– Depois que todos os textos estiverem prontos, ficarão expostos na sala de aula, para que possam ser lidos por todos/as os/as colegas.

Materiais Relacionados

Para saber mais sobre fábulas:

Referências:

  • DUARTE, Adriane. Esopo – fábulas completas. São Paulo: Cosac Naify, 2013.
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